Capítulo 47

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O vento chicoteando através de seu cabelo. Suor molhando sua camisa e a grudando em suas costas. Suas pernas falham e é como se ela fosse cair. Ela está correndo pelo bosque. Aterrorizada. Algo assustador está perseguindo ela. Um monstro. Cásper, é o seu nome. Ela para abrupdamente. Há dois caminhos para escolher. Ambos parecem promissores. No entanto, ambos tinham algo que o outro não fazia. Ela mal respira. Está confusa. Qual caminho escolher? Ela precisa se apressar. Pois o monstro a alcançará em breve.

Acordo com a roupa molhada de suor e ofegante. Minhas pernas pulsam como se a corrida do pesadelo tivesse sido real.

Está escuro e não consigo enxergar nada. Apenas sinto uma zona de calor envolta de mim enquanto meu suor escorre pelo meu rosto. Me sento e prendo meu cabelo. Aperto meus olhos fechados com as pontas do dedos a fim de me tranquilizar.

Minha mente começa a processar os últimos dias. Penso se não seria idiotice ser mais cautelosa para salvar mais uma pessoa. Bárbara não deveria estar aqui. Ela é tão frágil. Mas há algo em seus olhos que faz minha garganta secar. Eu contaria para Niall sobre tudo. Se ele for um deles eu pelo menos arcaria com as consequências sozinha, mas e se ele for apenas um inocente e se enrolar por mim ou se punirem Bárbara junto comigo? Não posso arcar com esse peso. Tenho tantas dúvidas.
É nessa horas que sinto falta da minha mãe. Ela me aconselharia e diria que tudo ficaria bem.
Eu a vejo constantemente. Como um anjo que me ilumina e me acalma em meu sono, minhas memórias. Eu fecho meus olhos, mas a imagem do seu sorriso é queimada na parte de trás das minhas pálpebras e eu não posso apaga-la. Queria poder fazer algo sobre isso, te-la perto, mas as únicas coisas que tenho para manter sua companhia são meus pensamentos e como eles pareceriam ser tão mais claros se ela estivesse aqui.

Penso se talvez eu não esteja me apoiando em bases frágeis. Louis é o mantém minhas esperanças, mas ele é tão fodido quanto eu. Se ele caísse eu também seria puxada com ele. Não conseguiria suportar mais uma perda se caso ele fosse tirado daqui ou se algo acontecesse com ele. Ele é tão puro em sua essência confusa e bagunçada. Talvez, também, analisar sua áurea seja um passa tempo ou apenas a minha mente desesperada querendo achar alguma corda para se segurar.
Segurar... procurei pelos olhos de Harry na boate ontem enquanto nos preparavamos. Nada.
Mesmo sendo o melhor para mim, sua traição e frieza fez eu me sentir abandonada. É o que acontece quando não se tem nada e acha algo que pode significar algum a coisa. Eu não imaginava que ao tentar conquista-lo, eu quem acabaria apaixonada.
Me pergunto se eu realmente estaria apaixonada por ele ou apaixonada pelo pensamento de estar com ele e de finalmente ser amada por alguém novamente, ter um porto seguro. Eu pensei sobre isso e sim, no começo eu estava apaixonada pelo pensamento de me apoiar nele, mas depois que meus pensamentos se tornaram realidade, eu me apaixonei lentamente por ele. Mais do que eu pensava ser possível.
Mas ele me abandonou, não é? Eu também fiz questão de esquecer das suas promessas, e isso foi difícil, porque dia após dia eu lembrava de cada uma delas. E eu chorava, alias, ainda choro, como agora, ao lembrar que ele não as cumpriu. Ele disse que iria cuidar de mim, e que ia me fazer feliz... Ele cumpriu isso, mas só enquanto esteve comigo. E depois? Agora não tenho nada além de mim mesma para me guiar e um par de olhos azuis mais perdidos que eu. Ele não olhou pra trás quando se foi, e não se importou como eu ficaria, ou se iria suportar. Me obriguei a me lembrar tudo o que ele me fez, o quanto eu sofri. Só desejo ainda que ele pare de assombrar minha vida, porque já que não está aqui pra trilhar junto comigo, ao menos me deixe em paz. Rezo para que ele esteja bem. Não o vejo, e dói.

No fim de tudo fui apenas uma adolescente carente se apegando ao perigo na esperança de uma redenção.

