Capítulo 14

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N/A.: ignore a Ashley de vermelho no GIF wndjasenkse

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Estou a caminho dos corredores com um segurança ao meu lado. Antes de pegarmos o elevador para descer até a ala de baixo, passamos por uma espécie de portaria que fica perto do elevador. Sempre é assim, o segurança fala o meu nome para o homem que fica lá, descemos, faço a limpeza e depois subo novamente.
Nunca me olho no vidro encapado com filme espelhado da portaria.
Mas hoje eu olhei.
Meu rosto está machucado. Tenho olhos inchados, e minha boca realmente está cortada. Desde ontem, quando Amy me bateu, eu não me olho no espelho. Esse é um ato que eu tenho evitado ultimamente, mas as vezes acabo me olhando.
Sinto vergonha do meu estado.
Meus olhos estão cheios de lágrimas. Eu nunca tinha tido meu rosto machucado antes. Eu nunca tive muita coisa do que eu tenho hoje. Eu nunca estive sozinha como estou aqui, eu nunca tive vontade de gritar como eu tenho aqui, eu sempre tive uma mãe para me abraçar e acariciar meus cabelos, eu sempre tive uma irmã para descontrair, por um momento, eu tive um pai que cuidava de tudo sozinho: de mim... dos negócios e era um marido bom para mamãe.
Estou descendo o elevador e me recuso deixar que as lágrimas em meus olhos saiam dali.
Sinto vergonha de descer. Sinto vergonha de ontem. Sinto pena de Amy. Me sinto mal. Sinto inúmeras coisas que não sei explicar. Sinto medo. Sinto receio. Me sinto suja.
Chegamos no andar de baixo.

LOUIS POV'S

As vozes em minha cabeça. Elas não param.
Lisy.
Lisy
Lisy - Grito mais uma vez
Lisy
A noite de ontem foi atormentada por pesadelos que pareciam reais, até demais.
Lisy estava em todos eles.
Lisy fazia parte do enredo de todos eles.
Lisy sempre acabava da mesma forma.
Muitas vezes os meus sonhos são, na verdade, realidade, mas só me dou conta quando tudo está feito.
Lisy não pode estar morta. Não morta pelas minhas mãos. Estou trancado aqui, afinal. Mas só o fato de pensar em alguém a tocando, machucando... Só o fato de pensar em... perde-la já me apavora. Estou errado. Sou errado. Não posso me dar ao luxo de pensar em perde-la, porque a questão é que nunca a tive. Não a tenho e nunca a terei.
Não posso me dar o luxo de deixar a luz e a sanidade que ela me traz, tome conta de mim. Vai além do que eu mereço.
Quando pequeno eu amava ler. No último livro que li, com uns 17 anos, durante mais um dos períodos em que os psiquiatras faziam minha análise, dizia que o amor dói. Sofrer por amor seria válido? É algo doloroso, mas eu não amo Lisy. Nunca amarei ninguém. O amor pode ser algo lindo. Meus pais se amavam. Eu amo meus pais. Eu amo minha irmã. Mas eu acabei com todos eles. Que merda o amor pode ser?
Lisy
Mais uma vez meus pensamentos se misturam com delírios.
Lisy
Agora estou vendo Lisy a minha frente. Ela está machucada e tenho medo do que pode acontecer depois. Não quero vê-la cair novamente. Não quero vê-la morta.
-Sai -grito.
-Sai
-Sai
-Lisy, sai!
-Você está morta?
-Lisy não me deixe.
-Lisy vai embora

Eu estou chorando agora.

-Lisy -a chamo.

Agarro seu corpo e como na realidade, ela segura uma cesta, vassouras e coisas para a limpeza. O arranjo cai de suas mãos.
Eu a aperto.
-Lisy...
-Lisy, mais uma vez não...
Ela me olha confusa.
Vou segura-la. Não vou deixar que a matem.
É você quem sempre a machuca, Louis. -a voz em minha cabeça diz.
A empurro com força.
Ela bate contra a porta em que entrou.
Minha cela parece repleta de neblina.
-Você não é real. -grito. -Você não é real Lisy.
Me afasto dela e me sento em minha cama. Tampo meus ouvidos.
-Você não é real.
Se eu parar de pensar em Lisy, eu não irei mais ve-la morta.
-Lisy você não é real.
Eu choro desesperado. Não me envergonho disso.
Meus olhos estão fechados com força. Meu corpo se move para frente e para trás. Uma sombra se aproxima. Posso sentir. Uma mão fria e trêmula encosta em meu rosto.
-Louis? -é a voz de Lisy. -Louis, olhe para mim -a voz continua.
-Por que você não me deixa em paz? Você não é real. Você não está aqui. Não pode estar... -digo.
Decido abrir os olhos. Ela está parada em minha frente. É mais real do que os outros sonhos. Eu posso sentir seu toque. Posso sentir suas lágrimas caindo em meus joelhos e se misturando com as minhas.
-Louis eu estou aqui. Eu sou real. -ela diz, mas meus sonhos são traiçoeiros.
-Não posso deixar que você morra de novo. Não posso. Por favor saia da minha mente. -digo olhando em forma de súplica para a imagem de Lisy a minha frente.
Toco em suas mãos que ainda estão paradas sobre meu rosto.
-Por favor. -repito.
Dou socos em minhas têmporas.
Esse sonho está durando demais. Eu estou ofegante. Não consigo respirar.
Sinto um corpo se juntar ao meu.
Não posso permitir ser tocado dessa forma por Lisy nem em sonho.
Minha costela dói com o ato, resultado da agressão de ontem, na qual mereci. Os guardas não sabem o quanto sou agradecido pelos socos diários.
O abraço é apertado.
Abro os olhos mais uma vez. Não havia me dado conta que eu tinha os fechado. Lisy está ajoelhada em minha frente entre minhas pernas.
O abraço é tão real. Tão forte. Um abraço de proteção que eu nunca havia sentido antes. Tenho vontade de apreciar o momento desse real delírio, mas não posso. Será apenas como um empurrão a mais para que eu fique ainda mais ligado a ela.
O cheiro é tão bom. Doce. Ela está com os cabelos levemente bagunçados, machucada mas ainda assim continua linda. Seus olhos... Eles estão roxos. Sua boca cortada.
É real? Isso tudo é real?
Lisy se desfaz do abraço.
Isso é real?
-Eu estou viva, Louis. O que restou de mim, pelo menos. Não é um sonho. Eu estou aqui. -ela segura meu rosto entre as mãos. Ela chora.
Meus sonhos nunca são bons. Ou são lembranças, ou são pesadelos. Esse está calmo agora.
Minha respiração está ficando controlada.
Ouço uma batida na porta da cela.
-Anda logo vadia, é a segunda vez que passo na porta e você ainda está ai.
O modo como a voz do lado de fora se referiu a Lisy me deixou em nervos. A empurrei, fui em direção a porta e a soquei.
Tentei gritar com a pessoa do outro lado mas isso poderia ser ruim para Lisy.
Isso é real?
Respirei algumas vezes e olhei para a menina indefesa e olhar inocente. Nessa hora olhei para ela de uma forma que não havia olhado antes.
Seu corpo... Seus olhos... Eu daria tudo para te-los. Daria tudo para enforca-la. Daria tudo para protege-la. Daria tudo para ser seu céu e seu inferno.
Ela me olhou com piedade.
-Louis... Não me olha assim, por favor... -ela desviou o olhar, pensando se continuaria a frase ou não.
Ela se levantou. Sua cabeça estava baixa. Ela passou por mim. Se abaixou e pegou o que havia trago.
Isso é real?
Ela limpou o vazo sanitário. A pia. As grades de minha cama. O chão. Meu quarto não estava sujo.
Antes de sair, ela parou bem na minha frente.
Pude sentir sua respiração em meu peito.
Seus olhos azuis tinham um brilho de esperança.
-Eu... Eu queria ver seu olhar... Não esse que você carrega. Eu queria ver seu sorriso mas eu entendo que você não deve ter motivos para mostra-lo. Eu queria ver o ... Louis. -o pedido é terminado com um olhar profundo.
-Você teria medo, Lisy.
-Nunca vou ter.
-Nunca é uma palavra tão intensa. É o mesmo que dizer que eu nunca machucaria você, o que eu já fiz e repetiria.
Ela afirma com a cabeça.
Já não tem mais neblina no cômodo.
Ela sai.
Encosto a cabeça na porta.
-Eu não saberia qual Louis te mostrar, Lisy... Eu não sou dono de minhas personalidades. -sussurro contra o metal da porta.

Ele ficou naquela posição por horas? minutos? Segundos?
Louis se deitou na cama quando as pontadas em suas costelas começaram a incomoda-lo.
O colchão fino e o frio já fazem parte de sua rotina. Nem o frio intenso que ele sentia todas as noites eram suficientes para alimentar seu lado masoquista infreavel.
Deveria estar escurecendo.
Os gritos de outras almas abandonadas nas salas ao lado são só mais um barulho no caos rotineiro de seus pensamentos.
Lisy seria mais uma forma de se punir. Mas será que valeria a pena sofrer por ela? Qualquer sofrimento a mais seria pouco, pensou ele. Mas seria justo com Lisy? Ter alguém tão sujo alimentando sofrimento por ela?
Louis ainda tinha dúvidas se Lisy teria ou não ido em sua cela.
Ele adormece sem saber se tudo foi um sonho.

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Amores, primeiramente, desculpem a demora para atualizar, eu estava com problemas com a internet e realmente não teve como postar a fic.
Mas enfim, me contem o que estão achando da fanfic ♥
Votem se gostaram no capítulo!
Temos um grupo sobre a fic no whatsapp, quem quiser entrar mande o número com o DDD e seu nome que eu coloco ♥
Segunda tem mais um cap!

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