25° Equívoco...

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Marreco,

Caralho, nem sei porque fiz isso, quando vi já estava dentro dela. Não era pra ter acontecido essa porra e agora estou puto comigo mesmo porque sou um bosta. Ela está com os braços apoiados no muro e a cabeça baixa, sem fôlego, assim como eu. Saio dela, bolado, abotoou a calça e passo a mão no rosto. Dou alguns passos para trás, me afastando. Na moral, tô nem acreditando que deixei essa porra acontecer... A mina me deixou doido, quando vi já tinha acontecido, deu nem tempo de raciocinar. Essa filha da puta tem um poder sobre mim, que me assusta, me preocupa.

-Preciso...ir no banheiro. -Ela fala ofegante, ainda escorada no muro.

-Ali tem um. -Aponto o banheiro e ela ergue a calça, caminhando até lá sem nem me olhar. Acho que deve estar pensando o mesmo que eu, parece arrependida.

O pior é que quando beijei ela, a raiva sumiu, o sentimento voltou daquele jeitão; cê pá, nunca nem tinha ido embora. Mas não vou entrar nessa de novo, eu deveria era estar arrebetando ela na pancada, não fodendo com ela...Porra!

Aproveito que ela está no banheiro e ligo pro Jiló, mandando ele buscar a garota e levar pro escritório, que eu já tô voltando. Me sento na cadeira pra esperar ela sair e fico pensando que a filha da puta me desmonta com um olhar, um beijo. Sempre foi assim. Essa mina é minha sina, só pode...

Cruzo as pernas sobre a mesa e jogo a cabeça pra trás, olhando pra lua que tá pica hoje, cheiona. Sou um fanfarrão mesmo, porra...Fico viajando nas minhas ideias, até que a porta do banheiro se abre a ela sai toda sem jeito, mexendo no celular pra não ter que me olhar.

-Se eu soltar a mina, tu tem certeza que teu namoradinho não vai inventar de invadir? -Pergunto, indiferente. Ela deve estar vendo mensagens dele, porque está vermelha. Ou se pá, tá com vergonha de mim. Ou os dois.

-Te garanto que não, vou conversar com ele. Ele só quer a filha de volta. -Ela guarda o aparelho no bolso de trás da calça e cruza os braços. Pela primeira vez depois de dar pra mim, ela me olha e não desvio; boto os braços atrás da cabeça, entrelaçando meus dedos e dando apoio.

-Que história é essa agora de ficar sequestrando pessoas? Jovens? Tá maluco? -Franze a testa, reprovando.

-Nem vem com liçãozinha de moral, visão. -Desço as pernas da mesa.

-Hudinho, você...

-Marreco! Me chama de Marreco, de Hudson, menos Hudinho, se ligou?  -Falo, firme. Esse nome me lembra várias fita que tô tentando esquecer.

-Tá ok, Marreco, porque escolheu esse caminho? Só queria entender. -Sua voz fica mansa e macia. Tá querendo bancar a polícial honesta pra cima de mim.

-Sem caô Aline, tu sabe o porquê, não se faz de otária. Não vem de miguezinho, que tu sempre soube o que eu seria, nunca paguei de bom moço pra ninguém, nunca gostei de fingir os bagulhos. -Apoio os braços na mesa e ela parece entender minha indireta, porque fica sem graça. -Sempre fui e sempre vou ser o mesmo Marreco, com a diferença de que agora tudo de bom que tinha em mim, tu destruiu! -Cerro os dentes.

-Eu sei que não, sei que você não é assim, que não é esse monstro que quer parecer ser. Eu te fiz muito mal, eu sei, mas você também me fez...-Ela se abaixa e ergue a barra da calça, mostrando uma cicatriz feiona na perna que eu esmaguei com a marreta. Ver essa cicatriz me da uma balançada, nunca suportei a idéia de fazer mal pra Aline, mas quando fiz isso, na minha cabeça ela era a Bárbara.

-Tá vendo isso? Foi o presentinho que você me deu, dores, fisioterapias, traumas...-Ela solta uma risada nervosa. -A gente só ferra um com o outro, mas eu sei que você não deseja meu mal, assim como não desejo o seu.

Love na Rocinha( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora