CAPÍTULO 30 - A BATALHA DE ZANTYR PARTE II

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Darik amparou o irmão gritando desesperadamente por ajuda. Mais duas flechas se cravaram na lateral da porta do carroção, quase acertando Marik. Olhamos para a direção de onde vinham, para a estrada. Vindos da direção de Balga mais soldados se aproximavam. À frente, liderando-a,estava o xerife Karl Andruliz. Saquei as gêmeas e corri para as árvores, desviando da saraivada de flechas que caía sobre nós. Já me preparava para o impacto dos cavalos quando outra bola de fogo explodiu na estrada, entre nós e a tropa do Xerife. Aproveitamos a distração e corremos para as árvores carregando Arik desfalecido, ele perdia muito sangue, não parecia nada bem.

Os cavaleiros do xerife desviaram das chamas e seguiram pela estrada. Bonthor já reunido e agrupado com seus homens partiu para o ataque. Deixamos Arik sob os cuidados de Marik sob a proteção das árvores, enquanto eu e Darik seguimos para o combate. Olhamo-nos uma última vez e então saltei do pequeno barranco sobre um dos cavaleiros derrubando-o. Com uma mão nas rédeas e outra brandindo a gêmea, parti como um alucinado para cima dos guardas do xerife. Uma flecha veio em direção a meu rosto, desviei-a com a proteção do antebraço e segui na direção de onde tinha vindo. Na retaguarda, encontrei um novo pelotão de arqueiros que eram os nossos algozes mais perigosos naquele momento. Um lanceiro veio em carga na minha direção. Sua lança tinha como alvo meu abdômen, mas consegui enlaçá-lacom o braço que brandia a espada e indo ao chão, puxei-o junto comigo. Enterrei a espada em seu peito usando a força da queda. Tirei-lhe a lança e atirei-a em direção ao aglomerado de arqueiros. Atingi um dos que estavam à frente. Inesperadamente os outros pareceram retroceder. Certamente, tinha matado o seu comandante. Ao carregar para cima deles, ouvi um grito selvagem vindo da floresta. Descendo o barranco Marik girava furiosamente sua massa. Arrebentou todos os crânios que encontrou em seu caminho, enquanto caía sobre o grupo de arqueiros. Sacou o martelo das costas enquanto distribuía golpes com a massa. Flechas zuniram no meu ouvido, enquanto apanhava o escudo de um soldado morto. Segui para o núcleo do grupo, só pensava em Marik e sua fúria descontrolada que poderia por sua vida em risco. Amparava a saraivada com o escudo, enquanto tentava me aproximar dos malditos, e então um uivo cortou o ar.

Os arqueiros voltaram-se na direção do som e viram a alcateia se aproximando. Dispararam várias vezes, matando vários lobos, mas não o bastante. Eu, Marik e Outono caímos sobre eles. Estando fora da distância ideal de tiro, puxei cada um deles das selas e empalei-os ali mesmo sobre seus cavalos. A luta foi selvagem, o sangue salpicava meu rosto. Gritava furioso lembrando de Arik e sua palidez mortal quando o deixamos. Lembrava de Marielle que não estava no maldito carroção. Onde estaria ela? O que teria acontecido? Fui golpeando cada infeliz Teutão que cruzava meu caminho, enquanto gritava sem consolo minhas súplicas. Sem perceber estava cercado de corpos, todos os arqueiros estavam mortos.

Após o que pareceu uma eternidade, a luta cessou. Uma densa nuvem de fumaça e os corpos espalhados pelo chão eram a constatação da feroz batalha que traváramos. Me aproximei de Marik com Outono ao meu lado. Ele estava ofegante e os olhos estavam encharcados, num pranto de dor.

- Onde está Darik? Perguntou.

- Não sei, a última vez que o vi, foi na floresta antes de deixá-lo com Arik!

- E como ele está? Perguntei

- Me pergunte depois! Disse isso ecorreu em direção à frente do comboio.

Atravessamos a fumaça e nos deparamos com Bonthor e seus homens com alguns prisioneiros, dentre eles, o xerife ajoelhado era segurado pelo pescoço pelo chefe dos Caninos Longos. Mestre Tynus estava caído junto a eles, uma grande mancha de sangue em seu abdômen nos fez prever o pior. Ele e Arik foram embarcados num dos carroções, o estado de ambos era grave. Precisavam partir rapidamente para a aldeia. Marik e Darik seguiram com eles. Fiquei ali estático, tentava pensar no melhor, mas talvez Arik e Tynus não sobrevivessem à viagem de volta. Mas de nada adiantava previsões sombrias, agora precisava saber o que havia acontecido com Marielle.

Me aproximei do chefe e seus homens que mantinham Andruliz sob suas mãos de ferro e fogo. O Xerife tentava se mostrar impávido, mas era uma tentativa frustrada, sua careta diante do machado de Malthus Bonthor e do inevitável destino era tragicômica.

- Chefe, não! Gritei.

O homem parou o machado no ar, enquanto me olhava intrigado.

- Espere, ele pode nos ser útil!

Frustrado, o homem soltou o machado no ar e desceu a mão em um violento murro noqueixo do Xerife. O homem cuspiu sangue para o lado e caiu desacordado. Procurei entre os soldados sobreviventes alguém que pudesse me esclarecer o que havia acontecido com a dona do meu coração. Encontrei um lugar-tenente que escapara da queda da árvore. Caminhei em sua direção e levantei-o pela gola do uniforme.

- Diga-me homem, sabeis o paradeiro da prisioneira?

O rapaz que não deveria ter mais de vinte anos estava pálido e com uma expressão de desespero estampada no rosto. Olhava aterrorizado para os Caninos, que pareciam prontos para estraçalhá-lo ali mesmo. Começou a balbuciar baixinho algumas palavras. Aproximei-me para ouvi-lo.

- Ela......ela fu....! Parou engolindo em seco.

- Fale homem! Gritei sacudindo-o.

- A moça, ela.......ela escapou! Disse por fim.

Rayd e a lua do caçador Volume 2 - O NecromanteWhere stories live. Discover now