capítulo 37

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Então gente.. já estamos na reta final, o próximo capítulo será o penúltimo. T-T
Boa leitura. ❤️

(Kara)

Assim que descobri sobre a minha gravidez eu decidi contar toda a verdade para a minha mãe. Ela tinha o direito de saber, ainda que eu não fosse levar o seu julgamento a sério. Quando tomei coragem e falei para ela, a sua reação entretanto, me surpreendeu.

— Ela está mesmo na reabilitação? — perguntou esperançosa, roçando os nós dos dedos no lábio inferior.

— Sim, mãe. Ela se internou faz quatro semanas — disse aquela informação pela segunda vez. Ela assentiu pensativa, com o seu olhar distante.

— Bom. Muito bom...

— É? — indaguei pasma.

— É, Kara. Ela buscou por ajuda. Ela quis mudar. — Voltou seus olhos cintilando em lágrimas contidas para mim .

— Seu pai sequer pensou nisso... Nunca quis parar com as drogas.

— Sinto muito, mãe — sussurrei com a voz embargada — Agora posso imaginar o quanto isso deve ter te machucado. — Levei a palma da mão até o vale entre os meus seios, pressionando o ponto acima do coração.

Seria doloroso ter de esperar todos aqueles meses de internação sem poder ter contato algum com Lena. Eu não tinha o costume de orar, mas estive fazendo isso todas as noites antes de dormir.

Eu pedia para que Lena encontrasse a força de vontade necessária para responder bem ao tratamento. Pedia para que ela não sofresse tanto quanto sofreu em casa. Implorava aos seres celestiais para que a protegesse e a livrasse de todas as tentações e recaídas. Suplicava por seus pensamentos, que ela continuasse me amando e que amasse o nosso bebê. Mas, principalmente, que Lena voltasse uma mulher inteira para mim, para que eu pudesse, enfim, amá-la sem ressalvas.

Lena estava internada em um instituto em metrópolis, um lugar maravilhoso o qual eu pude estudar o site e conhecer melhor os seus métodos de tratamento. Fiquei impressionada com a beleza do local, parecia mais um recanto em meio à natureza em vez de um estabelecimento que tratava dependentes químicos.

Lá ela não tinha acesso à celular ou internet, seus únicos meios de comunicação com a família eram por meio de ligações semanais e uma visita mensal. Hoje completava um mês de sua internação e Mike e Sam acabaram de voltar de viagem. Além dos pais de Lena, Sam e mike faziam parte da lista dos visitantes autorizados. E era através deles que eu conseguia as notícias e acompanhava melhor o progresso.

Eu estava indo até a casa deles naquele momento, o coração batia apertadinho com a expectativa de boas novas misturado pelo medo de receber más notícias. Mal consegui suportar a angústia que a afligiu durante as duas primeiras semanas, a abstinência foi tão dura com seu organismo que ela chegou a ter convulsões. Eu agradeci aos deuses pela ótima equipe médica que monitorava cada etapa do tratamento. Cuidavam não só do seu corpo, como também de sua mente por acompanhamentos psicológicos através de terapias.

Tranquilizava-me saber que Lena estava em boas mãos, desse modo eu não me preocupava tanto a ponto de passar mal de ansiedade. Meus hormônios estavam à flor da pele, e cada emoção era sentida com maior intensidade. Tudo era motivo para eu chorar, até mesmo comercial de margarina me deixava em prantos.

Agradeci o motorista ao descer do táxi, e caminhei a passos vagarosos até a entrada da casa. Toquei o interfone e não demorou muito para eu ser bem recebida por braços enormes e acolhedores. Sam me envolveu em um abraço apertado, transmitindo através do contato a sua vulnerabilidade. Ela também precisava do conforto. Também era muito afetada emocionalmente pelas circunstâncias. As vezes tudo o que se era preciso para apaziguar os tormentos era um abraço amigo. Alguém que compartilhava da mesma dor e das mesmas preocupações.

T h e  B e a s tWhere stories live. Discover now