Capítulo 33

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    Milo Giordani 

      Isabel dormia tranquilamente enquanto o meu cérebro fervilha com uma e-mail recebido há alguns segundos. O destinatário não se identificava, como previsto. Ele afirmava num curto texto que sabia do paradeiro do nosso progenitor, porém para ceder tal informação o seu preço era alto. Facundo estava desaparecido há meses, o hijo de la grandíssima puta era especialista em não deixar rastros por onde quer que passasse quando queria. Sabia que Facundo planeava algo grande contra a nossa família, contra os meus irmãos, minha mulher, filhas e Ângelo. Teria que encontrá-lo o mais rápido possível e evitar que machucasse os meus. Facundo já havia danificado os seus quatro filhos o mais profundo que poderia, não permitiria que ele tocasse em nenhum Giordani outra vez.

Caminhava para o escritório quando ouvi passos no corredor principal, adentrei no compartimento em silêncio, ele acompanhou-me.

— Tranquilo, hombre. Sou eu. — Esli ergueu as mãos a demonstrar que não carregava nada entre elas. Ainda não confiava neste homem, mesmo ele apresentando provas que não magoaria Isabel.

— Quem lhe recrutou, Esli?

Meu ex-melhor integrante sorriu como desdém.

— Sua desconfiança continua a ser primordial na sua vida, pelo que vejo.

— És rato traidor, sumistes e voltaste com um filho do Castel. O garoto não fala com ninguém, solamente contigo. Não achas isto muito propício para uma boa redenção, para que possas acreditar em ti e foderes com o Cartel no futuro ao ter minha confiança de volta?

Esli colocou as mãos no bolso e retirou dois Marlboro, ofereceu-me um.

— Como nos velhos tempo, aceite, chefe. — Sem as lentes de contatos, os olhos verdes de Esli lembravam imenso o olhar marcado de Isabel.

    Aceitei o cigarro a espreitar Esli oferecer-me o Zippo. A chama alaranjada acendeu vivamente quando traguei o cigarro profundamente, desde que Isabel anunciara a gravidez havia deixado de lado o cigarro e consequentemente o charuto.

— Não fui recrutado por ninguém, Milo. Estou sozinho. Não há MC, gangue, máfia, o caralho a quatro. Estou sozinha nesta mierda. — Tragou o cigarro com o olhar a distância. — Lutei imenso tempo com o meu instinto protetor, queria levar Isabel comigo quando fui embora. Queria protegê-la, dá-lhe aquilo que nos foi roubado por nossos pais. Isabel merecia o mundo, o cielo e a porra de todo o reconhecimento pelo dom que possuí. Ambicionava vê-la a sorrir e desfrutar do melhor que este puto mundo há para oferecer. Tengo ganas de estar ao seu lado, de apoiá-la quando suas niñas nascerem. Quero certificar-me que ela sempre estará em segurança, mas preciso admitir que Isabel está no melhor lugar que poderia estar. Cabrón, confessar isto levar tudo de mim. Todavia, esta é a porra da verdade. Joder, Milo! Espero que cuides dela como ela merece ser cuidada, tío.

Ele se afastou a expelir uma longa nuvem de fumo.

— Esli?

O 'hacker' parou de súbito.

— Ratos costumam morrer a primeiro quando apanhados em atos de traição. Ainda respiras, pois não?

Trocámos um intenso olhar inquietador.

— Não me fio de ti, Esli. — Declarei pausadamente. — Contudo, por Isabel tentarei não enfiar a porra da minha adaga no teu maldito coração.

— Agradeço imensamente este ato altruísta, Milo. — Sarcasmo emanava dele ao realizar um movimento em vénia.— Já agora, julgo que gostarias de saber. — Um ar de soberania crescia no seu olhar. — A agente Choi deixou um presente adiantado no julgamento.

Em Córdoba não há flores - Filhos Do Cartel Do Sul 1 Where stories live. Discover now