38° Nos reconhecemos...

122 5 1
                                    

-Do que estão falando? -Ramires se aproxima.

-Estavamos falando sobre eu estar sendo investigada por assassinato. - Não sei qual parte o Ramires escutou, mas sei que já nem se lembra mais depois dessa notícia, pois sua cara mostra seu espanto.

-Assassinato? Do que está falando? -Ele realmente não sabia, o que me deixa mais tranquila, pois se ele soubesse e tivesse escondido, eu mataria ele, juro.

Contamos a ele os fatos e ficamos um tempo ali, nós três, conversando sobre possibilidades, sobre provas e sobre investigações. A polícia não sabe que pulei na frente dos tiros, mas acreditavam ter sido o Marreco quem atirou no polícial para me defender, devido a eu ter conquistado sua confiança e seu afeto. Mas agora, com esse projétil, os rumos são outros. A história se inverteu, e agora sou eu quem estava fugindo com o criminoso, fui surpreendida e matei a sangue frio o polícial que só atirou para se defender. Tais indícios podem me levar a ser acusada de associação, corrupção, assassinato, entre outros artigos que prefiro nem pensar para não enlouquecer.

Osvaldo me comunica que estou afastada do cargo até que as investigações sejam concluídas, ou seja, estava feliz que provávelmente voltaria a trabalhar mês que vem, mas agora não terei data para voltar, se eu voltar. Ele diz que preciso passar no batalhão na segunda para assinar os papéis e ser oficialmente comunicada de tais decisões.

-Tem mais uma coisa...-Osvaldo coça a cabeça e fuma o terceiro Malboro da noite.

-Mais? Porra...-Ramires joga a cabeça de lado e meu coração dispara de ansiedade e preocupação. O que mais vem por ai?

-Acho que aqueles corruptos que estamos investigando, descobriram algo. -Conta, aflito.

-Quê? Como? -Pergunto, perplexa.

-Ouvi um murmurinho, algumas coisas que dão a entender que já sabem. Mas vamos manter a discrição, não podemos demonstrar nada. Pelo que sei, sabem da investigação, mas não que somos nós três. Então se ficarmos tranquilos, pode ser que não descubram. -Osvaldo tenta transparecer uma calma, que sei que ele não tem.

-Que ótimo, além de correr o risco de ser presa, também corro risco de vida. Legal...-Boto a mão na cintura e a outra esfrego no rosto.

-Sabíamos no que estávamos nos metendo quando entramos nessa. -Ele responde, e não posso deixar de concordar. Mas, por que entrei em uma investigação que eu sabia ser perigosa mesmo? Ah, tá, lembrei! Porque sou uma idiota!

Sabíamos que esses tais políciais corruptos eram perigosos e que não hesitariam em nos matar para não serem descobertos, ainda assim continuamos.

Nenhum de nós três diz mais nada e decidimos voltar para junto dos outros. Eu nem consegui mais comer, muito menos beber, só queria ir embora. Chamei o Ramires e nos despedimos de todos.

No caminho, ele foi tentanto me consolar e me dar palavras de conforto, mas pedi que me deixasse sozinha por hoje. Ele não insitiu e soube entender meu momento, ele sabe o quanto a polícia é importante para mim e o quanto amo o que faço. Saber que posso ser exonerada ou até presa, está acabando comigo.

No entanto, antes de abrir a porta do carro mudo de ideia, estou muito tensa e preciso relaxar.

-Pensando bem...Acho que você poderia subir. -Olho com cara de danada pra ele, que sorri um sorriso largo e satisfeito.

-Claro. -Concorda. Aciono o portão eletrônico com o controle para que ele guarde o carro na garagem e descemos.

Entramos no elevador e o desespero começa a me atormentar, e eu preciso muito tirar tudo isso da cabeça agora. Preciso esquecer todos os problemas: Marreco, investigação, projéteis...

Love na Rocinha( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora