capítulo 6

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Lena estava com os braços em volta da cintura das duas, uma loira platinada e uma morena linda com as madeixas ondulando até a metade das costas. Senti-me estranha, e me peguei comparando a beleza das duas com a minha. Mas lembrei-me que essas pessoas tinham dinheiro, com certeza aqueles dentes alinhados e brancos sofreram clareamento a laser e os cabelos eram tratados semanalmente em algum salão de alta classe. Sem perceber, levantei a mão e passei os dedos pelas minhas mechas.

- Ninguém com quem você deva se preocupar. - A voz dela reverberou pelo ambiente e me atingiu em cheio, bem na boca do estômago. Inclinei-me sutilmente e desviei o olhar para o micro-ondas que acabara de apitar, fui salva pelo gongo, assim não puderam ver minha expressão de mágoa. Não daria esse gostinho para elas. Não deixaria que soubessem o quanto é humilhante para um empregado ser chamado de ninguém.

Lena se aproximou ainda mais, deixando as duas mercenárias para trás e passou por mim, seu braço encostando no meu parecendo queimar minha pele. Inspirei fundo e esperei que ela abrisse o refrigerador, retirando dali algumas garrafas de cerveja Seus olhos verdes encontraram com os meus pela segunda vez nesse dia, e passaram por meu corpo rapidamente antes de desviar o olhar para as duas pessoas atrás de mim.

- Vamos, queridas. Mal posso esperar por essa noite. - O modo como disse aquilo fez meus olhos revirarem, -que mulher mais sinica, xinguei baixinho, colocando o prato de comida e me refugiando novamente em meu quarto.

Minha mente estava a mil, sentia-me imersa em uma nuvem carregada sem esperar muito do futuro outrora vibrante e colorido. Tudo o que eu conseguia enxergar naquele momento era cinza. No entanto, ao receber uma mensagem da minha mãe um pequeno sorriso brotou nos lábios e pela primeira vez naquele dia vislumbrei as cores do arco-íris.

(Pov'Lena)

A droga do banho gelado não funcionou, ainda sentia o corpo tenso e tremia de excitação. Não havia nada que eu pudesse fazer, sabia disso, Urrei de frustração dentro da banheira e o som reverberou de forma acústica dentro banheiro, com a água fria sobre meu corpo esperei que aquela sensação fosse embora, era inútil tentar me controlar.
Saí deixando rastros de água pelo chão de mármore, não me importei em me secar, as gotas que escorriam dos cabelos molhados pelas minhas costas eram uma breve distração. Vesti um roupão e caminhei apressada até o quarto, colocando a primeira coisa que encontrei no closet, que foi uma calça preta e uma blusa social cor vinho. Nem me preocupei em usar cueca, não precisaria dela para o que tinha em mente.

Droga! - Já faz um tempo, estou precisando muito... - murmurei para mim mesma, passando os dedos pelas mechas úmidas do meu cabelo enquanto saía do quarto e adentrava o escritório. Meu refúgio. Meu inferno. Meu esconderijo. Meu paraíso.

Percorri os olhos para a estante de livros que se estendia por toda a extremidade da parede do fundo. Fechei os olhos e inspirei fundo antes de me aproximar dela e esticar o braço, alcançando a primeira fileira e retirando de lá um livro de capa dura desgastada. Lendo o título pela milésima vez na vida, ou mais, "Viagens de Gulliver" trazia boas lembranças da infância manchadas por algumas da vida adulta. Quando criança por vezes não conseguia dormir por ansiedade ou medo, só me acalmava quando lia e me aventurava nessa história. E ainda hoje eu buscava nessas mesmas páginas a fonte do meu torpor. Abri o livro na página marcada e me sentei de frente à mesa, afundando-me no esquecimento temporário. Não sabia quanto tempo havia passado, mas não foi mais do que trinta minutos. Aquilo já não era o bastante para mim, ainda podia sentir os músculos tensos, almejando por alívio. Tranquei a porta atrás de mim e corri para buscar as chaves do meu carro esportivo em direção a uma boate a qual eu frequentava.

-fiquei divagando sozinha enquanto conduzia o carro, minhas palavras sendo engolidas pelo som do motor e do vento.

- Aquela mulher.. me deixou dura só de olhar para ela, e estava vestida. Balancei a cabeça, confusa com minha reação mais cedo, e deslizei uma das mãos para baixo a fim de ajeitar a ereção que insistia em aparecer ao pensar nela. Estacionei em frente a boate com uma única intenção: encontrar minha presa.

T h e  B e a s tWhere stories live. Discover now