— Obrigada, Lena. — Resvalou os seus lábios nos meus, mas, ao se afastar, desviou os olhos para as malas e mordiscou o canto da boca.

— Eu... hã... nós precisamos conversar sobre isso. — Apontou para a bagunça que se encontrava no colchão, referindo-se à sua viagem. Meneei a cabeça e puxei os meus cabelos para trás.

— Quando você vai e... — Engoli o coração que havia subido e se entalado na garganta

— quando pretende voltar?
Lana se virou de costas para esconder a sua expressão de desalento,mas eu ouvi o suspiro demorado que ela soltou e por isso me preparei para o pior.

— Meu vôo é para daqui a três dias e eu não tenho data para voltar.

Tudo naquela frase fez o meu coração doer como se estivesse sendo rasgado por espinhos. minha flor, havia acabado de me machucar.

— Nós completamos um ano de namoro em três dias... — murmurei ao apoiar uma mão na altura do meu peito, como se tentasse conter a dor.

— Eu sei, Lena. Sinto muito, mas eu preciso ir, essa é uma grande oportunidade... E foi a agência que comprou a passagem.

— Ela levou um dedo até a boca
para morder a ponta da unha. Uma mania que tinha quando estava mentindo, mas eu estava tão abalada que mal notei.

— Está tudo bem... — minha voz soou quase inaudível, então tossi e tentei outra vez

— Está tudo bem, Lana. Eu te amo.
Seus ombros caíram e seu corpo estremeceu antes de se virar e responder:

— Também te amo.

— Eu vou esperar por você. — Busquei por seus olhos, segurando delicadamente o seu rosto e depositando um beijo em sua boca trêmula.

— Ok…

[...]

Sentei na cama, acomodando as costas na cabeceira coberta de travesseiros e soltando um suspiro trêmulo. Apoiei o notebook no colo, os calcanhares  cruzados e os dedos tamborilando no colchão enquanto aguardava.Meus olhos se voltaram para o relógio pela milésima A qualquer momento ela ficaria online.O meu coração já saltava no peito, tamanha era a ansiedade Aquela saudade estava me corroendo e as mensagens de texto que trocávamos não eram o bastante. Por isso tentávamos nos ver por vídeo chamadas sempre que podíamos, tarefa um pouco difícil diante dos seus trabalhos imprevisíveis e das minhas responsabilidades que meu pai me impôs..

Lana se mudou para NY em busca do seu sonho há cinco meses, estávamos a exata uma semana antes do meu aniversário de vinte e oito anos, Eu precisava vê-la antes de sua viagem à Milão em cinco dias, depois disso seria quase impossível nos comunicarmos, ao menos até ela retornar à Nova York no mês seguinte.

Aquela era na noite a qual comemoraríamos o meu aniversário, eu a queria de presente, ainda que virtualmente. Precisava ouvir sua voz e olhar em seus olhos doces. Também gostaria de ler o novo poema que fiz para ela.Parecia que a dor de sua falta inspirava o meu lado poético, nunca proferi tanto os meus sentimentos através das palavras como ultimamente.Eu era uma romântica, confesso. E Lana era cada frase. Cada palavra de cada verso. Ela era a minha musa.Escutei o toque do telefone, imaginei ser Lana.

— Tem certeza de que não quer sair Luthor? — Sam perguntou me ao telefone,então escutei o ar sair de suas narinas em forma de um suspiro.

— Hoje não vai rolar, Sam. Vou passar a noite com Lana por vídeo conferência.

T h e  B e a s tWhere stories live. Discover now