Capítulo 8

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Estou parada em frente a porta do quarto de Louis. Passo o cartão. Ela se abre. Empurro a porta. Ele está caido no chão. 

- Ai meu Deus, Louis! - grito - Eu vou chamar alguém! - Não consigo pensar direito, começo a empurrar a porta com força, me esquecendo completamente que ela precisa do cartão magnético para ser aberta. 

-N...não chama - ele fala com dificuldades ainda se contorcendo no chão. 

- Ma..s - eu digo e ele geme e se contorcendo ainda mais.

Me jogo no chão ao seu lado. Levanto seu corpo contra o meu. Seu tronco fica contra meu peito. Eu choro desesperada, como se minha dor, fosse maior que a que ele provavelmente estaria sentido. Eu o aperto mais.

- Vai ficar tudo bem, Louis - encosto minha testa na lateral de sua cabeça.

Fico um tempo assim. Não acredito que tenha sido muito, pois nenhum segurança bateu na porta.
As convulsões ainda estão fortes, as contrações em seu corpo estão mais espaçadas, mas ainda forte.
Aperto Louis contra meu corpo com força, como se eu nunca quisesse me soltar dele. Eu ainda choro. Ele aperta os meus braços, que estão envolta de seu tronco, com força como se o aperto lhe tirasse do incômodo. Essa era a intenção do meu abraço, mas só após o toque de Louis é que me dei conta disso.
Sua pele está suada. A respiração de Louis é ofegante. Afundo minha cabeça em seu ombro.

Louis agora está respirando normalmente, ele ainda está deitado no meu colo, como se estivesse cochilando. Ele se mexe. 

- Como você sabe meu nome? - Louis diz. Ele olha em meus olhos. Aquele olhar intenso que eu nunca sei decifrar, mesmo tendo o visto apenas algumas vezes. 

- Lo..u... Eu vi na lista de pacientes - disse as últimas palavras rápido. 

- Pacientes - ele ri - Se eu não merecesse esse tipo de tratamento eu provavelmente faria um debate com você agora. Qual seu nome? -ele ainda fala lentamente, mas rígido.

- Lisy... Você está melhor, Louis? Quer dizer.. não precisa de nenhum remédio ou nada assim? Posso chamar alguém e...

- Por que é que você está aqui Lisy? Aquele dia você chorou, não quer estar aqui, não é?

- Eu estou aqui porque não tenho nada. Só por favor, não me agrida hoje de novo - Digo em tom calmo, quase inaudível para Louis, que agora está sentado na minha frente. -E por que você está aqui?

- Eu me tirei tudo, mas isso não é algo que eu quero falar com você. Na verdade queria que você não estivesse aqui. Não falo assim com ninguém faz três anos. -Louis diz.

- Oh... - murcho - Eu deveria querer ir embora, certo? Mas você me faz querer ficar perto de você e eu não faço ideia do motivo desse desejo, eu só quero, e ainda..

- Lisy - ele me encara - Eu não sou uma boa pessoa. Provavelmente você acha que eu sou apenas mais um injustiçado, como muitas pessoas no andar de cima, mas a verdade é que eu sou um monstro. Eu já quis te matar pelos simples fato de você ter coragem de falar comigo. Não é algo que eu controle, então, não sou dono dos meus atos. 

- Louis, eu... - tento tocar em sua bochecha, mas ele me detém, segurando meu pulso.

- Não, Lisy! - o tom quase se assemelha ao de um grito.

Com minha outra mão, eu acaricio a dele, que ainda prende firme meu pulso. 

- Só me diz o motivo de suas convulsões, por favor - imploro.

- Você já foi pra boate, não foi Lisy? Você já virou uma putinha, não é Lisy? 

- Eu sei que você não quer falar isso. Eu realmente não sei porque tento. Você desperta a esperança em mim. Por que você me olha assim? Por que você me trata assim? Eu só quero ajudar você. Não sei como, eu não sei nem me ajudar e não acho que isso seja possível. Você é bom Louis, eu sei disso, eu posso sentir isso. Todas as noites me sinto suja, todos os dias preferiria estar morta. Porém, todas as noites desde que eu olhei em seus olhos pela primeira vez, são eles, são seus benditos olhos que ocupam minha mente. Eu não entendo o porquê mas eles me tiram do pesadelo. Quando cheguei aqui eram coisas horríveis que me assombravam, agora são seus olhos. Só me diz Louis, me diz por que você me olha assim? - faço a pergunta em um tom alto, quase desesperado. Já em pé.

Ele não responde.
Passo o cartão magnético na porta. Quando estou quase fora do quarto que não foi limpo, sua voz me para.

- Eu tenho ataques epiléticos Lisy, por isso você me viu daquela forma. 

-Obrigado, Louis.

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Eai? O que acharam? Espero que tenham gostado.
Agora ao invés de duas, será uma atualização por semana, tudo bem?
Dúvidas chamem no meu twitter @peynetrado ♥

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