-Hora do trabalho, mocinha. - a voz rouca na porta e a claridade que veio ao abri-la me despertam.

Me levanto e ando pelos corredores tão familiares e gelidos.
O subterrâneo onde Louis fica tem um calor exclusivo. Vez ou outra alguma corrente de ar passa para fazer minha pele arrepiar. A sensação de que estou sendo observada vem junto e quanto mais próxima da minha porta preferida eu fico, o meu estômago decide se juntar as brincadeiras e cria redemoinhos que fazem eu me esquecer de tudo.

A maioria das pessoas aqui estão machucadas. Não venho aqui desde a véspera de Natal e arrisco dizer que foram eles mesmos quem causaram todos os ferimentos. Meu coração dói por todos. São coitados perdidos e abandonados na própria mente.

-Bom dia, Louis. - Ele está deitado sobre sua cama com as mãos entrelaçadas sobre sua barriga.

-Tenho sonhos com você. -ele diz, ainda deitado e sem exercer nenhum movimento. -Às vezes você é um anjo, outras você é um demônio. Em alguns sonhos você cuida de mim e me abraça enquanto me sussurra palavras doces. Nos outros você me machuca mentalmente e deixa cicatrizes em todo o meu corpo. Os sonhos onde você me abraça geralmente vêm depois dos sonhos onde você me machuca. É bem aleatório. No começo os sonhos não aconteciam e depois gradualmente apareceram. Agora eles são frequentes.

-Eu também sonho com você, Louis.

Ele abre os olhos. Silêncio.

Me ajoelho para limpar seu vaso sanitário. Quarto de Louis é o que menos dá trabalho, mas a confusão que ele faz em mim compensa tudo. É bom ter confusão ao invés de angústia.

Ele chega como um vulto. Pega em meu braço e me faz olha-lo.

-Eu quero que você me quebre. -ele sussurra.

-Você tem algum horrível desejo de se machucar? -Ele se cala. Ele tem. Eu sei que tem.

-É só que... se você não me quebrar, você vai se quebrar e eu não poderia pensar em nada pior.

LOUIS POV'S

Seus olhos estavam de um azul escuro e de um tom de cinza entorpecido, bastante inesquecível e fascinante, e eles sempre estão examinando com suavidade as cores dos meus ou a escuridão, procurando sem parar algo significativo. Mas não há nada brilhante ou vivo nos meus olhos como nos dela. Apenas um abismo.

-Você precisa parar com isso. -ela sussurra e seus olhos ameaçam a ficarem vermelhos. O que será de mim?

Eu queria ama-la, Deus, como eu queria ama-la da forma que ela merece. Mas o que eu sinto não pode ser amor. Não era nada, ela está tão quebrada e eu queria poder conserta-la, mas eu não poderia fazer isso, e eu sabia que iria machuca-la, mas eu não poderia fazer isso. Seria egoísmo se fosse amor.

- Você prometeu que me salvaria, Louis.

- É isso que eu estou fazendo. -Eu solto seu braço e me ajoelho a sua frente.

-Não posso aceitar isso. Por que você tem medo de você? Não sente esperança? Paz?

-Só tenho muitos instintos e hábitos ruins, e estou lutando contra eles por você. Posso não conseguir. -Lisy coloca sua mão sobre meu joelho e permanece assim. -Por que você ainda fica por mim? -eu perguntei.

Seus olhos estavam inchados e seus cabelos desarrumados enquanto ela olhava para o chão e acariciava meu joelho.

-Porque, você é a razão que eu sorrio, a razão pela qual eu realmente quero sair desse mundo horrível, a razão pela qual eu não me escondo em um canto chorando a cada segundo do dia, a razão do meu coração estar batendo novamente.

Me pergunto se o tempo todo isso é apenas um sonho. Ela é boa demais para ser verdade. Ela é inteligente, amável, amorosa e bonita. Ela sabe todas as coisas certas a dizer, mesmo quando eu não quero ouvi-las, ou quando pensei que ninguém poderia levantar o meu espírito, ela conseguiu. Ela é a mulher dos meus sonhos. Muitas vezes me pergunto o que poderia ter feito para ganhá-la. Me sinto inteiramente despreocupado por ela e seu afeto. Mas eu me importo com o motivo dela ser atraída por mim, porque suas intenções são puras. Lisy é tão perfeita e maravilhosa que até mesmo ter sua atenção me fez o homem mais sortudo vivo.

Save MeWhere stories live. Discover now