"A outra Leonoora."

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Harry apertava o Profeta Diário trazido pelo Dobby nas mãos trêmulas e machucadas. Lia uma notícia atentamente.

- Outro vilarejo bruxo foi atacado. - a raiva é palpável na sua voz. Com a notícia, automaticamente me sinto mal, meus olhos lacrimejam sem que eu possa controlar. - Ele está me procurando.

Todos encaravam o Harry consolando-o, mas eu não conseguia nem me mover, a hora de contar a verdade havia chegado, e já havia demorado demais.

- Ele não está procurando você. - digo fazendo os olhares curiosos seguirem até a poltrona rosada que eu estava encolhida. - Está procurando a outra Leonoora, está procurando a mim.

- O que? Por que ele iria atrás de você, Noora? - Rony pergunta confuso. - O que você fazia na casa dos Malfoy esse tempo todo?

A culpa atinge os meus ombros, estava envergonhada pelo que a outra Leonoora havia feito, e quem ela era.

- Deveriam empunhar as suas varinhas. - alerto.

- Noora, o que aconteceu na mansão Malfoy? - Hermione pergunta calmamente.

- Não precisa ter medo, eu não vou deixar de ser a sua amiga. - Luna aperta as minhas mãos trêmulas, me fazendo chorar mais ainda.

- Por que ele está procurando você, Noora? - Harry pergunta com calma.

- Porque eu sou a filha dele. - respondo fazendo até a Hermione perder a voz.

Um silêncio mortal toma conta de toda a sala, apenas o meu choro alto era ouvido, Gui e Fleur estavam me olhando de uma maneira indecifrável e os outros estavam assustados demais para esboçar qualquer reação.

- Não é tão ruim assim, podemos superar isso. - Harry tenta, e eu choro mais ainda negando com a cabeça.

- Não, tem a outra Leonoora. - explico fazendo todos me olharem como se fosse uma maluca. - ela toma conta de mim quando ele está por perto. Ela é a arma dele, a única coisa que pode matar você. - aponto para o Harry.

Ele não parecia entender absolutamente nada, seus olhos ficaram eternamente em expressão de surpresa.

- Outra Leonoora? - assinto quando Hermione questiona.

- Ela é mais forte do que eu, mais corajosa e me deixa muito fraca quando aparece. Ele a controla totalmente.

- A arma? Você está maluca? - Rony finalmente fala.

Nego com a cabeça, gostaria de estar.

- Eu sou o fruto da única coisa que ele amou, ninguém é um completo monstro, nem ele. - Suspiro. - O lado ruim também está em mim, e ele o controla muito bem, acredite.

- E como é essa... outra Leonoora? - Harry pergunta.

- Bom, ela faz magia sem a varinha e não sente absolutamente remorso algum de matar ou torturar, ela faz questão de jogar essa parte para mim. - Tento fazê-lo entender. - Ela te mataria em segundos, Harry, não iria gostar dela.

- Existe um outro detalhe. - Draco fala. - Sabemos que o Lorde das Trevas nutre um certo medo pela... - parece ter dificuldade em falar. - pela outra Leonoora.

- Por que ele teria medo de algo que pode controlar? - Hermione se questiona.

- Talvez porque não possa controlar para sempre, se ela é a arma dele, e acima de tudo a poderosa filha, ela é a nossa melhor chance contra ele. - Luna conclue me fazendo tremer de medo.

Uma ratinha, Leonoora, você é uma ratinha medrosa.

- Quem vai precisar matá-lo, é você, Noora, sinto informar. - Rony diz pesaroso.

Levanto prontamente da poltrona. Não, não vai acontecer.

- Não. - Digo correndo do chalé, não havia lugar para onde correr, mas eu continuava.

Passos fortes na areia se aproximavam de mim mesmo que eu continuasse a correr com todas as minhas forças.

Sinto as mãos fortes me segurarem pelo braço e me puxarem para si me fazendo parar com brutalidade.

- Me escuta agora, Leonoora! - O Draco pede mas eu nego chorando. - Você vai me escutar sim! - grita me fazendo arregalar os olhos. - Eu cansei dessa porcaria de outra Leonoora, era legal na cama ou coisa do tipo, mas essa palhaçada precisa acabar. - segura o meu rosto.

- Do que...- tento.

- Não me interrompa! - assinto. - Não existe essa porra de outra Leonoora, eu sei que é difícil admitir que tem um lado ruim forte, acredite, mas não existe outra Leonoora, é só você! - choro com as palavras duras. - Foi você que torturou todas aquelas pessoas, não foi a outra Leonoora, foi você que matou aqueles animais, foi você que teve coragem para desafiar até o Lorde das Trevas, foi você, só você. - caí de joelhos negando com a cabeça, ele fica ao meu lado. - aquela coisa dos olhos brancos e todas as maldições? Era você, Leonoora, o tempo todo.

- Não! Pare! - Grito de volta negando com a cabeça.

- Não pode negar isso para sempre, Noora!

O choro, o arrependimento, tudo volta para mim, cada cena, me causa até uma pontada na cabeça.

- Eu não quero ser uma vilã. - suplico pedindo para que ele me deixe viver na minha mentira.

- Você não é uma vilã, estamos no mundo real, meu amor, se nem o Lorde é totalmente ruim, como você poderia ser? Ninguém consegue ser totalmente ruim.- me abraça e eu molho a camisa inteira com as minhas lágrimas. - Sabe quem me ensinou isso? - nego com a cabeça me acalmando um pouco.

- Bom, foi a outra Leonoora, ou seja lá como você prefira chamar as quinhentas Leonooras que estão aí. - beija a ponta do meu nariz. - você me disse que eu era um homem bom, Noora, teve fé em mim e me amou.

- Você é. - digo firme.

- Então, querida, eu estou dizendo para você, que eu tenho fé em você, e que eu amo cada uma das Leonooras que estão aí, até aquela que belisca a minha barriga, aquilo realmente doi. - sorrio com as palavras reconfortantes. - Devo dizer também que todas são muito gostosas, especialmente a que gosta de fazer em público e usa o espartilho que deixa os seus peitos mais bonitos do que já são. - gargalho com a bobagem que ele fala, dando um soco leve no estômago.

Mas, os problemas não somem como eu queria que sumissem, eles estão ali, e eu?

Estou morrendo de medo.

- Nem eu nem nenhuma Leonoora vai matá-lo. - concluo. - Não consigo, não sou forte o suficiente e não posso matar a minha única família. - digo sem esperanças.

- Você o conheceu dias atrás, Leonoora. - Fala.

- Você não entende, Draco, até os meus 15 anos, eu não tinha amigos, eu não tinha ninguém, nem um bichinho de estimação, eu só tinha a minha família, éramos só nós. - explico. - e em um dia qualquer eu me vi presa em um porão chorando pela morte deles no piso de cima, fui arrastada para um mundo incrível, conheci pessoas incríveis, mas eu sinto falta de ter uma família.

- Noora...

- Não me interrompa. - peço. - ele pode ser horrível, mas é a única família que eu tenho. - limpo as lágrimas. - Eu só estou cansada de ser arrastada como uma mala porque na verdade não tem ninguém da minha família que esteja vivo.

- Está enganada, desculpe. - diz e eu o olho confusa. - A DiLua, costurou vestidos para você e apoiou você até quando soube da notícia. - aponta para o chalé onde a Luna nos observava roendo as unhas. - O McLaggen passou horas, literalmente horas sentado na porta da enfermaria chorando por você estar ferida. A Velha McGonagall colocou você dentro da própria casa e a acolheu sem pedir nada em troca.

- Onde quer chegar? - pergunto.

- Não me interrompa. - Assinto sorrindo. - E eu, Noora, não sei se já notou, mas não existe nada que eu não faça por você, sempre faço de tudo para você ficar bem e feliz. Isso não se parece família para você? Ou precisamos compartilhar sangue?

BE EVIL || DRACO MALFOYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora