Capítulo 13

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Acordo com Harry sentado de forma desleixada na cadeira, jeito que eu nunca tinha visto antes. Assim ele aparenta ter realmente sua idade.
Não me lembro de ter vindo para o meu quarto andando, alguém deve ter me trago para cá.
—Pai, pode vim. –Harry diz alto, ainda sentado.
Tento me levantar quando me lembro que seu pai é o Cásper, mas meu corpo ainda dói. Olho para minhas mãos e elas já não estão mais sujas de sangue.
—Não. –eu grito —Harry fala comigo. Você pode falar comigo. Não deixe que ele entre. Harry por favor. —meu tom é desesperado. Eu levanto da cama e um choque de dor atinge todo meu corpo, o que faz eu me encolher. Dou alguns passos até Harry e ajoelho em sua frente. –Por favor Harry –eu estou chorando.
—Faça o favor Lisy, pare com isso! E não é dessa forma que quero ver você ajoelhada na minha frente, se é que me entende, então se levante e espere meu pai. –ele revira os olhos.
Quando a porta se abre eu agarro a perna de Harry. Eu fazia isso com meu cobertor quando era pequena e tinha medo dos monstros. Harry olha para mim e sua expressão muda de deboche para... dó?
A figura de Cásper aparece.
—Não precisa entrar. –ele diz para alguém do lado de fora.
Ele lança eu olhar para mim e ri.
—Parece que alguém está querendo você em filhão —ele da uma gargalhada. —Eu já te disse que eu farei isso primeiro, não disse? –ele fecha a cara para o filho.
—Si...sim pai. —ele está com medo?
—Que bom que você se lembra. –Ele vem até mim e tira minhas mãos da perna do Harry. Eu estou lá, meu corpo está lá, eu vejo, ouço, mas é como se eu estivesse presa em um estado de choque.
—Não encosta em mim —digo gaguejando. —Não encosta. —tento falar alto mas não consigo. —Me deixa em paz. Me deixa ir embora. Me deixa. — rastejo para o fundo do quarto e me encosto na parede. Ele revira os olhos.
Cásper anda até mim e para em minha frente. Ele gargalha mais uma vez.
—Harry saia do quarto. —ele diz sem olhar para o filho.
—Pai eu não vou sair. — ele revira os olhos e se senta ereto na cadeira.
—Harry, agora. — Cásper vira um pouco a cabeça para olha-lo com o canto dos olhos. Harry se levanta
—Cásper, eu não vou sair. A Lisy não consegue falar direito, você não vai fazer nada hoje. Eu não vou sair do quarto. —Harry diz rígido.
—Harry. — Cásper respira fundo e solta o ar lentamente. Ele se vira para o jovem que é um pouco mais alto que ele e o encara. —Não venha com esses papinhos parecidos com os que você tinha quando você era mais novo. Hoje eu não estou com paciência para ajudar você a relembrar do que eu sou capaz, ou você se esqueceu das correntes? –Harry remexe o tronco desconfortavelmente e as passa mãos por seus pulsos. — Saia do quarto agora e vá terminar de arrumar os exames falsos dela que o resto eu resolvo. Entendeu? – Harry murcha os ombros.
—Sim, senhor. —antes de sair do quarto ele olha para trás, me lança uma expressão de... pêsames?
A porta se fecha e eu estou sozinha com Cásper.
Ele se vira para mim passando a mão em sua testa um pouco suada.
—Pois é filhinha, para você ver que não é a única filha que me dá trabalho e é desobediente.
—Não em chama de filha. —já consigo elevar um pouco o tom da minha voz. Não me sinto tão fraca como alguns minutos atrás.
Ele puxa a cadeira que Harry estava sentado e coloca na minha frente. Ele me levanta pelo braço e me coloca sentada nela.
—Se você se levantar vai se arrepender. Você sabe que não consigo me expressar bem quando estou sentado, acho que você lembra das reuniões em família. Muitas vezes eu pegava sua irmã no colo e fazia os discursos da família andando de um lado para o outro da sala de jantar com ela. Era ainda melhor quando eram reuniões da empresa lá em casa. Você se lembra? Você se lembra da sua casa Lisy? Se lembra como sua irmã sorria no meu colo e me chamava de papai? Ela me chamou assim também quando eu brinquei com ela naquela noite em que matei sua mãe, você se lembra de escutar ela gritar Lisy? Ela falava "Pai, pai". —eu tampo meus ouvidos com as mãos. A voz dela gritando invade minha cabeça. Dói. Dói relembrar. Minha cabeça dói. Uma onda de adrenalina invade meu corpo e eu me levanto e vou para cima de Cásper.
