Milo Giordani, Há doze anos

30 9 0
                                    


- Não quero voltar para casa esta noite. - Isabel comunicou a ouvir o pio das corujas. - Não vou deixar você sozinho aqui.

- Estou bem, Isabel.

- Não, não estás. - Apontou para meu olho fechado, resultado carinhoso da união do punho de Facundo contra o meu rosto. - Quem fez isto contigo?

- Ninguém. Já lhe disse que bati com a cabeça numa estante de livros.

Seus olhos verdes me julgaram com raiva.

- Não acredito em ti.

Deitei sobre a relva a usar um dos casacos como travesseiro. Isabel acompanhou os meus movimentos a suspirar.

- Seu pai é mau. Foi ele quem te bateu?

Silêncio.

- Precisa denunciá-lo a polícia. Eles cuidarão de si.

Abanei a cabeça com a menção da organização que jamais me defenderia, do contrário eles fariam de tudo para tornar a minha vida num inferno.

- Estou bem. Isabel.

Ela deitou ao meu lado a espreitar o céu. O barulho da noite envolveu-nos como uma coberta quente e confortável. Tão logo senti a mão de Isabel sob o meu coração.

Meu corpo estava todo dolorido com a surra que levara do Facundo, mas aquele pequeno toque reabasteceu as minhas forças. Isabel me olhou com pena e dor, queria retirar aqueles sentimentos do seu olhar.

- Durma, Isabel. - Sussurrei. - Estou aqui.

Ela sorriu com os olhos em lágrimas.

Em Córdoba não há flores - Filhos Do Cartel Do Sul 1 Where stories live. Discover now