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Capítulo 98

“Estás a ouvir-me? Sai daí!” Michael continuou a gritar de forma estridente no meu ouvido. Senti-me tentado a experimentar a ideia que tinha na cabeça, mas as vozes que surgiram logo depois do outro lado da porta despertaram a minha atenção.

“Fodasse” Sussurrei olhando em redor e procurando um sítio seguro para me esconder. “Michael arranja-me um sítio para me esconder!”

“Fodasse, fodasse, fodasse, calma…” Ouvi-o do outro lado. Mas não havia tempo. Voltei a colocar o quadro no lugar e impulsionei o meu corpo na direção da janela. Abri-a com calma, ouvindo o click da porta enquanto alguém a abria, seguido de vozes masculinas e, uma que reconheci de imediato como sendo Troy.

A minha visão captou a altitude a que me encontrava e tive dois segundos para me empoleirar nos tijolos salientes da parede e atirar as minhas mãos para o parapeito da janela de cima.

“Michael diz-me que tenho uma saída daqui, se ele ficar mais de vinte minutos ali dentro eu atiro-me daqui” Queixei-me espreitando para os 7 andares que estavam abaixo de mim.

“Tem calma, o Calum está a subir para o andar de cima e vai ajudar-te a subir para a sala à direita, está vazia.”

“Diz-lhe para correr pela vida dele” As dores nas minhas mãos estavam a começar a intensificar-se ao fim dos primeiros cinco minutos. Respirei fundo e tentei aproximar-me da janela do gabinete de Troy de novo, tentando escutar um pouco da conversa. Mas tudo o que poderia fazer era distinguir duas vozes estranhamente familiares. Agarrei-me à ombreira da janela, agachei-me o mais que consegui aproximando-me ainda mais.

“Meu caro, isto é a vida, negócios são negócios uns ganham, outros perdem” O homem que reconheci de imediato falou pausadamente e podia ver parcialmente a sua figura além dos cortinados.

“Nós tínhamos um acordo! Eu entregava-te a localização do Harry e tu deixavas a Evelyn em paz!” E um clique fez-se na minha cabeça imediatamente quando reconheci a voz que lhe respondera, num timbre frustrado e quase gritando.

“A localização que me deste do Harry não me serviu de nada, além disso, eu quero a Evelyn não o Harry, mas como tu és idiota, tal como o teu pai foi durante todos estes anos, nunca percebeste que, ao chegar ao Harry, iria chegar à Evelyn num piscar de olhos!”

“O que é que queres com ela, ahm? Tu nem sabes se ela é mesmo tua filha, e ela nunca te vai aceitar nem querer olhar para a tua cara, além disso tu não sabes onde eles estão agora!”

“Oh, mas isso é que tu te enganas…” A força nos meus pés perdeu-se de repente e, para me equilibrar tive de me agarrar melhor com as mãos, expondo a minha figura às duas pessoas no interior daquela sala.

“Harry?” Zayn fitou-me atónito e percebi de imediato o sentimento de angústia que o atingiu ao aperceber-se da minha presença.

“Fodasse.” Grunhi voltando a atirar-me para as saliências do edifício, ouvindo ainda Troy rabujar outras asneiras acionando o alarme.

“Que merda é que tu fizeste Harry?” Ouvi Michael berrar-me do auricular, mas não lhe respondi, quase voando para a janela onde Calum aparecia agora gritando para que me despachasse. Sentia a adrenalina escorrer-me pelo corpo aquecendo-o e contrastando com o frio Londrino, dando-me a força que eu não tinha e o impulso que eu precisava para sobreviver.

O som dos disparos provindos de outras janelas fez-me rugir de raiva até finalmente alcançar a mão do moreno e este ajudar-me a entrar na sala pretendida. Não deveria faltar muito até estar cercados de agentes e alunos altamente treinados, especializados em matar o seu alvo. Ambos corremos para o exterior da mesma e encarámos o corredor momentaneamente vazio. O som estridente do alarme continuava a soar ecoando nos meus ouvidos e as luzes presas no teto começavam a piscar, de modo a dificultar-nos a visão. Já habituado a esta situação e reconhecendo cada canto daquela instituição maldita, dirigi-me rapidamente para as escadas de emergência colocando a minha arma em punho e verificando se Calum fazia o mesmo.