Love na Rocinha( DEGUSTAÇÃO)

20° Mancada... (Degustação)

Marreco,

A melhor parte da vida, é saber que ela é uma montanha-russa sinistra. Mesmo que um dia tu esteja lá em baixo, tu vai subir. E quando tu subir, meu parceiro... é aquelas coisa, aquele sentimento de vitória, sensação bolada de: "Porra... eu sou foda! Eu consegui!".

Tô começando a subir, e a sentir essa sensação, papo reto. Nessas duas semanas de corre ai, a rapaziadinha tem conseguido erguer uma grana maneira. Tá fluindo… tá fluindo.

O Bode, meu líder, já saiu do meu cangote. Deu pra dar aquela respirada. Tô conseguindo controlar as paradas, e gradualmente vou reconquistar tudo que perdi.

Fiquei sabendo que estão querendo instalar UPPs na Rocinha, criando projetinho social e vários bagulhos...Vai rolar não. Vão se atrasar bonito.

Enquanto planejo com Baiano a retomada do morro, a Yanka fica sentada na cadeira, ao lado dele, mascando chiclete e com os pés cruzados em cima da mesa. Está mexendo no celular.

Viemos para o escritório dele, que fica mais no miolo do morro. Ele veio resolver umas paradas e eu vim junto, pra trocar ideia e esquematizar a invasão. Cavera já deu o posicionamento que vai fortalecer a gente com munição, soldados, armamento, granada. Gringo, meu de raça, também já confirmou a tropa dele pro combate. Baiano, sem palavras, sempre ponta firme. Vamô imbicar na calada da madrugada. O bagulho tá esquematizado, aqueles pique. Tô felizão, mané! Papo reto!

Tô que não me aguento de animação pra essa porra acontecer logo e eu poder voltar pra casa. Não aguento mais ficar de favor na casa do Baiano.

Depois do que rolou com a Yanka, no dia do baile, ela ficou bolada comigo. Quase nem trocava mais ideia. Ficou uns três dias de bico. Levei um papo com ela, expliquei minha situação novamente da melhor forma e ela parece ter entendido finalmente.

Não sou de muito quais- quais- quais; o bagulho é passar a visão legal, deixar tudo esclarecido pra não rolar mal-entendido e já era. Depois disso, ela não tentou mais nada. Melhor assim...

A gente mantém um diálogo maneiro, toma um gelo junto; as vezes tô lá na laje fumando um e ela encosta. É ponta firme, gente boa. Acabamos nos aproximando muito, mas ainda percebo alguns olhares que ela tenta disfarçar. No fundo, tô ligado que ela tá a fim de algo a mais. Mas, na moral? Não quero fazer sacanagem com ninguém. Não quero magoar ela. Principalmente, por ser filha de quem é. Então finjo que nem percebo nada e vamô seguindo nesse ritmo.

Baiano é meu parceiro, me deixou grande, não quero desavença com o amigo. Até porque a mina estava toda emocionada e ia se decepcionar. Essa vivência eu já tive muitas vezes. A gata vem com uma intenção, tu vai com outra, ai já viu, né? Depois é só chororô e balangação, que eu tô ligado.

Sou doutrinado pelo certo, e com filha de amigo não se brinca. Ela é gostosa pra caralho. Vou mentir? Vou negar o que geral tá vendo? Pô, vagabundo fica como? Um puta corpo da cor do pecado, rosto de Barbie. Mas, e aê? Não passa disso. Não passa de atração. Minha mente tá focada! Blindada!

Tô suave de mulher. Seria covardia proporcionar ilusões.

Baiano tá nos contatos pelo telefone, tentando resolver questões de uma carga. Eu e a Yanka ficamos no celular.

Não tenho rede social, mas entro na do Jiló. Ele me passou a senha; por enquanto tô usando a dele.

Vou passando pelo feed, e vejo que o mano Bina postou um vídeo do Frajola com uma música melosa de fundo e uma frase. "Saudade eterna".

Mó falta que o irmão faz, tá maluco...

Resolvo deixar um comentário:

"Meu de raça, moleque bom! A tropa do 🦢 te ama, moleque. M.R"