Capítulo 28

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 Isabel García

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 Isabel García

Minhas mãos estavam manchadas de sangue. Um grito estridente ficou preso na minha garganta ao observar as gotas carmesins que deslizavam pelo interior das minhas pernas. Estava a perder meus bebês. Não  conseguia me mover, inspirei uma fragrância profunda de fumo e terra molhada. Tentei abrir a boca e implorar ajuda, ninguém me ouvia. Areia foi jogada dentro da cova na qual estava imobilizada, olhei uma última vez para o céu impiedosamente negro que desabava numa chuva torrencial. Haviam dois homens no cimo da cova, uma deles era sangue do meu sangue e o outro aquele que sangrou por mim num juramento de sangue.

Olhos verdes me fitavam em agonia.

Olhos em tempestades clamavam por meu perdão.

Tentei chegar até eles, tudo que conseguia ver era sangue.

— Como te sentes, senhorita García? — Sobressaltei com a voz suave em meio a minha tormenta. Estava cansada emocionalmente, fisicamente. Acabei por adormecer de exaustão.

Meus batimentos acelerados no peito resultara do pesadelo tão vivido. Respirei o ar seco do quarto hospitalar a tentar persuadir o meu coração a acreditar que tudo ficaria bem.

— Bem, muito obrigada.

Esta não era bem a verdade, porém sorri para uma das enfermeiras do turno da tarde que me acompanhava desde o dia anterior. Ela abriu a porta, logo apercebi-me de um vulto a passar de um lado para outro no corredor. A enfermeira Barbosa alertou-me sobre a presença de alguns integrantes do Cartel que estavam a "guardar" a minha estadia no hospital privado. Decifrei a silhueta, Gloria repousou a mão no ventre enquanto caminhava aflita em frente ao quarto hospitalar.

— Ela está aqui há muito tempo?

A enfermeira voltou a cerrar a porta de toda satisfeita por minha curiosidade.

— Ela foi embora ao anoitecer na noite passada, regressou hoje cedo e se juntou ao esposo e o senhor Giordani.

A menção do último sobrenome fez meus batimentos acelerarem de súbito.

— Quero vê-la, apenas ela.

Passados dois minutos, Gloria adentrou no quarto. De imediato me senti acolhida quando, sem pedir permissão, os seus braços rodearam-me. Ela envolveu-me num longo abraço materno, eu não sabia o quanto precisava daquele abraço até aquele momento.

— Lo siento, Isabel. — Gloria ditou com uma nota de lágrimas na sua voz.

Meu coração apertou ao vê-la naquele estado.

— Gloria, não perdi o bebê. — Confessei, não conseguiria mentir ao olhar nos seus olhos cheios de preocupação. — Só peço que por favor, não menciones nada ao Milo.

— Cariño, esta uma notícia tão maravilhosa. — Gloria voltou a me abraçar, desta vez pensei que ela jamais me soltaria. Quando tornou a soltar-me, seu olhar possuía um pouco mais de ansiedade. — Não seria a advogada de defesa do Milo. Sabes bem a minha opinião quanto a isto, mas respeito-lhe. Tens a minha promessa que não contarei nada até o momento que achares oportuno. — Pousou a mão sobre a minha, gentilmente. — Esta informação mudaria tudo, entretanto.

Em Córdoba não há flores - Filhos Do Cartel Do Sul 1 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora