Capítulo 40

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(alguém me pediu um capitulo dedicado, mas eu nao consigo encontrar o comentario e esqueci-me completamente! Peço que digas outra vez para eu dedicar ja este capitulo, por favor. Desculpa <3)

As suas mãos entrelaçaram-se e ambos tentavam manter olhares serenos, procurando não exaltar o ambiente. Senti-me derreter quando Liam desfez a posição para os seus braços correrem ao redor do corpo de Miriam que se desfez no reconforto do mais velho. O choro de novo soluçou no espírito da rapariga e eu tive de respirar fundo algumas vezes para não lhe seguir o caminho, guardando as lágrimas para trás, puxando-as para o fundo do meu ser e impedindo-as de me queimarem a pele. Sentia-me apodrecer à luz do remorso, da consciência pesada, da culpa por não ter impedido isto. Não era justo, não devia ter acontecido, não com ela… antes eu.

“Tens de descansar.” Pronunciei sentindo a garganta doer quando a voz de arrastou, presa nas minhas desavenças enquanto a via retomar o tabuleiro.

“Quem fez isto?” Liam interrompeu brutamente e eu olhei-o exaltada. Não queria que ela tivesse de recordar mais aquele momento e toda aquela tormenta, mas ao mesmo tempo sabia que era necessária a questão. A polícia já a havia interrogado mas sempre que chegava ao momento da identificação, ela deixava-se ficar no seu silêncio de dedos cruzados e olhar grudado no chão. Desta vez, limitou-se a prosseguir com a refeição ignorando-o por completo. “Miriam!” Ele chamou de novo, um pouco mais irritado do que deveria, e retirando os objetos do alcance da morena.

Os olhos castanhos saltaram na minha direção em busca de socorro e eu senti-me congelar à situação. Também eu queria saber quem teria feito aquilo, também eu queria saber que monstruosidade seria capaz de tal coisa. Queria as minhas justificações, as minhas desforras.

“Liam.” Citei levemente, com o intuito de ele se acalmar. Mas fui ignorada pois o rapaz permaneceu vidrado em Miriam que escondeu o rosto nas mãos. “Ela precisa de tempo.” Informei-o puxando o seu braço para se afastar dela.

“Ela tem de falar porra!” Liam ergueu-se e deambulou pelo quarto enquanto os soluços se formavam de novo entre os pequenos grunhidos por parte da morena. Saltei para o seu lado e deixei-a cair nos meus braços. “Quanto mais tempo ela falar, mais possibilidades ele tem de escapar.” Justificou sentando-se de novo à nossa frente e olhando-nos expectante.

“E-ele não é-é de c-cá…” Miriam falou pela primeira vez entre engasgos e gaguejos. Ambos a mirámos surpresos mas ao mesmo tempo satisfeitos pela sua coragem. Ela afastou-se de mim e inutilmente limpou o rosto com as mangas da camisa que lhe emprestara. Assoou-se uma e duas vezes até se voltar a ouvir a sua voz. “E-eu acho qu-e ele é d-de Donca-aster.”

-:-:-:-

Dei um último abraço à rapariga antes de ela entrar no carro e o motorista fechar a porta. Depois, olhei a mulher que permanecia com os óculos escuros postos na cara, embora ainda não existisse sol suficiente para os usar. Não havia vestígios de felicidade e eu entendia-a perfeitamente. Os cabelos quase pretos estavam apanhados delicada e formalmente, tal como a indumentária. Wendy fungou e passou levemente o lenço pelo nariz, de forma a não estragara a maquilhagem e deu um passo na minha direção.

“Obrigada pelo que fizeste por ela.” A mãe de Miriam disse no tom mais autoritário que conseguiu. Mas onde poderia ter uma mãe a autoridade no momento e na situação em que ela estava? Tive vontade de lhe tirar aquelas roupas, desfazer-lhe o penteado e gritar-lhe que não era momento para aparências mas sim para correr atrás a dignidade que resta à sua filha. “Eu sei que tens passado um mau bocado, só queria que soubesses, que eu fiz tudo o que consegui.” A mulher afastou-se de novo e entrou no automóvel antes que eu a pudesse interrogar sobre o que haveria dito.

Save Yoυ  △ |h.s|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora