CAPÍTULO 47 - FLECHAS DE FOGO

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Levantamo-nos tarde para os padrões militares impostos no Capítulo. Seguimos juntos para asala de comando onde todos já estavam reunidos a algumas horas. O General Bazynski estranhou nos ver juntos e olhou com censura para a filha. Esta correspondeu com um bom dia caloroso e um respeitoso beijo nas mãos do pai.

O mapa usado pelos generais jazia recheado de peças sobre a mesa. De várias cores e formatos, representavam as tropas separadas pelas suas origens. Notei lobos cinzentos colocados sobre algumas partes. Sorri. Os Caninos Longos tinham ganhado seu próprio símbolo naquele tabuleiro de guerra.

- Bem senhores contamos com cerca de dois mil e quinhentos homens. Isso, graças ao reforço dado por sua majestade o rei Bonthor aqui presente! Iniciou o General Bazynski.

- Muito pouco para um ataque direto à Balga! Cravou Von Reynes.

- Concordo, mas não pensava em um ataque direto! Tornou Bazynski.

- Poderíamos contornar pelo lado leste desembarcando pela Doca dos Ratos, atacando o castelo pelos contrafortes! Disse o general Frederick DeKitnow.

- Não temos embarcações em número suficiente e muito menos preparadas para guerra! Afirmou Gudruk, e complementou.

- Além do mais, aquele ponto do castelo é recheado de canhões e bombardas, todos voltados para a Laguna visando a proteção de um ataque vindo do mar. Seríamos massacrados!

- Daria tudo para saber quantos homens realmente teremos que enfrentar! Falou Nicholas, o outro DeKitnow.

- E ainda temos esse maldito exército de feras! Grunhiu Zatik.

- Ainda não são um exército! Falou Zorn tímido em um dos cantos.

- O que disse Doutor? Questionou Bazynski.

- Eu acompanhei quase todo o processo de transmutação das pessoas em monstros. Atuando como auxiliar direto de mestre Gheller, fiquei responsável pela estatística dos sucessos!

- E então.....! Cobrou Von Reynes.

- Eles não devem ter mais do que cem exemplares prontos para a guerra. E nem podem se dar ao luxo de usá-los numa batalha em campo aberto. Apesar de incrivelmente resistentes e donos de uma capacidade de regeneração inacreditável, sangram e podem ser mortos! Falou Zorn e complementou.

- Os exemplares bem sucedidos estavam sendo usados em.....digamos assim, missões especiais!

- Está explicado então o fato de quererem ganhar tempo a qualquer custo! Exclamou Zatik batendo suavemente na mesa.

- Acho que em termos de números temos mais um fiel da balança para contabilizar! Declarou Gudruk.

- E qual seria, caro General? Tornou Von Reynes.

- As Forças de Segurança, seria imprescindível a quantidade de homens que podem servir de reforço aos teutões!

- Então temos em nossas mãos, a pessoa mais indicada para nos dar essa resposta! Disse o general Frederick.

Chegamos no início da noite no vale onde as tropas estavam acampadas. Viemos todos menos Zig que decidira ficar ao lado Zorn na sede. Adentramos a suntuosa tenda do general Frederick onde Andruliz permanecia cativo. O homem estava amarrado a uma confortável cadeira, que por sua vez estava presa ao mastro principal da tenda. Ao ver-nos entrando dirigiu-nos um olhar injetado e um sorriso de desprezo irônico, que não condizia com sua situação.

- Ora ora, a que devo a visita dos ilustres generais? Oh por favor sentem-se, sintam-se à vontade, desejam beber algo? - Eu mesmo os serviria não fossem minhas novas amigas! Ele então balançou os ombros, mostrando as cordas que o prendiam.

- Viemos propor-lhe um acordo! Falou Bazynski sendo direto.

- Acordo? Pois sim, estão pressentindo a derrota? Bem sabem que não têm chance contra o grande exército Teutônico! Cuspiu Andruliz.

- Falais como um deles. Como podeis nutrir tal sentimento? Tornou Gudruk, e continuou.

- Fostes subjugado como todos nós. Por um Império que tudo nos tirou. Solapou a nossa amada Prússia!

- Prússia, e o que era a sua amada Prússia? O que ela nos deu? A mim, recebi sim, minha cota de miséria e sofrimentos! Respondeu o xerife.

- Nossa nação poderia não ser a mais justa, mas éramos livres! Completou Darik.

- Livres? Livres para que? Para mendigar pelas ruas, para lutarmos uns contra os outros como as antigas tribos pagãs, soberbas e ignorantes?

- Mas lutávamos pela união de nossas tribos, de nossos povos. A nossa diversidade é um desafio, mas ao mesmo tempo é uma grande dádiva! Completou Gudruk.

O xerife olhou para todos parecendo convencido, para em seguida desabar na mais insana gargalhada.

- Tolos românticos, já estão mortos, carcaças ambulantes! E dizendo isso, escarrou, cuspindo de lado.

- Por certo, se já estamos mortos, não há nada que o impeça de nos dizer quantos homens compõem a vossa força de segurança? Questionou Zatik.

Uma nova gargalhada desmedida encheu o ambiente, o homem realmente não se sentia na posição desvantajosa em que se encontrava. Aquilo tudo soava muito estranho.

- Se estivesse com minhas mãos livres gostaria de aplaudi-los. Não conseguem saber ao certo quem ou quantos estão enfrentando. Pois farei minhas, as palavras do sanctus bispo Karvelis!

A expressão do sujeito mudou assustadoramente. Uma sombra negra pareceu ter descido sobre seu rosto, negra como as asas dos corvos da península. E então ele rosnou numa voz gutural.

- Chamem-nos de Legião, porque somos muitos!

Nesse momento Zatik se descontrolou, e antes que pudéssemos detê-lo, agarrou o xerife pelo pescoço socando-o várias vezes.

- Fale bastardo traidor. Traidor de seu povo, de seu sangue, de sua terra!

Mesmo com a bocasangrando e o olho direito começando a inchar, o homem sorria malignamente parao rapaz. Me aproximei de meu amigo para afastá-lo do canalha, mas um estranhoalarido invadiu o ambiente. Vinha de acima de nós, do alto, parecia um enxamede grandes vespas misturado ao farfalhar de lençóis sacudidos ao vento. Todosnos entreolhamos, mas não tivemos tempo de reagir. Uma chuva de flechas de fogotrespassou o teto da tenda atingindo-nos.

Rayd e a lua do caçador Volume 2 - O NecromanteWhere stories live. Discover now