CAPÍTULO 52 - A BATALHA DO VÍSTULA - PARTE 1

1 1 0
                                    

Os três exércitos seguiam juntos, organizados por regimentos agrupados por sua origem. Bazynski, Gudruk e Zatik iam à frente junto com os DeKitnow. Todos haviam sido convidados pelo rei, para que formassem o pelotão de frente. Os estandartes da Prússia Real, de Kulmerland e do Grande Reino da Polônia, eram carregados por duplas de cavaleiros ao lado de seus comandantes principais. Levantei-me na sela e pude apreciar os milhares de homens que formavam o exército agora unificado que seguia para Balga. A batalha seria épica, sofria por dentro ao pensar que não poderia estar ao lado de meus companheiros, mas uma luta maior me aguardava nos corredores de Honeda. Uma luta minha, de Marielle e de Zig, enigmaticamente não vislumbrava nem os Caninos nem os Carcaju ao nosso lado. A eles pertencia o campo de batalha.

Alcançamos o altiplano de Balga sem nenhum contratempo. Uma trompa ao longe ordenou a parada das tropas. O motivo estava à frente da cidadela. Todo o exército de Von Plauen nos aguardava além dos muros, num cerco de proteção em torno da cidade. Nada que não fosse esperado, mas um detalhe sombrio e estarrecedor calou-nos. Nuvens negras e espessas pairavam sobre a cidadela e, misteriosamente desciam sobre ela envolvendo-como uma redoma negra. Seguimos boquiabertos o seu caminho pelos céus e no Leste encontramos sua origem. Um imenso funil negro subia de algum ponto naquela direção, e se estendia sobre Balga como um manto. Era como se a noite caísse em plena luz do dia tomando tudo ao seu redor.

- Rayd, seja lá o que for aquilo, é para lá que deveis ir! Falou Zatik engolindo em seco.

- Sim, mas não conseguiremos seguir para lá sem passar pela cidadela. Os teutônicos ocuparam todas as passagens livres! Constatei.

- É aí que nós entramos. Um ataque direto será a nossa estratégia e sua única distração, faça bom uso dela! Disse Gudruk me olhando fixamente. Suspirei profundamente e pensando na única alternativa que me restava, me despedi de todos.

- Senhores, que os deuses da guerra estejam do nosso lado. Vejo vossas mercês nessa ou em outra vida. Pois os laços que nos unem são de fraternidade, luta e lealdade! Bradei enquanto sacava uma das gêmeas.

- Onde planejais ir, Escolhido? Questionou-me Bonthor.

- Vou ao cerne de todo esse mal, e ele está lá! Respondi com um gesto de cabeça apontando o Leste.

- Estaremos convosco para onde fores! Respondeu inabalável.

- Nós estaremos juntos também! Disse Darik.

- Não amigos, preciso que fiquem aqui. Como bem disse vossa majestade preciso de toda a distração possível, e agora vossa luta é aqui ao lado do rei e do general Bazynski! O argumento pareceu surtir efeito. O silêncio que se fez, respondeu a tudo.

Olhei para Marielle e Zig, precisava deles agora, mais do que nunca e ambos compreenderam no mesmo instante.

Os primeiros impactos das pelotas de fogo grego, seguidos pelos gritos de guerra podiam ser ouvidos à distância. Cavalgamos em paralelo ao Rio Passarge até sua desembocadura na Doca dos Ratos. Seguiríamos por baixo do grande píer até a saída dos esgotos do castelo. À certa altura, apurei os olhos em direção à baía e ao longe, pude divisar grandes barcos que adentravam a Laguna do Vístula, embarcações que eu nunca havia visto.

Arrastávamo-nos pela passagem escorregadia quando fomos surpreendidos por um grande impacto que arrebentou a parte norte do píer. Em seguida mais uma salva de tiros e uma parte dos pesados muros do contraforte do castelo vieram abaixo. E então eu os reconheci, a marinha lituana atacava chegando do Noroeste pela costa. Mais uma das cartas que o surpreendente Casemiro, guardava em suas mangas. Os canhões do castelo e uma grande frota de brigues tentava conter seu avanço transformando o Vístula em um inferno.

Uma das cargas explodiu a saída principal dos esgotos do castelo. Segundo Zig, aquela seria nossa passagem para o seu interior. Se estivéssemos naquele ponto, teria sido nosso fim. Descartada a entrada principal decidimos retornar até a estrada do castelo e de lá seguir em direção à Balga.A ideia vinda de Marielle, era de chegar ao hospital e de lá aos túneis, o melhor caminho para se evitar as tropas, segundo ela.

"Mas não as feras!" Pensei e calei-me.

Por mais arriscado que fosse, esse era o melhor caminho para o leste, lá foi onde tudo começou e onde tudo terminaria. Sentia isso em mim, assim como o perigo cada vez maior que avida de tia Martha estava correndo.

Rayd e a lua do caçador Volume 2 - O NecromanteOnde histórias criam vida. Descubra agora