—Cala a boca seu filha da puta. Cala a boca. —Eu dou tapas nele e ele vai andando para trás até encostar na parede.  —Você vai pagar por tudo o que fez. Eu vou honrar minha mãe e minha irmã, você está me ouvindo? Você está ouvindo? –Grito ainda batendo nele.
—Aaaah Lisy faça-me o favor! —ele pega meu pulso e me arrasta até minha cama e me joga sobre ela. Ele sobe encima de mim. Seus joelhos ficam um de cada lado do meu corpo. Eu me debato e esperneio na tentativa de sair dali. —Você ainda não percebeu que nada vai me derrubar? Já consegui tudo que eu quero. –Ele olha nos meus olhos —Na verdade –ele sorri de lado —quase tudo – ele abaixa seu quadril o pressionando sobre o colo da minha barriga.
Eu me mexo ainda mais. Consigo soltar minhas mãos que ele estava segurando.
—Sai de cima de mim. Sai –eu grito. Empurro o tronco dele, mas falho. Ele prende minhas mãos novamente e pressiona ainda mais seu quadril.
—Calma filha, você vai ter o que sua irmã e sua mãe teve, mas não hoje.
Ele tira do bolso um frasco de remédio e o coloca em minha boca a força. Cuspo um pouco do que sobrou em depois que ele tira a mão da minha boca.
—Isso só vai te deixar mais calma. Você vai entender tudo o que eu estiver falando. Você está dando trabalho hoje. Sabe, já sou um cara velho, não posso mais gastar tanta energia te segurando. –seu tom é de ironia.
Começo a sentir o ritmo do meu coração diminuir um pouco. É como se eu estivesse boiando em uma piscina.
—Daqui alguns dias virão um alguns juízes para avaliar o seu caso, afinal, você quem matou sua irmã, viu ela ser estuprada pelo ladrão que matou sua mãe e você também teve um surto psicótico na frente dos policiais e dos seguranças daqui que te buscaram lá em casa, você se lembra disso tudo, certo? Ótimo! É isso que você irá falar para eles. E acho bom você nem tentar fazer alguma gracinha, até porque eles não acreditariam em uma adolescente louca, mas caso isso aconteça, quero que você pense em como o sorriso da Grabriela é lindo. Você se lembra dela? Sua melhor amiga, uma morena tão linda... Ela e o Herik me visitaram esses dias lá em casa. Quiseram saber como um padrasto inconsolado estava. Subimos até seu quarto, Herik não quis subir, ela é mais forte do que ele. Sempre achei ele meio viadinho —Cásper ri —mesmo depois da Gabriela me dizer que se as coisas estivessem sido diferentes ele teria se aberto com você, acho que ele tinha um amor secreto — ele me encara. —Enfim. Acho bom você não abrir sua boca ou então eu vou ter que começar escolher formas de me aproximar da Gabi. Quem sabe eu não trago ela para te visitar e depois fizéssemos algo?
Ele caminha até a porta.
—Por hoje é só Lisy. Harry me disse que você está limpando a ala lá debaixo, certo? Hoje você limpará, já que foi bem desobediente comigo. —ele sai batendo a porta.

Estou sozinha novamente e meus pensamentos são pura bagunça em minha mente e eu não sei o que é real. Em um dos meus lapsos de memória, confusões mentais, lembranças e imagens de coisas que nunca vivi, circulam em minha mente, vejo Louis sorrindo. Tenho vontade de saber como é o sorriso dele e de como seria seu olhar sem perturbações.

Estou deitada com os olhos abertos pensando nos últimos acontecimentos. Harry vira um cachorrinho abandonado perto do pai. A frieza de Cásper. Amy me batendo e sendo morta na minha frente depois de eu ter batido nela. Niall. Louis. De todos os pensamentos, o único que sempre me invade é o Louis, e esses pensamentos sempre permanecem em minha cabeça como pontos de interrogações.
A porta se abre e vem um segurança me chamar para eu fazer a limpeza da ala debaixo.
O efeito do que Cásper me fez tomar já passou, estou bem agora. A única coisa que me encomoda é a dor em meu corpo.
Depois de muitos dias eu verei Louis novamente.

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