28. Só vejo Você

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—Oi princesa...

—Ta aonde?

—Aqui com você...

—Aqui agora. E quanto ao futuro??

—She...

—Responda por favor, aos pouquinhos estamos conversando.
Sheilla beijou Mari com carinho. Mari retribuiu ainda centrada no violão.

Falar o que Sheilla? Eu senti tanta dor.
Eu tenho medo de sofrer de novo...

As dores sentidas, das palavras não ditas.
Mari não falou de sua dor e medo.

A loira olhou a morena. Ainda que confusa, ela responderia.

—Aqui e agora Sheilla. O amanhã eu não sei, não sabemos. E o passado, bom, sem palavras! me entende?

—Entendi sim. Me deixará tentar construir um caminho novo para nós duas? Se você achar que o meu amor precisa ser novo também, eu tento te conquistar de novo. Do zero.
—Sheilla beijou Mari devagar, apaixonada.

—Acho que não é um bom momento para firmar promessas Sheilla.

—Como assim Mar?

—Você conhece a natureza jurídica do seu casamento She? —Mari recentemente tinha passado a conhecer algumas coisas.

—Sim! Quer dizer, eu acho, sei lá.

—Não, não conhece. Olha Sheilla, Eu nunca pedirei que deixe seu casamento. Entrou nele sozinha.—Sheilla engoliu em seco.
—Por favor, não condicione suas decisões a nada que envolva minha pessoa. Não pense que é simples como se uma troca de casa, de cama. Desse lado de fora das redes sociais a VIDA É REAL e ela é difícil She.

Mari era doce e meiga enquanto dizia. Segurou o queixo de Sheilla e deu um suave beijo.

—Você não é mais a jovem Sheilla e nem eu a jovem Mari, como já te disse. Tem um hiato imenso em nossos caminhos She. Éramos uma só. Hoje há diferentes caminhos e planos bifurcados para nós. E eu olho, olho e não consigo ver um palmo adiante sobre a gente.

—Tudo bem não sermos as mesmas Mar. Tem coisas positivas nisso...Eu era louca. —Sheilla falou convicta.
—Há um hiato que eu quero fechar Marianne, se você deixar.
Mari, e se após a Olimpíada, a gente ficar a próxima temporada fora, na Itália, ou onde você quiser meu solzinho só nós duas. O que acha? Fomos, e estamos tão felizes fora do Brasil. Pensei que podia dar certo. Descansar, recomeçar. Longe de tudo.

Marianne não quis tocar mais no assunto jurídico do casamento de Sheilla com medo de expor a si própria e à sua fonte. Mas tinha dado um toque.

—Minha prioridade absoluta agora é a minha mãe, She. Nesse restante de temporada, ficarei com ela. Talvez eu feche com algum clube perto dela depois.

Fora do Brasil não sei se jogo mais, por mamãe também. Paraplégica, idosa e Viúva precisando de mim por perto.
Tem sido uma decisão tão difícil, abrir mão do vôlei internacional sabe, mas perdi meu pai e isso pesou muito. Mas, é certo que eu também quero viajar pelo mundo, descansar, conhecer países sem aquilo de apenas de clubes, ginásios para hotéis como sempre foi.
E não teria companhia melhor que a sua She. Mas eu não posso de me iludir a seu respeito...de novo. Então, Não sei o que dizer diante de tudo.

Era o mais franco desabafo que Mari conseguia verbalizar sem mexer nas antigas feridas que talvez a levassem a magoar Sheilla profundamente colocando para fora suas mágoas.
Sheilla olha Mari calada. Mari a considerava uma desilusão. E ela foi sim. Quase chorou. Mas julgou que nem esse direito tinha.

Between Us - SHARIWhere stories live. Discover now