Capítulo 19

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—Bom dia filhinha.
Abro os olhos. Minha visão está embaçada, ainda se acostumando com a claridade da sala de consultório.
Eu me sento ainda sentindo o corpo um pouco pesado, efeito do medicamento que Harry me fez tomar noite passada.
Cásper cruza as pernas na cadeira a frente da cama.
—Gabriella é tão angelical. Ela chorando me cortou o coração... –
Ele fala mexendo nas unhas e olhando para elas.
—Fiquei um pouco menos rancoroso por você não ter dito nada que não devia, poupou a vida da Gabi. –ele faz uma pausa na fala —Gabi... É um nome tão gostoso de se dizer. Não acha, Lisy? Está quieta.

Não revido.

—O gato comeu sua língua? Comeu bem mal comida, nada comparado a forma como vou comer sua boca.

Ele se levanta.
Passa por trás da maca. Eu o acompanho com o olhar.
Cásper se encosta de forma rápida e bruta na cama e me abraça por trás. Eu, que estava sentada, agora tenho meu corpo arqueado para trás.
Debato contra o aperto. Cásper junta minhas mãos a frente da minha barriga e as segura. Passa o queixo pelo meu pescoço e maxilar. Me arrasta para mais perto de seu corpo. Mexo minhas pernas incessantemente. Ele tira uma mão que estava prendendo as minhas e puxa meu cabelo com força. Minha cabeça está deitada em seu peito e ombro. Ele dá chupões em minha clavícula e passa a língua por todo meu pescoço.
Minha camisa é rasgada quando ele deixa minhas duas mãos livres.
Ele abaixa meu top e agarra meus seios com brutalidade.
Dói.
Urro de dor. De raiva.

—Está vendo como eles enchem minhas mãos, filhinha?

Ele morde meu ombro.
Esperneio e consigo sair de seu aperto.
Desço da cama rápido demais. Apavorada demais.
Desengonçada e tonta. Eu caio.
A pancada do meu queixo com o chão erradia por todo o meu corpo.
Vejo a sombra de Cásper de aproximando e tento levantar.
Mais uma vez ele prende meus cabelos entre os dedos.

—Vadiazinha!

Mesmo presa em Cásper pelo meus cabelos, tento correr.
Agarro a estante e forço meu corpo para perto dela, na tentativa de faze-lo me soltar.
A estante cai em um estrondo forte. A força de Cásper afrouxa.
Saio correndo pela porta.
Ele corre atrás de mim.
Eu não conheço esses corredores. Estou correndo por um local que Cásper conhece como a palma da mão.
Abro uma porta onde continha o desenho de escadas. Subo por elas. Corro.
Cásper não está mais atrás se mim.
Depois do primeiro lote, estou ofegando.
Agarro um extintor de incêndio para me defender de quem quer que apareça a minha frente.
Tento abrir a porta mas ela está trancada. Mais um lote e escuto passos.
Desço tudo novamente. A porta para o mesmo corredor no qual eu corri de Cásper está aberta, saio por ela e tento entrar no elevador logo a frente.
Ele demora para descer até o andar que estou.
Quando a porta se abre, Cásper está a frente de quatro homens, que saem do elevador empenhados em me pegar.
Corro. Corro muito.
O corredor termina em mais dois corredores. Um a esquerda e outro a direita. Continuo pelo segundo, ainda correndo.
Entro novamente em uma escadaria e desço.
É apenas um lance.
A porta está destrancada.
Continuo correndo e meu corpo todo dói. Agradeço por não ter passado por nenhum médico enquanto corro.
O corredor termina na... Recepção
Harry está cumprimentando um homem, que logo sai por uma porta de vidro, provavelmente a saída daqui.
Passar por ele seria suicídio. Dois seguranças que estão vigiando a saída me avistam e andam rapidamente até mim. Harry nota a movimentação e olha em minha direção.
Esse intervalo de segundos que levei para analisar a situação e tomar fôlego, pareceu ser tempo demais.
Voltar a correr me fez cair. O extintor fez um barulho enorme quando bateu ao chão. Meu corpo caiu por cima do objeto, já que eu corria com ele agarrado em meu tronco.
Dor.
Muita dor.
Os seguranças me ergueram pelo braço. Um casal na recepção olhava a cena com preocupação. Lembro que minha roupa está rasgada.

Save MeWhere stories live. Discover now