Capítulo 28

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Fiquei no quarto até o entardecer, que foi quando um segurança veio me buscar.
Hoje teria ensaio para as performances na boate e eu estava dentro mais uma vez.
Lidar com a morte da minha família e agora com a minha relação com o filho do assassino dela e que deseja o meu corpo é sufocante, e ter que aprender passos de danças sensuais para impressionar homens que eu não quero é um absurdo. É desumano tudo que estou vivendo. Mas não irei me colocar para baixo.

-Lisy, querida, já colocou os saltos altos? Estamos esperando você! -ralhou Elizabeth. Abotoo a tira do calçado e caminho até as outras garotas.

-Bom... A ideia para a performance dessa semana é algo bem... Sensual, obvio, mas com uma pitada de perigo. Vou colocar a música e dançar para vocês. Todas prestem atenção pois cada uma irá executa-la para mim.

Elizabeth pega um cacetete de início e ao longo da dança ela troca os objetos. Algemas, chicotes, correntes, cordas e ...usa nela.
A cada chicotada em seu corpo, uma expressão de prazer em seu rosto surgia. Era surreal o quanto ela fazia aquilo tão bem e o quanto ela fazia aquilo parecer bonito.
Alguns movimentos me faziam arrepiar e outros embrulhavam o meu estômago.
Depois de sete minutos de demonstração, contatos pelo tempo de música que ia rodando no visor do rádio, Elizabeth levanta a cabeça com classe e chama uma por vez para escolher um objeto e refazer os passos que havia aprendido.
Uma a uma, aleatoriamente, eu ficava cada vez mais receosa por não saber quando seria chamada. Eu não conseguiria fazer nada daquilo, é algo completamente...

-Lisy, sua vez. -chamou Elizabeth.

Acaricio meus braços e tento levantar a minha cabeça e firmar minha visão em algum ponto.

-Vamos, Lisy. Não me faça perder a paciência!

Caminho até a sacola com os utensílios, agacho e penso em qual objeto escolher.
Fecho os olhos e puxo aquele que minhas mãos escolheram as cegas.

A corrente.
Grande. Gelada. Pesada.
O que eu faria com ela?

- Ótima escolha! -a coreógrafa disse.

Nenhuma das meninas tinha pegado a corrente e eu não sabia o que fazer.

-Que saco! -sussurra a das garotas e outras riem.

Levanto e me equilibro no salto. Fecho os olhos e a música soa mais uma vez pelo quarto das garotas.

Depois de palavras como "se mexa mais", "mais rápido", " levanta a cabeça ", "sensualize, Lisy", " força, querida.", ofegando e com a corrente enrolada nas mãos, com as costas um pouco ardentes devido alguns movimentos com o objeto, eu termino a coreografia. Terei meu solo assim como todas as garotas.

Ensaimos todas juntas após Elizabeth rabiscar por alguns minutos um papel. Temos dias para aprender tudo e faze-la se orgulhar, como ela sempre diz.
O banho é tomado com as outras garotas.
Jenneth me encara e eu não sei o motivo. Sorri. Murmura alguma coisa e balança a cabeça em negação depois de soltar um risinho de lado.
Somos separadas na ida para os quartos. Ainda não entendo o motivo de eu não ficar junto com as outras.

A sopa rala aquece meu estômago e eu tenho dores nas pernas. Me deito e depois de muito insistir para que o sono chegue logo, eu adormeço.

Meu amor chega em casa depois de um tempo de viagem. Deitada no sofá, tarde da noite, me assusto com o barulho da porta. Ele já disse que temos que troca-la, o ranger é horrível, mas não temos condições agora e ele não gosta que eu fique sozinha com marceneiro em casa. Ele diz que eu sou seu bem precioso, e bem, ele é o meu também. Ele caminha de vagar, deve achar que estou dormindo. A única luz que ilumina o ambiente é o do visor da televisão.
A chave faz barulho ao ser colocada no mármore da bancada e ele encolhe os ombros e aperta os olhos. Deve estar se xingando mentalmente enquanto eu seguro meu riso.
É estranho observa-lo sem ele saber. Ele é lindo.
Me levanto do sofá e ele se assusta.

-Que saudade, amor.

Corro com os pés descalços até ele, que solta as malas e me abraça forte, me erguendo do chão.
Envolvo minhas pernas em sua cintura e ele sorri antes de me dar um longo selinho.
Seus olhos azuis brilham. Me sinto bem ao vê-lo assim. É completamente diferente da mortidão que eles passavam quando estávamos trancados na Madhouse Cowell.

-Eu senti tanto sua falta, meu anjo.

Ele me coloca no chão e nos beijamos. Um beijo lento. Preciso. Traduzindo todas as palavras não ditas, toda a saudade e importância de termos um ao outro.

-Vou tomar um banho, já tomou? -ele me pergunta.

-Já tomei. Eu te espero no quarto, tudo bem? -ele afirma com a cabeça e vamos para nossa suíte.

Ele retira suas roupas na minha frente e eu não posso aguentar de tanta saudade que tive de seu corpo.

O banho é demorado e eu pego no sono. Acordo com seu peso sobre o colchão, indo a caminho do meu corpo.
Uma de suas mãos está para trás. Ele apoia-se na outra ao lado do meu corpo. Morde minha orelha, beija meu pescoço e beija minha boca.
Desce seu quadril para junto ao meu e eu afasto minhas pernas.
Sua mão continua atrás do seu corpo.

-O que tem ai? -pergunto colocando a mão em seu braço.

-Um presente. Mas só vou te dar daqui a pouco, querida.

Ele me beija mais uma vez. Minha calcinha é colocada de lado e ele que já subiu na cama sem cueca, me penetra.
Fecho meus olhos e aperto sua cintura com as duas mãos. Como eu senti falta disso...

-Eu te amo.. tanto. -Ele diz com dificuldade.

-Eu tam..bém...

Nos beijamos e ele toma para si todos os meus gemidos.

Entre vai e vem, pela falta um do outro, logo chegamos lá. Juntos. Fomos feitos um para o outro.
Quando abro os olhos, ele tem suas esferas azuis brilhantes. Orgulhosas. Satisfeitas.

-Agora seu presente.

Ele tira sua mão que permaneceu atrás de si durante todo o tempo de prazer, mostrando uma corrente brilhante.
Arregalo os olhos e ele sorri.
Desenrola a corrente de sua mão.

-Você será liberta agora. Esse é seu presente, amor.

O metal gelado é posto em meu pescoço e eu vou perdendo o ar. Minha visão se embaça.

-Louis... -sussurro para Louis.

Tudo escurece. Estou gelada. Estou morta.

Save MeWhere stories live. Discover now