capítulo 21

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(Lena)

Kara mantinha a sua cabeça apoiada confortavelmente em meu peito enquanto assistíamos a um filme, não saberia dizer qual era, eu estava concentrada na sensação de seus cabelos deslizando entre os meus dedos e o aroma doce que eles emanavam. Gostava de sentir seu corpo moldado ao meu de forma tão entregue, do ressonar de sua respiração suave e baixa,soltei um pequeno suspiro ao encontrar seu rosto adormecido. Ela parecia tão serena e estava tão linda que eu não conseguia desviar os olhos, memorizando cada mínimo e gracioso detalhe, desde os seus longos cílios escuros assombreando as maçãs do rosto aos seus lábios. Lábios esses rosados, volumosos e ligeiramente entreabertos que me convidavam para um beijo delicado,Leve como um sopro eu resvalei minha boca na sua, sucumbindo à atração e desmoronando todas as minhas barreiras. Kara se aninhou ainda mais em meus braços e sorriu em seu sonho, precisei manter todo o meu controle para não acordá-la e terminar o que começamos mais cedo.

— Vamos para a cama, honey — sussurrei, enterrando o nariz em suas mechas e depositando um beijo na pele logo atrás de sua orelha. 

Carreguei-a em meu colo com passos pesados pelo sono o qual eu tentava afugentar, a porta de seu quarto estava aberta e passei por ela facilmente indo direto até a cama feita. Desci os braços com cuidado e a deitei no colchão, ajeitando o travesseiro sem fazer movimentos bruscos para não acordá-la e levei o lençol até abaixo dos ombros. Kara se virou apoiando uma de suas mãos abaixo da cabeça e eu fiquei presa ali, sem conseguir desviar o olhar.

Sentei-me ao seu lado, apoiando as costas na cabeceira branca com botões. Assisti a cadência calma do elevar e descer de seu peito a cada respiro e, quando menos esperei, fui me aquietando em seu embalo até a minha respiração acompanhar o ritmo de Kara. Ficou difícil manter abertas as pálpebras pesadas, pisquei algumas vezes tentando limpar a visão borrada, até chegar o momento em que as fechei e não voltei a abrir.

"Fazia muito frio, esfreguei as mãos geladas cobertas pelas luvas antes de me atrever a tocá-la. Ela estava tão dispersa nesses últimos dias, eu sentia falta da garota atrevida e das brincadeiras que me faziam perder o juízo. Algo estava errado. 

Toquei o seu braço e tentei puxar até poder segurá-la. Odiava quando ela caminhava à minha frente me deixando para trás como se eu não estivesse ali. Porém, meus dedos atravessaram o ar e sua figura se perdia cada vez mais na multidão. O burburinho aumentou e eu gritei chamando por seu nome, mas minha voz era engolida pelo barulho das pessoas falando e dos vídeos rodando pelos outdoors .

— Lana !

Corri, mas não saía do lugar. Olhei para o chão, para os meus pés batendo contra uma esteira, eu estava presa naquele lugar. Estava presa naquela maldita dimensão. Desesperei-me. O mundo escureceu e tentei enxergar no escuro, abrindo o máximo os olhos. Uma faísca chamou minha atenção. De repente me deparei em sua sala, com a mesa posta à luz de velas. As mãos suavam frio e o coração martelava contra as costelas. Era uma surpresa para ela. Seu presente de Natal pesava no bolso do meu sobretudo, aguardando o momento perfeito.

Seus olhos brilhavam em lágrimas. Meu sorriso se iluminou a cada palavra que saia de sua boca. Ajolhei-me, envolvendo a sua cintura. Fui empurrada.Agarrei-me ao vento.E então caí..."

— Lena, shhh. Está tudo bem, está tudo bem. — Aquela era uma voz diferente. Meiga.

 Meiga

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