Milo Giordani - Há doze anos

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Córdoba, há doze anos

Milo Giordani

    Gemidos altos percorriam através do monitor de uma televisão de quarenta e duas polegadas

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    Gemidos altos percorriam através do monitor de uma televisão de quarenta e duas polegadas. Castel estava ao meu lado a assistir com um fascínio resoluto a pornografia amadora.

Desde os meus seis anos o irmão de Facundo trazia-me a este porão imundo onde se masturbava a assistir mulheres a serem violadas. Odiava cada segundo passando neste buraco pestilento, fétido.

— Porra! — Castel esbravejou enquanto um homem uniformizado de médico se movia contra uma mulher vestida de enfermeira. Ele manobrava as mãos sobre o caralho do seu pau, compulsivamente. Em momentos como este a vontade de cortar a porra do seu membro se movia com numa adrenalina poderosa por meu corpo, no entanto, ainda estava aguardar pela hora certa. — Milo. — Tentou se aproximar do meu corpo, contudo já não era o pobre garoto de seis anos que ele tocou sem permissão. Pousei a mão em meu coldre a denunciar que usaria a Glock18C contra o seu maldito coração. — Garoto, use as mãos. Seja um homem e goze, carajo!

Dei dois passos bem calculados em direção a Castel, dirigi a arma contra a sua cabeça.

— Esta é a última vez que me traz a este lugar desprezível. Se tentares me tocar mais uma vez, explodirei os seus malditos miolos de mierda, Castel. — Aconselhei a segurar a vontade de apertar o gatilho. — Ainda não lhe matei devido à abuela. Ela não merece saber que um dos seus filhos é um maldito pedófilo do caralho que gosta de assistir vídeos de violação na tentativa de levantar o pau que nem todo o Viagra do mundo o faria ficar ereto. — Exagerava, porém, gostava de incutir medo. Principalmente quando este era o verme nomeado por Castel.

Corri em direção as escadas que levava para fora daquela caverna mal cheirosa, impregnada de perversidade.

De dentro de um dos bolsos do meu casaco jeans retirei um dos maços de cigarro da abuela, ela já não os fumava como dantes. Porém, ainda possuía uma coleção admirável de Marlboro.

Acendi a ponta do cigarro a observar a chama arder no isqueiro que segurava com força contra os lábios. A primeira tragada deixou-me completamente tonto, lágrimas subiram-me aos olhos, cuspi o gosto estranho agora muito presente no interior da minha boca. Numa nova tentativa, inalei com uma pouco mais de suavidade, desta vez deixei o fumo ser evocado por minha boca ao invés do nariz como a abuela costumava fazer.

— Fumas? — Decepção estava por toda a voz de Isabel.

Não houve uma resposta.

Isabel sentou num tronco recém cortado, suas pernas cruzaram uma sob a outra. Ela ficou em silêncio enquanto eu tragava um cigarro após o outro.

Passados quarenta minutos de entorpecimento retirei um dos canivetes de Timo do coldre axilar. Começaria a treinar Isabel hoje. Claramente, a paciência de Facundo era dissipada.

Em Córdoba não há flores - Filhos Do Cartel Do Sul 1 Where stories live. Discover now