Capítulo 27

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LOUIS POV'S

A corrente de ar fria com a sombra envolvendo corpo sumiu tão rápido quanto uma angústia apareceu seguinte a ela.
Era como se a frieza daquele ar pesado tivesse adentrado meu corpo e aumentado assim que a porta do meu quarto, por algum motivo aberta, desenhou entre seus batentes o corpo de Lisy.
Expressão visivelmente irritada e visivelmente realizada.
Ela me propõe um banho. Ressalta que o meu talvez desejo de correr para não sei onde será falho e injusto com ela. Pede para que eu a leve para o nosso destino.

A chave da porta é tirada dentre seus seios, o calor e o meu lado invasivo teima em encarar o vão que se forma entre eles ao ver sua mão pegar o metal provavelmente gelado dali. Sou pego admirando as curvas e recebo em troca um olhar que não pude decifrar.
Ela me espera na porta e eu entro para fazer minha higiene. Mal podia acreditar que teria enfim, a água caindo sobre meu corpo e diminuindo des merecidamente
o peso que há nele.

Há desejo sobre a mulher que está do lado de fora desse banheiro.
A pedra fria é apertada ilusoriamente pelas minhas mãos, enquanto meus braços estão estendidos a frente do meu corpo.
Eu não tinha vontade de segurar tudo o que passava pela minha cabeça. Tudo que eu queria fazer com a loira que tem olhos que implora pelo meu toque. Mas algo bem no fundo me dizia para eu lutar contra esses pensamentos sujos... Mas eu sou tão melhor assim... Sou tão mais forte e dono de mim quando tenho o meu lado frio. É libertador. É como se esse fosse o meu verdadeiro eu. Muito mais adaptável a esse lugar deplorável.
Mas, por outro lado, há uma voz que grita. Uma voz que surge entre minhas costelas, músculos, sobe pela minha garganta e é descontada em minhas mãos fechadas.
A voz é silenciosa. A voz não existe, na verdade. Ela é como um... sexto sentido, que me avisa sobre o certo. Mas o certo não seria dar a aquela moça o que ela tanto quer?

"Dê a ela o que ela quer, Louis. Ela pode ser sua. Ajude alguém. Ajude alguém que precisa da sua ajuda."

A voz caminha entre minhas costelas, músculos e sobe para minha garganta.
Eu estou ofegando.
Meu peito sobe e desce a procura de ar.
Minha garganta está fechada e a angústia e a voz insiste em sair.
Preciso deixa-la sair. Preciso deixar com que essa voz saia de mim. Ela tem que ir embora.
A água fria cai sombre minha pele como lâminas.
A angústia decide sair como um grito.
Agora meus pulmões enfim recebem o oxigênio que tanto procurava.
Meus músculos estão rígidos e o ar tenso.
Tudo que vejo em meu campo de visão contém fumaça. Está tudo embaçado e de repente quente demais.
Pelos cantos dos meus olhos vejo a fonte de tanto calor.
Viro para Lisy e posso ver seus olhos analisarem meu corpo.
Como se a atração entre nós fosse maior do que qualquer coisa, maior do que a voz, maior que a sanidade e a insanidade. Maior que o meu desespero e maior do que o visível desejo nos olhos dela, colo nossos corpos.
Ela também ofega. É nítida sua dificuldade para respirar.
Seu cheiro é bom e eu tenho a necessidade de senti-lo o mais próximo o possível de mim.
Enterro meu rosto em seu pescoço.
O efeito é igual fogo em contato com a pólvora. Igual a um pavio de uma bomba que chega ao fim. Eu explodo.
Aperto seus quadris e ela devolve o aperto em meus ombros.
Eu molho seu corpo quente.
Colo minha testa a sua. Lisy morde seus lábios e eu não consigo segurar.
Ela aproxima mais nossos corpos.
Meu coração bate com força. Dói.
Nossos narizes relam e ela inclina sua cabeça para o lado deixando seus lábios entreabertos.
Suas mãos sobe do meu ombro para minha nuca e puxa meus cabelos.
Seus lábios são macios quando os meus passeiam por eles.
A angústia luta contra a frieza e eu tenho que parar.
Aperto ainda mais seus quadris como se a força depositada ali trouxesse de volta a força que tenho para lutar contra ela. Contra meu desejo. Contra seu desejo.
Preciso dizer algo para Lisy.
A voz está entalada.
Meu corpo pega fogo.
Ela insiste em dizer que está tudo bem.
Eu queria que estivesse.
Lisy reaproxima nossos corpos mais uma vez.
Abro meus olhos, prendo o ar e retiro suas mãos da minha nuca.
Visto minha calça que deixei sobre a pia, pego a minha blusa e saio do banheiro.
Caminho para meu quarto em passos largos e rápidos.
Fecho a porta.
Sento em minha cama.
Meus dedos nervosos e trêmulos apertam meus cabelos molhados.
Desejo não sentir nada.
Peço ajuda para o nada enquanto olho para o teto cinza do meu quarto.
Seria tão mais fácil se eu tivesse controle dos meus atos.
Queria não sentir tudo que ultrapassa o desejo por Lisy.
Queria não a ter, pois se eu não a tivesse, eu não iria quere-la.
Queria ter forças.
Queria que ela tivesse aparecido em minha vida antes de ser um monstro.
Não posso querer nada. Não tenho esse privilégio.
Me darei o luxo de imaginar como seria tudo se não houvesse um monstro em mim.

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DESCUPEM A DEMORA.
Vou tentar postar muitos capítulos essa semana. O que querem ver neles?

Espero que tenham gostado!

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