Capítulo 9

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Isabel García

Minha cabeça latejava

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Minha cabeça latejava.

Abri os olhos lentamente.

Fui saudada por raios forte de um sol que deveria ter nascido há muito tempo em Córdoba.

Terça-feira.

Coloquei-me de pé rapidamente, logo fui cumprimentada por uma sensação de tontura e abraçada pela sua amiga náusea. 'Flashes' da noite passada decorreram demasiadamente devagar por minha mente ainda confusa. Inalei o ar úmido de dentro do quarto a tentar encontrar a minha mochila e supostamente o meu telemóvel.

Todas às vezes que passava por uma crise de ansiedade, no dia a seguir acordava amortecida. A dor acima do meu peito, as lembranças e o medo me deixava na linha tênue entre o desespero e a esperança. Desespero porque sabia que com o passar dos anos as recordações continuavam vívidas ao ponto de me jogar na escuridão no fundo de um poço. Esperança, porque consegui sobreviver outro ataque que poderia ter sentenciado a minha morte. Mas ao invés disto não me deixei amedrontar, escolhi lutar para viver. Os meus últimos anos após ser quase enterrada viva naquela cova foi tudo sobre resistência, uma força abrigada dentro de mim que em muitas vezes pensava nem sequer existir. Mas que em altura como esta reverberava no meu íntimo a incendiar o meu corpo com a determinação para prosseguir.

A mochila estava largada em frente a cama, abri os bolsos na procura do aparelho. Deslizei o dedo sobre a tela trincada a desbloquear o ecrã principal.

Passava das seis horas da manhã.

- Joder! - Praguejei a correr em direção a casa de banho, enquanto tomava banho uma lembrança piscou aleatoriamente por trás das minhas pálpebras.

Cowell havia me cercado com seu corpo no armazém de bebidas do Cassino.

"Vou te foder duro qualquer dia deste, puta. E será muito pior que das outras vezes, García."

Depositei uma quantidade generosa de gel de banho entre as palmas das minhas mãos, esfreguei com força a minha pele quase ao ponto de sangrar. A água quente escorria por meu corpo como um bálsamo. Libertação.

A tempestade e a ameaça vindo do cobrador de imposto do Cassino foram os gatilhos que me levaram a submergir no meu passado, nas profundezas das lembranças que tentava esquecer.

- És mais forte que isto, Isabel. Vais passar por esta fase, com toda a certeza. - Tentei soar corajosa ao passo que lembrava de Milo a segurar-me na noite passada. Do quão forte ele me tomou nos seus braços no tempo em que lutava contra as recordações que já não deveriam magoar-me tanto.

O resto da noite era como um borrão. Não lembrava como cheguei em casa, apenas recordava do calor do corpo do Milo contra o meu à medida que me perdia na minha própria mente.

- Por favor, esqueça este homem. Ele não tem um pingo de consideração por ti, Isabel. - Soei mais alto. Quem estivesse a me ver agora pensaria que estava há dois passos da loucura. - Se Milo pudesse, ele te esmagaria sob os seus luxuosos Mocassins sem qualquer sacrifício.

Em Córdoba não há flores - Filhos Do Cartel Do Sul 1 Where stories live. Discover now