remembering part-3

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7 anos atrás.

Os meus olhos cansados leram a mensagem que eu acabara de receber e logo já estava desperta.

Precisamos conversar, estou online te esperando.

Chutei o lençol enroscado nas pernas e me levantei do colchão, tateando a parede até encontrar o interruptor e acender a luz do quarto. Caminhei até o pequeno espaço entre a porta e a janela em frente à cama, e me sentei na cadeira em frente à escrivaninha.

Então liguei o notebook, forçando-me a abrir as pálpebras semicerradas por conta da claridade depois de já ter me acostumado ao escuro.

O alarme avisando sobre a chegada da mensagem havia me acordado e, ao conferir as horas, percebi ser pouco mais que uma da manhã.

Esfreguei os olhos e preenchi os pulmões ao limite, preparando-me para a ligação que estava prestes a fazer. A sua voz hesitante ressoou alta pelo ambiente silencioso após o primeiro toque e logo em seguida a sua imagem apareceu na tela.

Olhos inchados e avermelhados me encaravam e eu soube naquele instante que ela estivera chorando.

— Lena...

— O que aconteceu, Lana? — a resignação se fez ouvir em meu tom de voz.

E vendo a dor em suas feições eu quis atravessar o monitor para estar lá com ela.

Ela soltou o ar pelos lábios trêmulos e fungou, deslizando as costas da mão no nariz.

— Eu... — Desviou o olhar para o lado

— Você sabe que o meu maior sonho é ser modelo, não sabe? Sabe o quanto eu amo o meu trabalho...

Eu sabia, pois a grandiosidade do seu sonho se comparava com o meu, E o meu maior sonho era ela.

Eu sonhava em ter uma família com ela, e estava sendo difícil aguardar tanto pelo momento perfeito. Se dependesse de mim eu já a teria pedido em casamento.

Não me importava a distância entre nós, sabia que tinha um emprego certo nos negócios da família, eu ainda não estava a frente da empresa, mas quando eu estivesse eu poderia expandi-los para qualquer lugar… Se ela decidisse continuar em Nova York, eu não me importaria de me mudar para lá.

— Eu sei, amor — confirmei, franzindo a testa com a minha preocupação evidente

— Por que está chorando, minha flor? — Levei a ponta do dedo para lágrima que acabara de escapulir em seu olho, chocando-o contra a tela.

— Lena, eu... — soluçou — preciso saber que você entende, de verdade. Entende que eu faria de tudo ao meu alcance para não desistir do meu sonho. As coisas finalmente começaram a dar certo para mim, muitas portas estão se abrindo e... — outro arfar e mais lágrimas deslizando pelas bochechas coradas

— Eu não posso...

As palavras proferidas de seus lábios rubros eram como espinhos, elas se cravaram profundas e dolorosas em meu peito.

Elas soavam muito como o fim.

No entanto, fiz a pergunta, esperando fodidamente que eu estivesse errada.

— Você não pode o quê?

Sua expressão se contraiu em dor e inspirando fundo ela disse:

— Eu não... — Balançou a cabeça profusamente.

— Lena, eu não voltarei para o Natal. Cancelei as passagens e...

T h e  B e a s tWhere stories live. Discover now