Capítulo 25

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Isabel García

Jeremey planava no cômodo de pintura.

Gotas verdes, vermelhas, amarelas e cor-de-rosa ponteavam os meus braços, pontas dos dedos e até mesmo salpicavam o meu rosto. Estava sozinha com a minha tela, pincéis. A definição da perfeição estava diante dos meus olhos.

A tela em branca estava polvilhada por cores vivas, uma bela confusão de tons.

Haviam se passado dois dias desde que Milo desaparecera, não tinha nenhuma informação sobre ele. Durante o pequeno-almoço desta manhã, perguntei a Lua se ela sabia algo sobre o irmão, a resposta foi negativa. Embora não demonstrasse, Lua parecia preocupada com a falta de comunicação com o irmão mais velho, todavia ela confirmou com um sorriso que tinha a certeza que Milo estava bem, eu não tinha esta certeza.

Tentei dissipar os pensamentos ruins sobre o silêncio sobre sua viagem misteriosa enquanto tentava pintar, cantarolei Jeremy enquanto pétalas de rosas surgiam na tela.

- Isabel, já está quase na hora da cerimônia. - Lua disse ao entrar na sala de pintura. - Separei um dos meus vestidos para ti, se não gostares há outros a sua disposição. - Ela sorriu e vi nascer uma breve semelhança com Milo.

- Obrigada, Lua.

Terminei de limpar os pincéis e ajustar a nova pintura em uma das paredes antes sem nenhuma decoração, quando saí do quarto de pintura soltei uma respiração profunda.

Onde estás, Milo?

☠️

O jardim principal que ficava ao redor das mansões dos Giordani abrigavam poucos bancos, um longo tapete vermelho levaria os noivo até um simples altar feito com arcos de flores brancas. Nunca havia participado de uma cerimônia como aquela, a união de Dario e Saz foi "abençoada" por Esteban. Um breve discurso foi realizado e de seguida os votos foram firmados. O leve sorriso que adornava o rosto de Saz apenas confirmava que este seria um dia inesquecível da sua vida. Quando Esteban indicou que o noivo poderia beijar a noiva, uma lágrima escorreu pelo rosto de Gloria que segurava um Leon adormecido, sua pequena Maia estava entretida com um urso em seu carro aquecido por uma manta de inverno. Gloria sorriu para mim quando notou que tinha a atenção em si e em sua filha. Em todo a minha vida, julguei que momentos como estes não existiam no mundo governado por Milo Giordani, estava enganada. Este grupo de pessoas tinham os seus momentos de dores e alegria como todas as outras.

Desviei a atenção quando aplausos tomaram todo o jardim, meu coração saltou pela boca quando o vi do outro lado do jardim, Milo estava inteiramente vestido de negro. Seu olhar decaiu por meu vestido da cor do seu terno britânico, seus olhos azuis eram frios e insípidos. Dei um passo para correr em sua direção, mas parei de súbito. Aquele olhar cruel, sem vida. Meu coração acelerou ao perceber que estava diante de outro homem. Ele desviou o olhar do meu, voltando a atenção para aquilo que Esteban anunciava para o casal.

- Alma, coração e sangue. - Dario recitou ao beijar os lábios de Saz que ainda chorava.

Novamente o procurei pela multidão.

Felipe estava no poder, eu não sabia ao certo como me aproximar daquele homem que não conhecia. Transferi a minha linha de visão para o lugar onde ele estava há segundos, o lugar estava vazio. Meu olhar procurou por ele em cada pormenor daquele jardim, todos os convidados pertenciam ao círculo do Cartel do Sul, a festa decorria tranquilamente. Felipe não estava por perto. Os noivos dançavam envoltos de outros casais, aceitei uma taça de vinho e caminhei para uma área mais tranquila do jardim. Aproximei-me de uma Lua que observava Esli com intensidade.

- Vocês formariam um belo casal. - Ditei e uma sobrancelha loira se arqueou ao ouvir a minha declaração. Precisava aquietar o coração, conversar com Lua talvez me ajudasse a não correr para os braços de Felipe.

Em Córdoba não há flores - Filhos Do Cartel Do Sul 1 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora