6° Filha do chefe... (Degustação)

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Yanka,

"Ah
Você falou que ia me dar
Que ia ser um vuco, vuco bom
Comecei me arrumar
E coloquei pra tocar um som

Só que eu não imaginava que você iria desmarcar em cima da hora
Boladão, voltei pra casa
Louco de tesão, mas puto com sua mancada
Vai querer me dar, mas vai ser tarde
Não vou te comer
Tu foi covarde

Vou tumultuar com as suas amigas
Todas vou botar pra sentar na pica
Vai querer me dar, mas vai ser tarde
Não vou te comer
Tu foi covarde"

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- Aaah, garota! - Brindo minha Bud com a da Jéssica. Ambas sorridentes, virando uma golada.

O sol hoje está torrando, e viemos colocar a marquinha em dia. Mais tarde tem baile, preciso estar estralando, e uma cervejinha gelada sempre cai bem nessas horas.

Enquanto Jana espirra água em nossos corpos brilhosos de produto, com um borrifador, cantamos a música do Livinho, que está tocando no rádio velho da nossa personal bronze.

Sempre aprontamos a maior zorra nesse lugar. As monas se mordem, morrem de inveja do nosso brilho, e por não damos moral para ninguém. Como geral tem medo de mim, ninguém peita, né?! É de conhecimento público que se eu me estressar ganha na cara, mando ralar peito, gongo mesmo essas penosas. Sou gente boa, só não pise no meu calo, amor. Faço nada para ninguém, sou na minha, odeio escândalo, porém, elas têm que me aturar caladas. Não aceito afronta. Não gosta de mim? Se morrer passa.

Bando de mandadas, frustradas. Elas fingem, algumas até tentam render, mas tô ligada que esse ódio enrustido, de falar pelas costas e tal, é pelos maridinhos horrorosos e duros delas, que pingam saliva quando a gente passa na rua.

Odeio gente falsa, que não tem peito para sustentar. Pelas costas elas são as brabas, na frente abaixam as orelhas. Eu, hein!

A laje da Jana tem uma vista linda, amo fazer marquinha aqui, além de ela ser muito atenciosa. Não sei se é pelo dinheiro que gasto toda semana ou por eu ser a filha do chefe.
Nunca sei as reais motivações das pessoas, exatamente por isso restrinjo meu círculo social.

Independente disso, gosto da atenção que ela me dá, não vou mentir. Sempre que venho é cerva gelada, sacolé, aguinha de cocô. Tratamento vip.

Pelo que vejo, essa atenção é só para o meu bonde. Deve ser isso que deixa as outras xoxadas, com as caras de quem comeu e não gostou. Literalmente, só lamento por elas!

Assim que dá nosso tempo, Jéssica e eu nos levantamos - dançado e cantando, claro -, e seguimos para o banho de lua, que nada mais é, do que descolorir os pelinhos do corpo. Torrada e com os pelos douradinhos, amo!

Após ficarmos uns 15 minutos pinicando, corremos para ducha. Enquanto nos lavamos, aproveitamos para rebolar, cantar mais alto e irritar mais um pouco as outras manas despeitadas e desprovidas de beleza.

Tenho um grupo seleto de amigas aqui na favela, as mesmas desde a época de escola: Jessica e Vivi.

Pensei que após morar muitos anos na Espanha e voltar, elas não iriam se lembrar de mim e da nossa antiga parceria, mas foi totalmente o oposto. Continuamos com a mesma amizade verdadeira de antes.

Até curti morar com minha mãe na Europa, mas senti falta da favela, do fervo de gente, da música, do calor, do sol, e claro, das minhas amigas e do meu pai, meu maior amor.

Acabei criando, nesses 24 anos, certa barreira para amizades, me fechei devido as várias decepções que tive com "amigas" na Espanha. Hoje em dia sou muito mais seleta quanto a isso, não é qualquer uma que considero.

Love na Rocinha( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora