CAPÍTULO 55 - MARIELLE E O DIABO

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Zig tocou o ombro de Marielle e apontou para um dos sete torreões que circundavam a praça do mercado. As guaritas, antes usadas pelas sentinelas, agora estavam vazias, mas uma, mais ao leste, agora tinha uma criatura sobre o seu pequeno telhado. Ela conseguiu distinguir a silhueta, era alta, esguia e com braços longos e pernas fortes. Se segurava na ponta metálica no topo da cúpula, que, longa e fina se projetava para o céu. De lá, a coisa parecia mover a cabeça e o braço livre como que numa dança delirante e perturbada. O que se via claramente eram seus olhos, vivos, brilhantes e vermelhos como os da criatura que ela alvejara no Capítulo. Os longos chifres irregulares lembravam galhos de árvores, e foi esse detalhe que a fez ter certeza de que se tratava do demônio regente.

Sem hesitar ela sacou lentamente a flecha da aljava e disparou. A coisa antecipou o movimento e girou usando a haste da cúpula como eixo. Desviou facilmente da flecha e, parando do outro lado da pequena cobertura olhou diretamente para Marielle soltando um sibilo agudo e medonho. Ela não se intimidou, disparou novamente, mas a coisa girou no próprio eixo e mergulhou, sumindo na escuridão. Marielle circundou o torreão com toda a cautela. Nada. O silvo veio de outro ponto à sua direita. Lá estavam os olhos observando-a. Disparou novamente. Os olhos sumiram e reapareceram mais ao longe. Marielle os seguiu, a cada disparo o demônio sumia e reaparecia mais distante, levando a jovem para a saída da cidade. A jovem estava hipnotizada nessa perseguição quando a primeira explosão atingiu a praça, ela olhou para trás assustada e só então percebeu que Zig não estava mais junto dela. Assustada e temendo pelo amigo, não sabia o que fazer, mas não podia deixar o demônio escapar-lhe entre os dedos. Desejou que Rayd e o pequeno Zig estivessem juntos e bem, e seguiu atrás da coisa.

Após algum tempo naquele jogo de gato e rato, Marielle percebeu que estava de alguma maneira sendo levada, conduzida para algum lugar. Pensou em voltar, mas uma nova bateria de explosões derrubou alguns muros próximos, bloqueando o caminho de volta. Resolveu seguir em frente e ver até onde aquilo iria. Gargalhadas assustadoras encheram o ambiente, e então, pelo canto dos olhos ela o viu, o demônio estava à sua esquerda atrás dos escombros de um estábulo, ela levou rapidamente a mão a aljava, mas não havia mais flechas. Sem perceber, gastara tudo na caçada.

As gargalhadas se juntaram aos silvos e tudo foi ficando mais alto. Ensurdecedor. A moça soltou o arco e no momento em que levava as mãos aos ouvidos sentiu a pressão no pescoço. Uma pressão absurda vinda de um braço grande e musculoso. Ela juntou as duas mãos e afundou as unhas na carne do seu captor, depois disso, tudo escureceu.

Rayd e a lua do caçador Volume 2 - O NecromanteWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu