Capítulo 67

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LISY POV'S

Eu estava ouvindo o oceano.
Eu vi um rosto na areia mas quando eu o toquei, ele foi varrido das minhas mãos.

Eu tive um sonho.
Nele eu tinha sete anos.
Escalava uma árvore. De lá de cima, vi um pedaço do céu esperando impaciente por mim.

Depois, me vi correndo para muito longe. Eu queria fugir de tudo.

Eu não aguentava mais.

Meu peito dói.

Manter a respiração é tão difícil quanto a vontade de permanecer viva.

Quando eu era criança, eu tinha medo do escuro e de morrer de repente.
Agora, eu tenho medo de estar viva.

Eu não quero estar viva.

O resto do meu corpo também dói, claro que dói, mas eu não sinto nada. Eu não sinto mais nada.

Minha cabeça pesada parece flutuar e eu desejo fielmente estar de volta em casa, como a anos atrás.

O incômodo de um joelho ralado ou um galo na testa, motivo de tanto drama para mim, na época, era tão mais fácil de ser curado...

Mamãe dizia "você é uma menina tão forte, não chore, logo logo vai sarar!"

Mas não é verdade. Eu não sou uma menina forte e isso não vai sarar.

Nunca imaginaria ser machucada e corrompida de tal forma.

É assim que me sinto.

Em pedaços impossíveis de serem colados ou restaurados.

Ouço alguém chamar o meu nome mas não consigo abrir os olhos ou responder.

Se conseguisse, imploraria para que me tirasse dessa dor.

Me sinto encolhida e não sei porque meus braços e pernas não obedecem o meu comando.

O cheiro de sangue e podridão reviram o vazio do meu estômago.

É um misto de entorpecencia e dor absoluta.

Desejo não estar mais aqui e repetirei isso.

Desejo uma salvação e ela chega com um olhos azuis brilhantes e uma expressão perturbada.

Ele segura a arma contra a minha cabeça.

Eu fecho os olhos e... eu estou morta.

Eu sei que ele sabe que está me matando por misericórdia.

E aqui vou eu.

Ele segura meu corpo em seus braços.

Ele não queria me fazer nenhum mal e ele me segura tão apertado...

Ah, eu sei que, se ele pudesse, teria feito de tudo para me poupar das coisas horríveis que a vida traria e... ele chora. Chora taanto.

Mas meu corpo é jogado ao chão logo que ele some.

Louis desintegra levando suas lágrimas e a arma misericórdiosa para não sei onde longe de mim.

Eu estava errada quando pensei que nunca mais o veria, ele estava aqui e tentou acabar com minha dor.

Eu o amo tanto...

Estou chorando mas não sinto as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Estou tão fraca...

Me sinto como se algo tivesse sido tirado de mim. Algo grande, capaz de me manter sã e respirando... é tão vazio aqui e tenho tanto frio.

Minhas pernas formigam e a cada vez a dor parece ficar pior, mas não me importa. É a única merda que me faz ter a certeza de que, infelizmente, ainda estou na Terra.

Save MeWhere stories live. Discover now