Capítulo 69

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Leiam a nota de autora se querem perceber as coisas a partir daqui ! ( e já agora respondam e não me matem ) Obrigada (:

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“O quê?” A pergunta repetiu-se da minha boca, estalando com a incredulidade. Sentia os nervos crescerem-me no instinto e queimarem-me na vontade imensa de chorar. Queria gritar todas as asneiras do mundo e saltar na fúria da incompreensão. “Isto nem sequer faz sentido, o Harry… ele salvou-me a vida, ele… ele …” Tentei argumentar em defesa do homem que tem estado do meu lado nos meses mais difíceis da minha vida. Como podiam eles chegar ali, depois de me abandonarem, e dizerem que afinal o mau da fita era ele? Como se atreviam a culpá-lo de algo que nem fazia sentido?

“Nós acreditamos que o plano dele inicial seria adquirir a tua confiança, recolher qualquer informação que lhes pudesses dar.” Liam falou pela primeira vez tentando aproximar-se, mas eu levantei-me quase que sem pensar no meu ato. Foi como se, de repente, não quisesse qualquer contacto com ninguém, com nenhum daqueles seres que tantas saudades me haviam provocado.

“Ele sabia que mais tarde ou mais cedo eu teria de te contactar, tu terias de saber alguma informação sobre o meu paradeiro e era isso que ele queria. Depois, só tinha de te matar para terminar a vingança.” O meu irmão olhou-me e eu podia ver-lhe a certeza escorrer no seu tom de voz. De alguma forma sabia que havia a possibilidade de ele estar certo, mas ao mesmo tempo, algo me dizia para não confiar nessa pequena possibilidade, algo me dizia para não acreditar em nada daquilo.

“Qual vingança?”

“É uma longa história, mana, eu-“

“Não me chames mana.” Pedi sentindo a repulsa encrustar-se na minha garganta, pronta para saltar sob a forma de todos os adjetivos horríveis que me assaltavam a mente para o ofender.  Vi-lhe a desilusão no olhar, mas acabou por assentir, compreendendo o meu momento. “E eu quero ouvir que porra de história de vingança é essa” Acabei por gritar.

“Quando o pai ainda andava na faculdade, ele tinha um grupo de amigos.” Começou a explicação enquanto se levantava, ficando bastante mais alto do que eu. Tentou a avançar, mas eu tornei a afastar-me e ele entendeu pacificamente. Deixei-me ficar perto de Niall que assistia a tudo aquilo sem uma palavra, intacto no seu espanto, mas ainda assim, sendo o único que me transmitia confiança. “Nesse grupo de amigos estavam os pais dos nossos amigos, lembraste? Eles ainda eram amigos antes de tudo isto.”

“Lembro.” Respondi, sentindo uma sensação amarga estalar-me na língua ao recordar todos os episódios em que aqueles adultos se haviam desviado só para não cruzarem o meu caminho. O quando Lydia quase me expulsou da sua pastelaria.

“Na época da faculdade, existia mais um homem, o nome dele é Troy e é ele que está por detrás disto tudo.”

“Se eles eram amigos, porque é que ele quer vingar-se de nós?”

“Eu não sei o motivo, só sei que, pouco antes de tu nasceres, eles zangaram-se e esse Troy prometeu vingar-se de nós, eles têm estado em guerra desde então. O pai nunca teve negócios no mercado negro ou na máfia, ele entregou muitos homens que estavam ligados a esses ramos e por isso é que ele tinha tantos inimigos.” Acabou por explicar, como se tivesse acabado de atirar uma flecha flamejante na minha direção.

Culpa, culpa era tudo o  que poderia sentir naquele momento, por ter pensado todas aquelas coisas do meu pai quando, no meio de tudo isto, ele era inocente e só fez o bem.

“Isso não justifica o Harry.” Avisei-o cruzando os braços e esperando que ele não tivesse uma verdadeira justificação para isso.

“Eu sei, calma.” Fez uma pausa voltando a sentar-se, mas noutro sofá, passou as mãos pelas pernas, como que fazendo tempo para procurar as palavras corretas. “Durante algum tempo, o pai acolheu crianças órfãs, pagando-lhes os estudos até uma certa idade e procurando lares acertados para elas, lembraste?” Assenti. “Bem, esse tal Troy pensava que o pai estava a formar crianças para serem os seus espiões, as suas máquinas de matar, soldados que lhe iriam obedecer cegamente, sem fazer perguntas e cumpririam todas as missões pedidas.” Fez de novo uma pausa, esperando que eu entendesse e processasse toda aquela informação. Sabia que estava a ser demasiadas coisas para a minha cabeça, para o meu coração, para toda a minha sanidade, mas mesmo assim não conseguia parar-me a mim própria. “Por isso, ele próprio começou a recrutar as suas próprias crianças e a formar os seus próprios soldados.”

Save Yoυ  △ |h.s|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora