Capítulo 103

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[Evelyn]

“Quanto tempo vamos ficar aqui?” Questionei depois de desligar o aparelho, sem respostas concretas por parte do meu melhor amigo e sentindo a preocupação crescer. Não queria ir embora para sobreviver, mas para ter a certeza que estava tudo bem com ele.

“Calma.” Ashton indicou-me enquanto continuava a fitar o exterior da janela. “Já devem ter dado conta do que aconteceu, não vamos ficar aqui muito mais tempo.” Avisou. “O Michael disse que o teu irmão não estava longe de onde estamos, chegam em menos de duas horas.”

“Ou seja, temos de aguentar aqui dentro duas horas?” A minha pergunta foi respondida ao ouvirmos os gritos graves e desesperados de Kevin a indicar que nos encontrassem imediatamente. Senti-me estremecer com tamanho ódio em meras palavras e respirei fundo para manter a calma.

“Vamos” O rapaz puxou-me para que seguíssemos para o interior de um armário. Tivemos de manter os nossos corpos colados um ao outros e os seus braços vieram ao meu redor, garantindo que eu estava protegida. Senti-me tão confortável nos seus braços e, embora não transmitissem os mesmos sentimentos que os de Harry, sabia que ele estava a fazer aquilo que bom coração e eu não sabia como poderia agradecer aquele gesto.

Ouvimos alguém entrar no espaço, mas foi tão rápido que mal tive tempo de respirar. A personagem deu duas voltas no quarto e voltou a sair, deixando-nos respirar de alívio.

“O que vale é que eles são burros.” Ouvi-o sussurrar num tom divertido e, não fossem as circunstancias, ter-me-ia rido do comentário.

Depressa o ambiente se começou a alterar e os gritos passaram de ordens de procura a ordens de fuga.

“Fica aqui.” O rapaz ordenou enquanto abandonava o armário e se aproximava da janela, observando de novo o exterior. “A polícia, o teu irmão deve ter chegado” Apontou com um sorriso. “ Vamos sair daqui Evelyn.” A sua frase fez-me sair também do compartimento e corri para o abraçar.

“Que bonito.” Um homem surgiu na porta e riu-se.

Depressa Ashton colocou-se à minha frente em posição de proteção e dei-me conta finalmente da arma que trazia consigo. Em menos de dois minutos os dois envolveram-se numa luta desmedida até o rapaz dos caracóis deixar o outro inconsciente.

“Parece que não sou assim tão mau, não achas baixinha?” Ashton piscou-me o olho e eu arregalei os olhos com o comentário. Ele riu-se de agarrou a minha mão puxando-me com ele. “Sempre atrás de mim, ouviste?” Limitei-me a acenar sem me sentir capaz de pronunciar uma única palavra.

Após descermos umas escadas parecia que estávamos livres daqueles homens nojentos e severos, mas uns disparos surgiram de repente, obrigando-nos a esconder atrás de uma mesa que Ashton pontapeou e deitou no chão. Ele obrigou-me a deitar enquanto se erguia de vez em quando para responder aos disparos com a arma que já trazia em punho desde o andar superior. O som ensurdecedor da pólvora a queimar, estremecia nos meus ouvidos e obrigou-me a tapá-los com o pânico a obrigar-me a chorar sem dar conta disso.

“Evelyn” Ashton chamou-me finalmente quando o inferno pareceu parar. “Evelyn olhar para mim” Pediu com a voz entrecortada e sofrida. Depressa os meus olhos captaram o vermelhão que a sua t-shirt mostrava.

“oh meu deus..” deixei escapar elevando a sua t-shirt e vendo as duas feridas criadas pelas balas impregnadas no seu corpo. Uma no abdómen e outra mesmo por baixo do seu peito, do lado esquerdo. “Ashton, tu-“

“Evelyn foge.” Ordenou tocindo.

“O quê?” Questionei atónita.

“Vai embora, toma” a sua mão pegou na minha e, com a outra, o objeto gelado foi colocado na minha mão. “corre, a saída deve ser depois daquela esquina onde eles estavam…” Tentei falar na sua pausa para respirar, mas não consegui, sentia a garganta doer-me pelo nó que se estava a formar. “vai ter com o teu irmão e sai daqui.”

Save Yoυ  △ |h.s|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora