Capítulo 12

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O meu corpo foi jogado contra o que percebi ser a parede exterior de um prédio. Fechei os olhos com força quando a dor aguda percorreu as minhas costas e os meus olhos arderam pelo sal das lágrimas que se acumulavam nos mesmos. Quis gritar de novo mas a minha boca foi tapada e desta vez não conseguia morder a sua pele encardida e nojenta. 

Senti a sua mão disponível percorrer a zona do meu estômago e depois tomarem lugar na minha anca enquanto eu tentava afastar aquele ser de mim. Mas era impossível, ele tinha muito mais força do que eu. Elevei o joelho acertando entre as suas pernas e o indivíduo soltou-me tentando aliviar as dores com as suas próprias mãos e eu aproveitei a deixa para correr o mais que consegui. Só queria encontrar um café ou algo parecido mas era uma rua completamente residencial. Os gritos do Harry surgiram na minha cabeça e eu martirizei-me por momentos, por não ter seguido as suas ordens. Porque é que eu tenho de ser tão teimosa? Ouvi o homem gritar atrás de mim e de seguida os seus passos como se me estivesse a seguir. 

Gritei várias vezes interiormente como que pedindo para que o Harry aparecesse ali, agora. Eu não sei porque é que estava a pensar nele e tinha aquele desejo tão forte de que ele me salvasse daquela situação, talvez porque ele diz ser o meu protector, mas eu ainda mal acreditava nele. No entanto era nele que eu pensava e era ele que eu queria ali naquele momento, para me proteger, para me levar daqui de volta para casa, nem que fosse nos seus próprios braços. Mas isso não vai acontecer, porque tu foste uma idiota. 

As luzes de um carro surgiram ao fundo da rua, seguidos do chiar dos pneus assim que derrapou na curva. O meu coração palpitou e eu não pensei duas vezes em aproximar-me da estrada fazendo sinal para o automóvel. Não me veio à cabeça que pudesse ser alguém pior no interior daquele veículo, eu só queria ver-me livre daquele verme que me perseguia. Mas antes que o carro me alcançasse senti os meus braços serem agarrados e de novo fui puxada para o passeio de forma que regressássemos à penumbra. Tentei gritar mas de novo a sua mão estalou na minha cara e a sua voz grave e seca ordenou que me calasse se não seria pior. Tentei soltar-me mais uma vez mas uma dor forte caiu sobre o meu estômago fazendo-me perder a força nas pernas e ajoelhar-me em frente ao sujeito. 

Senti a minha respiração entrecortar e aos poucos a falta dela. O meu peito não conseguia incluir mais ar e a minha visão turvou. O som dos grunhidos do homem enquanto tentava mover o meu corpo tornaram-se apenas ruídos de fundo e eu sabia que o pânico estava a assolar o meu corpo. A minha mente gritava para eu agir e não parar de lutar, mas eu simplesmente não me movia. Queria respirar e arrancar o peso que se sobrepôs nas minhas costas, mas eu não conseguia. 

A sombra que era criada em cima de mim pela figura do desconhecido desapareceu por instantes como se alguém o tivesse empurrado. Senti-me aliviada por momentos mas ainda assim o pânico não se afastou, permitindo-me apenas encolher as pernas trazendo os joelhos ao meu peito, e abracei-as, chorando como uma pequena criança. Enterrei a cara no meu colo e não pude fazer mais nada se não esperasse que a situação piorasse, ou que o meu estado regressasse ao normal. Eu sabia que algo à minha volta estava a acontecer e consegui distingui os faróis do carro ainda acesos no meio da estrada. Ouvi grunhidos e queixas, socos talvez mas eu não consegui perceber o que se estava a passar.

“Respira, Evelyn.” Alguém gritou bem perto de mim. A sua respiração estava acelerada e parecia que acabara de correr a maratona. “Olha pra mim.” Ordenou e algo gelado tocou nas minhas faces fazendo-me erguer a cabeça e fixar o vulto à minha frente. “Respira Ev, respira, já passou, está tudo bem agora.” A pessoa continuava a pronunciar e por muito que me esforçasse eu não conseguia saber quem era.

A sua voz não me era estranha mas estava distorcida. Sentia um peso excessivo nas minhas pálpebras e aos poucos elas foram fechando. Talvez fosse o Harry que me encontrara finalmente, será mesmo ele? Afinal ele veio proteger-me, será que me procurou pela cidade toda?

Save Yoυ  △ |h.s|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora