Capítulo 77

18K 1K 132
                                    

[Harry]

Os dias contam-se e os segundos voam, como palavras que nunca deveriam ter sido proferidas. Odiava-me pelos meus próprios erros. Talvez se eu tivesse vindo embora assim que me apercebi do que estava a acontecer. Mas será que eu entendo o que se está a passar?

“Então, quem era?” Louis questionou entrando no quarto com uma caixa branca nas mãos. Fechou a porta com o é e sentou-se ao meu lado com um sorriso aberto. “Bem, por essa cara, já percebi que não foi uma conversa agradável.” Comentou deixando o objeto sobre as suas pernas.

“Era a Evelyn.” Revelei-lhe com um suspiro, erguendo-me e abrindo o telemóvel. “tenho de me ver livre deste cartão, ela não me pode ligar de novo ou o Troy pode-nos localizar.” Retirei o pequeno objeto e parti-o ao meio, colocando-o no lixo logo depois.

Parece lamechas mas estava a custar-me fazê-lo. Aquele seria o último meio de ligação que teria com Evelyn e não queria que isso acontecesse. No entanto, é o melhor a fazer, para os dois. Eu não era bom para ela nem ela era boa para mim. Melhor, ela é demasiado boa para mim e esse é mesmo o problema, não posso arrastá-la nesta maré de desgraça que me persegue eternamente.

“Eu tenho cá o pressentimento que ela não vai desistir assim tão facilmente.” Louis comentou retirando um donut do interior da caixa e levando-a à boca, fazendo questão de a deixar lambuzada de açúcar. Olhei-o confuso e ele simplesmente deu de ombros. “Sei lá, ela parece ser um bocado teimosa, além de gostar mesmo de ti.”

“Ela tem de me esquecer, tal como eu a vou esquecer.” Informei-o, sem qualquer convicção. Sabia que iria ser um trabalho difícil, mas ainda assim tinha de o cumprir. Era impossível ela ficar na minha cabeça para o resto da vida, certo?

“Sim, ficares na casa dela até te vai ajudar nisso e tudo, boa sorte.” Revelou com a boca cheia, fazendo criar um trejeito em desagrado.

“Limpa a boca.” Atirei-lhe desgostoso do seu comportamento e ele voltou a encolher os ombros, limitando-se a levantar e a abandonar o quarto.

“De qualquer das formas, achas mesmo que vais aguentar muito tempo?” Ouvi-o gritar-me algures da sala e revirei os olhos, seguindo atrás dele, procurando uma explicação das suas palavras. “Achas mesmo que o Troy não vai atrás dela? Depois de saber que ela é o teu ponto fraco, achas que ele vai ficar sem se vingar de o teres abandonado?”

“Então e tu?”

“Ele não sabe qual é o meu ponto fraco.” Louis pousou a caixa dos donuts na mesa e dirigiu-se à cozinha onde limpou as beiças e retornou à sala, continuando a comer.

“O teu irmão.” Apontei cruzando os braços.

“Não acredito que ele vá matar o único filho que lhe resta, a única pessoa em quem confia, só para se vingar de mim.” Atirou sem interesse. “Além disso, sabes que o Kevin e eu nunca fomos bons amigos, ele não será um ponto fraco, mas sim um favor.”

“A tua mãe.”

“Os meus pais separaram-se há muito tempo e, da última vez que verifiquei, o Mark fez questão de não deixar qualquer rasto deles os dois quando fugiram.” Contrapôs retirando outro bolo da caixa. “Meu, estas coisas são mesmo boas.” Comentou trincando-o. Revirei os olhos e suspirei. “Mas não interessa sobre mim, estávamos a falar de ti, cabeça oca.” Atirou enquanto caminhava para se sentar no sofá, ainda a comer o donut cor de rosa. “Não vai demorar muito até o meu pai encontra-la e, aí, ele vai atacar quanto mais não seja para te obrigar a voltar à agência. Achas mesmo que o Zayn percebe alguma coisa daquilo em que está metido? A segurança dele é uma completa-“ Foi interrompido pela música irritante do seu telemóvel.

Save Yoυ  △ |h.s|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora