remembering part-2

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7 anos atrás.



Aquele último ano foi o mais difícil de suportar.

Nem todas as viagens que conseguíamos fazer a fim de nos vermos era o suficiente para aplacar as saudades e inseguranças.

A carreira de Lana estava deslanchando, levando-a para os quatro cantos do mundo à trabalho. nos feriados eu usufruía o tempo livre para ir onde ela estivesse. Em julho nos encontramos em Paris, e eu aproveitava pra desfrutar da cidade enquanto ela se ocupava com os desfiles e ensaios fotográficos. Não
gostava de confessar, mas por muitas vezes eu me sentia solitária. Ela estava lá por um propósito profissional. Já eu, estava lá para ficar à disposição dela.

Discutimos há dois meses, nossa relação havia alcançado aquele momento onde precisávamos decidir se tentávamos dar certo ou terminávamos. O estranho, no entanto, foi a inversão dos papéis. Eu que sempre fui a mais sentimental abordei o assunto com uma calma fingida ao que ela chorava, dizendo não saber o que realmente queria. A verdade é que eu estava tão cansada de ser somente eu a tentar e a ceder, que no fim, não restou muito de mim. Eu estava dormente, escondendo a real proporção da dor rasgando em meu peito.

Mas droga! eu ainda a amava tanto!

Demos um tempo para pensar e, em uma semana, Lana me ligou pedindo para voltar. Disse que daquela vez faríamos as coisas diferentes, e que não conseguia pensar em um futuro sem que eu fizesse parte dele.
Ela não sabia o quanto eu ansiava ouvir aquelas palavras. Era tudo o que eu queria para continuar oque eu secretamente, planejava. O mais importante, entretanto, era o anel que aguardava o momento certo para ser revelado. 

Eu o levava comigo naquele instante, esperançosa de que o momento chegasse. Seria muito clichê se eu a propusesse no dia de seu aniversário? Ao desembarcar no aeroporto eu conferi o celular. Eram quinze horas do dia vinte e dois de outubro. Eu precisava passar em alguma floricultura antes de encontrá-la no local marcado. Iríamos celebrar o seu aniversário em um restaurante, onde tínhamos uma reserva para as vinte horas. E eu teria de correr se quisesse chegar à tempo, pois o trânsito de Nova York era infernal.

Com um buquê de rosas vermelhas em mãos e o coração esmurrando as costelas, eu cheguei na fachada do restaurante localizada nas margens do Rio Hudson. Recepcionado por uma hostess eu fui encaminhada até a mesa do lado da janela de vidro, onde podíamos contemplar a vista deslumbrante de Manhattan iluminada pelas luzes. O ambiente era aconchegante e romântico Lana me aguardava à mesa, distraída enquanto admirava o cenário cinematográfico através da janela. 

Meus olhos varreram suas curvas delineadas pelo vestido longo na cor vinho contrastando com a pele bronzeada, se delongando no vão de seus seios parcialmente desnudos pelo decote.

— Feliz aniversário, flor. — Assoprei em seu ouvido para logo beijar o canto de sua boca. Ela me fitou com um sorriso elegante, mas ao notar o buquê que recebia eu percebi o mesmo sorriso vacilar.

— O que foi? Não gostou? — Já sentada do outro lado, eu me inclinei para frente e toquei em seu braço. Lana meneou a cabeça em negativa, forçando um pequeno riso e me
lançando um olhar decepcionado.

— Eu gostei... só que rosas não são as minhas favoritas. Mas obrigada, querida. — Deitou o ramalhete sobre a mesa. Se eu achei que o momento perfeito seria hoje eu estava enganada.

Espalmei a calça discretamente, sentindo o volume da caixinha de veludo no bolso.
Não seria daquela vez. O garçom logo nos atendeu e fizemos nossos pedidos, a qualidade culinária era excepcional e precisei me conter para não comer como um morta de fome. Lana, no entanto, dava pequenas garfadas e comia como um passarinho.

— Vamos? Sasha está nos esperando, ela vai com a gente para o clube.— disse, já chamando a atenção do garçom para pedir a conta. Assenti, retirando o cartão do bolso.

— Já sabe quantas pessoas estarão nesse clube? — perguntei ao entrarmos no táxi com o destino para o prédio onde ela morava com a amiga.

Alguns amigos em comum... — Levantou um ombro. Em poucos minutos havíamos chegado. Entrelacei nossos dedos enquanto aguardávamos o elevador subir até seu andar e, assim que Lana abriu a porta do apartamento com sua chave, levamos um susto.

— Surpresa! — sasha e mais uma dúzia de pessoas gritaram em uníssono.

O apartamento era grande e parecia menor com tanta gente enfurnada ali. Lana soltou um grito de surpresa e correu para abraçar a amiga. Deixei que ela falasse com as pessoas, recebendo parabenizações e alguns presentes. Cumprimentei algumas delas rapidamente e segui para a geladeira em busca de uma cerveja. Então me espremi entre corpos até conseguir chegar à Lana, que estava conversando animadamente com sasha e um homem. Aquele cara, no entanto, não me preocupava. Era bem óbvio que ele não tinha interesse na minha namorada, sua atenção se voltava vorazmente para outros homens presentes

.— Que porra é essa? — sibilei para Lana, ao notar três pessoas fazendo carreirinha de cocaína na mesinha de centro.

— Merda... — Ela me olhou aflita e se virou para a amiga que estava revirando os olhos para mim.

— sasha, você não conversou com eles sobre isso? — sussurrou, puxando o braço da amiga.

— Ah, fala sério! Você curte também, Lana. Qual é o problema?. Senti um gosto amargo subindo pela garganta percebendo a verdade transparecendo nos olhos arregalados de Lana.

— Do que ela está falando? — perguntei descrente. Não era possível, ela havia me prometido não se deixar levar por esse mundo. Sabíamos como as drogas era uma coisa comum no meio na moda, e falávamos bastante sobre isso antes dela se mudar para Nova York.

— Foi só uma vez, Lena. Só por curiosidade... Saí andando para o quarto em busca de privacidade e ela me seguiu, fechando a porta eu disse:

— Não quero que você ande mais com essas pessoas. — Cruzei os braços, parecendo desafiante. Mas a verdade é que era um gesto de resguardo. Lana suspirou alto, pousando as mãos nos quadris.

— Não vou deixar de ver meus amigos só porque eles são usuários, Lena. — Esticou um braço com a palma estendida assim que me viu abrir a boca para retrucar

— Se eu fizesse isso não teria amigo algum! Todo mundo que conheço faz uso de algo, ou ao menos uma maconha já fumou na vida. Uni as sobrancelhas e engoli o caroço que entalava a garganta.

— Então a sasha...Ela assentiu, soltando novamente o ar em um suspiro.

— Não vamos brigar por isso, não no meu aniversário — Andou vagarosamente até mim, esfregando meus braços até eu descruzá-los

— Prometo que não estou usando nada... Com os lábios comprimidos e as narinas dilatadas eu balancei a cabeça em afirmativa, mas ainda sentia o corpo tenso e o coração pulsando dolorosamente no peito.

— Venha, vamos deixar os outros de lado. Eu só quero você. — Deslizou as alças do vestido pelos ombros, deixando-o cair sedutoramente ao chão. Esticando o braço, Lana segurou a minha mão na sua e, levando-me até a cama estreita, 

ela me fez esquecer.

T h e  B e a s tWhere stories live. Discover now