Capítulo 127

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– O que está querendo insinuar?

– Nada! Só que você surpreendeu e foi contra todas as probabilidades.

– Ah, cale essa boca!

Nós quatro rimos e continuamos bebendo. Isso até eu dizer:

– Vou ao banheiro.

Como conheço o bar, dirijo-me para a área dos sanitários. Contudo, interrompo o passo no instante em que avisto em uma mesa no canto, próximo ao balcão das bebidas, Lamar acompanhado de uma mulher, os dois aparentando intimidade.

Por um momento, penso que estou enxergando errado. Mas, não, é realmente ele. Observo-o segurar a mão da tal mulher e em seguida beijá-la, e ela sorri.

Eu não acredito no que esse filho da puta está fazendo!

Antes que eu perceba, estou caminhando diretamente para onde estão e Lamar leva um susto ao notar a minha presença. Nós nos encaramos.

– Noah?

– Oh! – a sua acompanhante exclama, olhando-me – Você não é o Noah Urrea?!

Não respondo. Não tenho paciência e nem vontade. Meus olhos estão fixos em Lamar, o meu antigo professor, e a fúria faz o sangue borbulhar em minhas veias.

– O que você pensa que está fazendo? – indago, enfurecido – Você me fez uma promessa e agora está aqui, com outra mulher?

– Noah, não é o que está parecendo...

– Eu confiei a felicidade da Any a você, abri mão do que mais amava porque sabia que seria o único capaz de amá-la tanto quanto eu. – passo as mãos nos cabelos, transtornado – Eu permiti que você casasse com ela, porra!

Minha voz sai com mais força do que o normal. Estou gritando e não dou a mínima. Lamar levanta de maneira cautelosa e se põe diante mim, com um olhar comedido.

– Noah, se acalme! Você está chamando a atenção de todo mundo – murmura.

Respiro fundo, buscando controlar a raiva. Olho ao redor e percebo que somos o centro das atenções do bar inteiro. Eu sei que estou fazendo algo desnecessário e que, sendo uma celebridade, isso é péssimo. Mas essa é a última coisa com a qual me importo.

Vejo-o cochichar algo para a mulher que o acompanha e que observa tudo com espanto no rosto. Ela consente com as suas palavras, que não faço a mínima ideia do que sejam, provavelmente uma desculpa, e logo Lamar se dirige a mim:

– Por favor, venha comigo. Eu preciso falar uma coisa.

Mesmo contrariado, acompanho-o e entramos na área dos banheiros. Longe dos olhares alheios, nós nos confrontamos, e, diferente do que presumo, ele suspira e recosta na parede atrás de si, calado. Fervilhando com tantas emoções ao mesmo tempo, ando de um lado para o outro no estreito corredor, até lançar contra ele:

– A única coisa que eu pedi a você, Lamar, foi que amasse a Any da maneira que eu infelizmente não poderia fazer. Que fosse fiel a ela. Eu me humilhei! Permiti que...

– Primeiro: eu quero deixar bem claro que você não permitiu absolutamente nada. – interrompe-me – Se eu concordei com aquela ideia absurda, da qual fui contra e você sabe disso, foi porque o meu lado egoísta viu uma chance de finalmente estar com a mulher que eu amava. Prometi que cuidaria da Any, pelo simples motivo de que não queria vê-la nos braços de outro homem, uma vez que você estava fora do jogo.

Estreito os olhos e cerro os punhos, entretanto, não me movo. Sei que está certo. Ele não fez por mim, óbvio que não. Fez por si mesmo. Porque também a amava.

𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃Onde as histórias ganham vida. Descobre agora