O que eu vou fazer?

– Eu vou... Ahn... Deixar vocês à sós. – Any levanta e me lança uma olhada complacente, com um pingo de compaixão – Se precisar de mim...

– Eu sei, amiga. Obrigada.

Uma vez que Any sai do quarto, procuro apoiar Bay do jeito que posso e o ajudo a caminhar para próximo da cama, onde senta outra vez na beirada do colchão. Eu permaneço de pé, nervosa demais para manter a bunda parada em algum lugar.

– O que aconteceu comigo? – ouço-o perguntar.

– Você desmaiou.

– Desmaiei? Mas, por que?

Troco o peso de uma perna para a outra, e teria roído o restante das minhas unhas se tivesse sobrado algum pedacinho para contar história. Mais que tensão!

– Sofya?!

Meus olhos recaem sobre ele, que aparentar estar mais lúcido do que antes, e já não posso mais adiar o inadiável.

– Bay, fique calmo e me escute com atenção, tudo bem?

Meneia a cabeça, nitidamente intrigado. Seguro as suas mãos de maneira hesitante e engulo uma boa dose de ar. Então, digo:

– Não foi um sonho.

– O que?

– Não foi um sonho. Eu... Eu realmente estou esperando um bebê.

Instantaneamente, o seu rosto perde a cor (de novo). Me preparo para acudir mais um eminente desmaio, mas, ao invés disso, tenho os dedos apertados com certa força.

– Está falando sério? – sua voz soa tão rouca, que me arrepia até a alma.

– Sim, e-eu... Eu... Sim!

– Quando?

– Algumas semanas atrás. Na verdade, descobri um pouco depois que brigamos aquele dia e, desde então, venho mantendo esse segredo. A minha anemia foi causada pela gravidez também. É normal que a mulher precise de uma quantidade extra de ferro durante a gravidez nos primeiros meses e.... E... Ah droga! Eu sei que a última coisa que precisávamos era de uma gravidez, mas... Mas... Aconteceu!

Me afasto, sem dar tempo para que a sua rejeição o faça. Agora sou eu quem anda de um lado para o outro no centro do quarto, parecendo uma barata tonta e sem a mais vaga ideia do que fazer além disso.

Bailey continua calado. Seus olhos castanhos escuros acompanhando cada passo que dou e toda a sua quietude me desesperando. Acho que daqui a pouco sou eu que caio esparramada e desacordada nesse chão.

No instante em que os nervos culminam em mim, grito:

– Eu sei que a culpa foi minha! Eu deveria ter prestado atenção, me precavido mais. Só que... Só que aconteceu e...

Ponho a mão sobre o ventre e, inevitavelmente, começo a chorar. Encaro-o, porém, ele se mantém quieto e todas as minhas forças desabam.

É isso, afinal. Ele irá nos abandonar.
Bom, eu não posso culpá-lo. É muita responsabilidade para um garoto de apenas dezenove anos e que ainda vive na sombra de um relacionamento conturbado com o pai controlador. Sem contar que é algo que vai impactar todos os seus planos para o futuro, tudo o que sonhou.

No fundo, eu entendo. Por mais que me doa, eu entendo.

Diante sua falta de resposta e atormentada por todas as emoções que contorcem dentro de mim, reúno o que resta da minha dignidade e, mesmo que as próximas palavras me partam em duas, digo:

𝑰𝒓𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊́𝒗𝒆𝒍 𝒆 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍 ❃ Noany ❃Where stories live. Discover now