Capítulo 35

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(Leiam a nota de autora por favor)

Primeiro POV do Harry wiiii <3

[Harry]

Não sentir. Não deixar que nada de afete. Não ser sensível a qualquer tipo de afeto. Era tudo o que eu tinha de fazer. Fiz uma promessa, simples e direta: não posso sentir compaixão. Porque é que tinha de ser tão difícil isso com ela?

“Harold!” Ouvi a voz grave do homem pronunciar enquanto batia no meu ombro. Deixei os meus lábios caírem numa linha direita, não mostrar emoção. “Pensava que o Yaser já tinha acabado contigo, mas continuas aqui rijo seu filho da mãe.” Max sentou-se ao meu lado com um braço sobre o balcão. Fixei o copo de Whisky entre as minhas mãos, mas ainda assim conseguia ver o reluzir do seu anel de ouro no dedo mendinho. “Traga-me um igual aqui ao do nosso amigo.” Gritou para o barman e o jovem rapaz lançou os olhos na minha direção como que se questionando. Assenti-lhe ligeiramente e ele logo começou a preparar a bebida.

“Sabes que não sou fácil de deitar abaixo, além disso o Yaser tinha mais com que se preocupar.” Levei o resto do líquido aos lábios, sentindo-o queimar-me na garganta e ardendo-me no estômago vazio. O vidro colidiu com a madeira do balcão e finalmente fixei os olhos negros do careca, gordo, rico e nojento, à minha frente. “Tens-te portado um pouco mal, não é Max?” Rodei um pouco o banco para poder ficar de frente para ele. Os meus dedos passaram nos rebordos do meu copo enquanto o jovem deixava o Whisky para o russo diante de mim.

“Não sei do que falas.” Tentou fazer-se de desentendido e um sorriso irónico saiu da minha boca quando ele deu um trago na bebida alcoólica. “Sabes Harry, às vezes pergunto-me no que terão visto em ti.” Revelou enquanto voltava a pousar o copo no balcão e fixou o barman atender outros clientes. “Pensava que serias um pouco mais esperto, mas vir aqui sem qualquer tipo de proteção falar comigo não é lá muito inteligente.” Acabou por esclarecer mesmo que eu já soubesse do que ele falava.

“Referes-te à bola de basquetebol nas mesas de bilhar?” Olhei um dos seguranças disfarçados que estaria com ele. Max pareceu surpreendido mas depressa se recompôs, na esperança de que eu não identificasse os outros. “Ou talvez o palito na mesa das prostitutas? Melhor, o solitário do outro lado do balcão?” Fui indicando todos os homens que estariam ali para me matar e os olhos pretos do russo fixaram-se nos meus procurando indícios de medo ou receios. Mas não encontraram nada, pois nada neles existia. Estava vazio. “Eu sei que tu foste atrás dela Max.” Saí do banco colocando-me de pé em frente ao criminoso, permanecendo da sua altura. “E sabes o que te disse da última vez, não sabes? Ficar longe dela e eu não acabaria contigo?” O homem assentiu sem uma palavra e eu sorri vitorioso com o medo enclausurado na sua figura. “Sabes Max? Eu também tenho os meus reforços, pensei que fosses mais… esperto.” Retirei o frasco do meu bolso e deixei o líquido do seu interior cair para o seu Whisky, vendo o líquido amarelo tornar-se roxo e os olhos de Max abrirem-se em surpresa e incredulidade.

Pousei o frasco ao lado do copo e caminhei para a saída do bar ainda ouvindo o homem asfixiar e, por fim, o seu corpo cair inerte no chão, sem vida.

-:-:-:-

Tenho passado todo o tempo a viajar de um lado para outro, atrás de todos os potências inimigos de Yaser, fazendo-os desaparecer ou garantindo que nunca mais se colocam no meu caminho. Mesmo que tudo isto fosse apenas uma desculpa para me manter longe dela. Estava a dar-me cabo da cabeça tudo o que tem acontecido e nem me tinha apercebido do quão ligado estava a ficar.

Não que tenha qualquer sentimento por ela, isso nunca vai acontecer. Isso não pode acontecer. Mas simplesmente dá-me a volta à cabeça a maneira como ela age, a simples forma como fala é suficiente para me levar ao extremo da minha sanidade. O seu orgulho e a sua teimosia são o pior no meio de tudo, mas também o excesso de bondade que tem no coração. Nunca vi alguém tão altruísta, tão idiota. Sim idiota, porque ela pensa sempre nos outros e esquece-se que ela própria também precisa de cuidados. Nesse aspeto ela é completamente diferente do sacana do irmão que fugiu e a deixou sozinha. Mas ainda assim ela continua a amá-lo e não vê qualquer tipo de maldade na sua atitude! Como é que alguém consegue ser assim? Mais, como é que o pai e o irmão conseguiram colocar alguém tão inocente nesta situação? Ela não merecia nada do que se está a passar com ela, não merece metade do sofrimento por que está passar nem a aquilo que lhe vai acontecer. Ela merece ser feliz, na sua inocência.

Save Yoυ  △ |h.s|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora