34° Dibicando pipa...

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Yanka,

Apesar de estar morta de vergonha pelo mico que paguei ontem, caindo na piscina e tendo que ser salva pela policial metida a besta, minha curiosidade fala mais alto, e depois de deixar a Jéssica em casa, decido dar uma passada no escritório para ver se o Marreco está por lá. Desde que ele me disse hoje mais cedo que queria conversar, não parei de pensar nisso.

Com certeza vai me esculhambar pelo papelão que fiz ontem. Foda se, eu mereço!

Não acredito que me rebaixei tanto daquela forma, mas quem nunca ficou na bad por causa de macho que atire a primeira pedra. A Jéssica lavou minha cara, óbvio! Disse que não está me reconcendo, mas na boa, nem eu estou.

Mas vida que segue, não sou a primeira e nem vou ser a última mulher rejeitada do mundo. Poderia jurar que vou tirar ele da cabeça, prometer milhões de coisas a mim mesma, mas já fiz isso antes e não cumpri. Me resta aceitar a vergonha que passei e engolir meu orgulho, porque se ele vier me falar algo, vou sim tacar na cara dele a sua falta de respeito com a casa do meu pai. Pelo menos vou ter um argumento para rebater quando ele me falar um monte de merdas.

Enfim, sou adulta, estava em casa, bebi muito e cai na piscina e daí? Aaah, quem é ele pra me dar sermão?!

Hoje decidi vir de carro, porque já são quase quatro da tarde e eu ainda estou com uma maldita ressaca, e andar de moto nesse sol quente do Rio, não rola. O ar condicionado do carro me ajuda a não sentir tanto enjoo. Nem lembro qual foi a última vez que passei tanto mal...Aaah, lembrei! Foi no baile, quando também paguei o maior mico por causa do Marreco. Inferno! Desde que ele entrou na minha vida, a única coisa que faço é passar vergonha e me humilhar. Cadê a Yanka posturada, pô?!

Paro em frente ao escritório e pego a arma de baixo do banco, mas mudo de ideia e decido deixar ela onde está. Quando abro a porta, o mormaço do dia quente que está fazendo hoje me incomoda, mas o sol já não está tão forte, então ergo o óculos de sol no alto da cabeça e cumprimento os meninos da segurança.

Entro, e meu pai está sentado atrás da mesa, falando no celular. Me jogo na cadeira e ele me olha; mas pelo seu olhar, ainda não sabe o que rolou ontem, porque não parece bravo. Que milagre, que o seu fiel cordeirinho Adriano, não me dedurou.

-Jaé, jaé...Não, beleza, vai me mantendo informado...pode crê! Falou! -Ele finaliza a ligação e deixa o celular sobre a mesa.

-Fala, minha princesa! -Abre um sorriso que confirma a minha teoria. Felizmente, ele não sabe de nada!

-O que aconteceu, que a loira azeda não está grudada no seu cangote? -Reviro os olhos. Ele acha graça.

-Para de implicar, ferinha! Qual foi? Aposto que não veio me ver...-Ele provoca, rindo. Meu pai é bem mais esperto do que parece.

-Cadê o Marreco? -Pergunto, como quem não quer nada, mexendo numa linha solta do meu shorts jeans.

-Sabia! Agora é só Marreco prá cá, Marreco pra lá. Se liga, hein! -Ele fica meio sério, mas sei que está zoando.

-Tá afim dele? -Ele me pega de supresa ao questionar. Eu sabia que ele sabia, mas não chegou a falar diretamente assim comigo antes. É estranho...

-Pai...-Reclamo, evitando entrar no assunto.

-Tchun! Tô ligado, preta! Te conheço, pô! Sou teu pai a vinte e quatro anos, tá ligada não? -Brinca. Meu pai é o melhor do mundo, sério. Sou apaixonadamente apaixonada por ele. Ele nunca me julga, tem ciúmes sim, como todos sabem, mas não se mete na minha vida. Mas nunca gostou que eu me envolvesse com os carinhas daqui, sempre reprovou. Até porquê, nunca me envolvi mesmo. Mas quando ele via algum dos amigos interessado, logo dava o papo. Mas não sei o motivo pelo qual confia e faz tanta questão do Marreco.

Love na Rocinha( DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now