Foram incontáveis conversas.
Aos poucos fomos nos reerguendo, trazendo-nos de volta um para a vida do outro, aprendendo a confiar e construindo a nossa história mais uma vez. Entre altos e baixos, ficamos mais fortes e superamos o que muitos diziam ser insuperável.

Nós, enfim, encontramos a nossa felicidade.

No backstage, com a ajuda de minha equipe, finalizo os últimos preparativos antes de finalmente subir ao palco. Mesmo estando um pouco longe, consigo ouvir as vozes dos fãs gritando o meu nome, pedindo a minha presença, e começo a sentir aquele conhecido frio na barriga de sempre.

Uma carga de adrenalina ultrapassa a minha espinha e deixa-me alvoroçado, tanto que tenho vontade de batucar alguma coisa só para aliviar essa agitação.

Eu deveria estar acostumado, afinal, já são praticamente cinco anos no ramo. Shows são tão comuns quanto trocar de roupa. Porém, sempre parecerá a primeira vez, independentemente de qual vez seja. E, bem, até hoje foram vezes demais para contar.

– Urrea, cinco minutos! – ouço o produtor gritar ao abrir rapidamente a porta – Iluminação está ok, o som também. A banda está na posição.

– Obrigado. – digo, ajeitando o microfone na orelha. Olho para Tony ao meu lado, que termina de arrumar um acessório na minha jaqueta – Tem certeza de que vou conseguir arrancar essa coisa? E se ficar preso como da última vez?

– Já resolvi esse problema. Coloquei um ponto a menos, vai ser mais fácil de sair quando você puxar. Só tente não abrir toda a camisa como fez na última apresentação, ok?! Sei que as fãs ficam loucas, mas a sua esposa não vai gostar nada disso.

– Ela não pareceu dar importância. Quero dizer, mais ou menos. Me chupar até quase eu gozar e me deixar na mão pode ser considerado um tipo de castigo?

Meu amigo e figurinista solta uma risada e me dá um tapa no ombro, insinuando que está pronto.

– Com certeza. – ele responde.

– Então, ela não gostou mesmo.

– Mais uma dessas e é greve na certa.

– Você sabe que não estamos transando por ordem médica.

– E quem disse que vai ser agora? Pode ser muito bem depois.

– Vire essa boca pra lá. – resmungo, arrepiando só com a ideia.

Foram sete anos separados. Sete anos sem poder tocá-la e beijá-la, sonhando dia após dia em tê-la em meus braços novamente. Então, definitivamente, tudo o que eu menos quero é ficar longe dela. Se não fosse por um maravilhoso motivo, certeza que eu estaria preso com a minha esposa em nossa cama, enterrado bem fundo entre as suas pernas e sentido cada mínima e deliciosa sensação que fazer amor consigo me proporciona.

Veja bem, não que eu não tenha feito exatamente isso quando tudo se resolveu entre nós e tivemos a oportunidade. Eu só não esperava acertar o alvo tão cedo (não tão cedo assim, se for parar para pensar), o que para ambos foi uma surpresa. Uma surpresa muito bem-vinda.

Quando descobri que a Any estava grávida, eu pensei que explodiria de tanta alegria (e que nós dois alagaríamos o apartamento de tanto chorar). Eu a peguei nos braços e a beijei profundamente, sentindo o meu coração palpitar forte, cheio de emoção. Eu já andava desconfiado pelo comportamento dela, devido aos enjoos e mal-estares. Mas ao ver a confirmação pelo exame, foi simplesmente mágico. Era mais um de nossos sonhos se realizando.

Tudo bem que calhou de descobrirmos na mesma semana em que a agência anunciou o meu casamento. Ou melhor, que eu já era casado. E ter de anunciar também uma gravidez foi mais do que esperavam. Bem mais, com certeza.

𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃Onde as histórias ganham vida. Descobre agora