Save Yoυ △ |h.s|

Capítulo 34

( leiam o que está a negrito por favor !)

Sentei-me no sofá. O chocolate quente entre as minhas mãos aquecia-me levemente os dedos que ameaçavam paralisar devido ao frio. Os primeiros flocos de neve faziam os seus caminhos do céu para o chão e os seus enfeites duradouros de Inverno cresciam em redor das ruas, das casas, das pessoas. Sentia o corpo dorido devido ao esforço físico que fizera anteriormente mas o descanso estava por vir e não me podia queixar. Liam chegava tarde e por isso a casa estava vazia. Como sempre.

Dei um travo na bebida doce enquanto a minha mente divagou por todos os acontecimentos. Nunca mais me atrevera a aproximar da pastelaria dos pais do Marcel. Sentia-me desconfortável só de passar por aquela rua, então evitava sempre passar por lá.

Mais estranho de tudo eram os meus pensamentos que sempre acabavam dirigidos a uma só pessoa. Parecia que tudo o que eu fazia, tudo o que acontecia acabava por me fazer lembrar dele. Alguma expressão que eu sabia que ele diria, a forma zangada como agiria em relação a algumas das minhas ações. E sem dar por isso estava a ser influenciada pelos sermões mentais que eu reproduzia na minha cabeça com a sua grave e rouca voz, que aos poucos se ia distanciando na memória passando a um pequeno murmúrio surdo que eu corria para alcançar, mas nunca conseguia. Fugia-me pela ponta dos dedos a sua imagem dispersa no amontoar de tempo sem o ver na realidade. Esquecia-me dos seus pormenores que tanto analisara ao longo do tempo, mas nunca, - em vez alguma - esquecera a sua existência. A preocupação, além de toda a curiosidade, sucumbia no meu estado de espírito desorganizando os meus sentimentos e abalando a minha consciência. Porque é que isso acontecia? Eu não sei. Se queria que parasse? Por incrível que pareça, – e por muito que a minha mente gritasse o contrário - eu sabia que não.

“Cheguei.” A pronúncia acentuada de Liam despertou-me do transe que haverá criado nas minhas recordações. Não lhe respondi pois a sua figura apareceu na sala antes que o pudesse fazer. Sorriu-me daquela forma doce e carinhosa que tanto apreciava, e sentou-se do meu lado.

Ofereci-lhe um pouco da bebida quente e ele aceitou de bom grado. Era uma das muitas coisas que tínhamos em comum: chocolate. Ambos adorávamos esse doce de uma maneira aterradora, por vezes chegava a comparar a cor dos seus olhos com o castanho do chocolate, talvez não pela tonalidade, mas sim pelo simples facto de ambos terem uma doçura capaz de melhorar bastante o meu dia. Será que o Harry também gosta de chocolate?

Não penses nele Evelyn, por favor.

“Que se passa?” O rapaz questionou depois do seu trago e entregou-me o copo. Voltei a envolver o objeto com as mãos procurando aquecê-las. Tinha-as sempre tão frias.

“Nada, porque perguntas?” Tentei a todo o custo esboçar o meu melhor sorriso para que ele não se preocupasse. Mas o efeito foi totalmente o contrário, as suas fortes mãos retiraram a caneca das minhas, colocando-a sobre a mesa de café. Depois, pousou as mãos nas minhas pernas e obrigou-me a virar-me para ele, ficando de lado no sofá. Enfrentei aqueles olhos grandes fixos nos meus e os calafrios percorreram a minha espinha.

Dejá vú.

“Para com isso.” Pediu calmamente e eu senti-me obrigada a perguntar-lhe ao que se referia. Liam estava demasiado sério, talvez até um pouco irritado, e eu nunca o vira agir assim comigo. “Para de me mentir, de mentir para todos nós. Dizes sempre que estás bem quando sabes perfeitamente que não estás. Porque é que guardas tudo para ti? Diz-me de uma vez o que sentes, Evelyn. Estou farto de fingir acreditar mais nessa tua mentira absurda.” O tom de voz era elevado e eu encolhi-me com ele. Não estava propriamente a gritar comigo, mas assustou-me vê-lo agir daquela maneira, embora soubesse que ele estava certo.