capítulo 9

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(pov'Kara)

Passei o resto do dia com os nervos à flor da pele, a qualquer barulho eu
me assustava, achando que poderia ser a Srta Luthor.

Não tinha medo dela, mas medo pelo o que eu sentia ao vê-la.

— Pare de pensar nela, Kara! Preste atenção no que está fazendo! —disse para mim mesma quando deixei cair pela segunda vez o espanador. Porcaria…

Por mais que eu tentasse raciocinar normalmente, meu cérebro me traía com pensamentos inoportunos. Não adiantava, eu não conseguia controlar o
rumo que eles levavam. E pelos deuses, aquele sentimento me consumia de forma estranha, um furor queimava meu corpo ao mesmo tempo em que me excitava,eu não deveria me sentir assim, eu era uma desordem ambulante, um redemoinho de sensações, um paradoxo. Devia estar ficando louca de pedra! E isso me deixava ainda mais revoltada, por aquela idiota  me fazer sentir como se estivesse perdendo o juízo.

Sabia que a minha chefe tinha saído, mas isso não impedia minha paranoia, aguçava meus ouvidos para detectar o som do seu carro chegando.

Fiquei aliviada mais cedo quando a vi levando as duas sirigaitas  embora, fingi não ter notado seus olhos me procurando pelo recinto. No entanto, antes que ela pudesse me ver, adentrei o banheiro do térreo o qual tinha acabado de limpar e esperei até ter certeza de que estava sozinha na mansão. Só então tive a coragem de voltar até o quarto dela e arrumar aquela bagunça.

Havia dezenas de garrafas de bebidas jogadas ao chão. Enruguei o nariz ao olhar para o lençol amarrotado, pedindo ajuda aos deuses do Olimpo,nórdicos, e todos os que eu conhecia para conseguir prosseguir com o meu trabalho sem sentir nojo, e raiva..

Balancei a cabeça e continuei a arrumar tudo, franzindo os lábios ao trocar as roupas de cama e retirar os pacotinhos das camisinhas rasgados e arremessados sem cerimônias no chão. Ao menos ela se preveniu... Passei o lixo do banheiro para a sacola enorme e tentei não olhar o conteúdo, mas falhei miseravelmente ao ver de relance os tais preservativos usados e com nó ali dentro. Senti-me como faxineira de um motel, mas engoli os xingamentos e segui adiante. É lógico que uma mulher solteira e linda como ela teria uma vida sexual ativa, só não esperava dar de cara com as provas dos atos!

Enxuguei a testa com as costas da mão e verifiquei as horas no relógio de pulso. Um presente maravilhoso que ganhei da minha melhor amiga Lucy quando passei no vestibular, é um relógio pulseira em couro trançado, com dois pingentes em ouro envelhecido, um é o símbolo das Relíquias da Morte e o outro o símbolo do Tordo. Referências aos meus livros prediletos.
Notei já ser quase o horário do meu segundo intervalo e a fome crescente fazendo meu estômago rugir em protesto. Porém, preferi terminar o trabalho antes e só restava um cômodo, o escritório de Lena.

Atravessei o pequeno corredor e fechei os meus longos dedos ao redor da maçaneta
redonda, ao tentar girá-la percebi estar trancada.

— Mas que ótimo! — objetei para ninguém em particular. — Bom, se ela reclamar da sujeira eu vou jogar naquela cara perfeita que a culpa foi dela!
Dei um passo para trás tropeçando nos meus próprios pés e, ao tentar me apoiar na primeira coisa na minha frente, quase virei todo o carrinho para o lado, derrubando algumas coisas no piso impecavelmente limpo.
Merda! Como disse o Forrest Gump: Acontece.
Percebendo o estrago que fiz, um lamaçal tremendo por derramar o balde com água suja, agachei-me ficando de quatro e xingando tudo o que tinha direito enquanto enxugava o chão com um pano limpo.

— hum hum!

Senti o meu rosto perder a cor ao escutar um pigarro atrás de mim.
Fechei os olhos com força e fiz uma prece pra que tivesse sido uma alucinação, mas ao virar a cabeça encontrei minha chefe parada nos últimos degraus que dão para o segundo andar. O olhar dela estava fixo na minha bunda e as duas mãos deslizavam sensualmente pelos cabelos soltos, puxando-os para trás num ato que parecia desespero.

T h e  B e a s tWhere stories live. Discover now