Capítulo 12

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—Muito bem meninas! Agora andem lentamente para frente e parem como combinamos para finalizar. Não se esqueçam de olhar para alguém, não é sempre que terão clientes fixos, e para as que não tem, tratem de conseguirem um, ou então terão que se virar sempre com qualquer um do salão. –Elizabeth diz.
Eu e as outra as meninas fazemos o que foi mandado.
—Perfeito! A apresentação de vocês é daqui dois dias, exijo que todas vocês me deixem orgulhosa! –Elizabeth finaliza. Um segurança leva um celular para ela.
—Tudo bem! Pode deixar Payne, eu darei o recado para o pessoal! –a chamada é encerrada.
—Garotas e garotos, chegaram roupas para vocês e estão no camarim. Recebi ordens para que checasse como elas ficarão em vocês. Andem de presa, corram para o camarim. Os ajustem tem que ser feitos para ontem, se for necessário fazer algum. -ela diz batendo palminhas e caminhando para a porta restrita para clientes da boate.

Elizabeth é a nossa professora de dança. Temos que dançar uma nova coreografia toda semana, e ela é a responsável por cria-las. A mulher aparenta ter por volta de 35 anos e é bonita. Ela pega mais no pé das meninas que estão aqui por que querem, do que de nós, que somos obrigadas a estarmos aqui.

Esperimentamos todas as roupas, todas as do meu número tiveram que ser mandadas para o ajuste. Perdi muito peso desde quando cheguei aqui. Meus olhos, minhas mãos e meu sorriso que não vejo à três meses não são mais os mesmos. Se não fosse Niall para me fazer sorrir todas as noites que ele vem aqui, eu provavelmente estaria pior.
Saímos do camarim, que mais era um comodo com algumas araras de roupas, espelhos, e cadeiras, que eram usadas para as mulheres que trabalhavam aqui por vontade própria. Nós da clínica sempre chegamos aqui arrumadas, mas elas não. Acredito que elas também não saibam o nome do lugar, por que também chegam aqui em uma van e vendadas.
Chegamos ao galpão onde as vans ficam estacionadas. Os garotos já tinham entrado na van destinada a eles, e nós ainda estávamos sendo vendadas. Fazia muito frio e eu só vestia uma calça legging com uma camiseta bem larga e fina. Quase todas as meninas tinham casacos.
Faltando quatro garotas para serem vendadas antes de mim, Amy sai do fim da fila e me entrega um casaco.
—Toma Lisy, vi de longe você passando as mãos nos braços para se aquecer. Sua boca está roxa.
—Não precisa, Amy. Obrigado, logo entramos na van e o frio diminui.
—Por favor, pegue, eu estou com esse e é bem quente –ela aponta para o moletom que ela está usando. Eu resistira e rejeitaria se eu não estivesse me sentindo fraca de tanto frio.
—Tudo bem! –sorri sem graça para ela. —Muito obrigado mesmo Amy. Juro que quando chegarmos na clínica, antes mesmo de eu ser separada de vocês eu te devolvo.
—Lisy, eu já fiquei no seu quarto quando cheguei aqui, só depois fui levada para o quarto com as outras meninas. Sei que lá faz frio e eu tenho certeza de que você não tem um agasalho muito melhor. –ela sorri meiga.
—Tudo bem Amy, obrigado mesmo. –ela balançou a cabeça e voltou para o fim da fila. Já era a minha vez de ser vendada.
Percebo quando todas estão dentro da van quando a porta se fecha. O veículo começa a se movimentar e eu ouço o barulho do portão automático. A van ganha uma velocidade razoável e o barulho do portão soa novamente, ele se fechou. Sempre que entro dentro do automóvel eu lembro do meu desejo de tirar carteira. Para mim isso seria uma independência, já que se eu tivesse a licença para dirigir, os motoristas não precisavam sempre me levar onde eu quisesse ir, mesmo eu não sendo de sair muito. Nos últimos tempos em casa cuidei de mamãe, ela ficava chateada com as brigas por causa de Cásper e eu não suportava isso. Ela não precisava daquilo. Não me arrependo de ter passado o último ano vivendo da escola para casa e de casa para a escola. No tempo que estou aqui sinto falta de papai, mamãe e de minha irmã. Não sei onde meus amigos estão, e as vezes me pergunto se eles se preocupam comigo ou apenas aceitaram a minha falta de sanidade e acham que eu estar aqui é o melhor para mim. De fato, eles me esquecerem é melhor, não aguentaria ve-los novamente e não dizer nada do que acontece aqui dentro. O barulho do portão da boate me desperta de meus pensamentos. Voltamos para a boate? O veículo para. A porta é aberta com força.
—Tirem as vendas e saiam da van. -um segurança diz rígido.
Todas nós saímos rapidamente do automóvel. Do lado oposto ao nosso estavam os meninos e as fixas aqui.
—Fiquem todas uma ao lado da outra. Tirem as roupas. To.da a roupa. –um homem moreno e de porte forte diz.
Elizabeth está ao lado dele com expressão séria.
Me esqueço de fazer o que foi mandado, só retomando consciência quando o moreno manda um segurança olhar a roupa da primeira garota da fila. A maioria já estão nuas, e outras estão quase terminando de se despirem. Faço o mesmo, mesmo estando receosa. Coloco minha roupa no chão a frente de meu pé, assim como as outras meninas. O segurança olha peça por peça de roupa e manda as garotas agacharem também. Deve estar procurando alguma coisa.
O moreno e Elizabeth estão eretos e sérios, até que outro homem, moreno também, com luzes loiras no cabelo mostra para ambos algo em um tablet. O moreno forte, ao olhar o aparelho observa todas nós e fixa o olho em alguém ao meu lado esquerdo, cochicha algo no ouvido do rapaz que lhe entregou o tablet, que logo para ao seu lado.
Observei tanto a ação deles que nem percebi quando o segurança parou em minha frente. Ele pediu minhas mãos, eu cobria meus seios com um braço e com a outra minha parte íntima, proteção que teve de ser quebrada. Ele me encarou, mandou eu agachar. Mesmo constrangida fiz tudo o que ele ordenava com poucas palavras. Ele estava olhando minhas roupas agora. Eu estava nua e o frio me deixava fraca novamente.
O homem olhou minha calcinha, meu top, minha calça, camiseta e por fim o casaco de Amy. Ao colocar a mão no bolso da peça, ele me olha furioso e se vira para Elizabeth e os dois morenos. Levanta algo. Joga o casaco no chão e anda até os três.
—Traga ela aqui. –o moreno forte diz e o segurança anda até mim de novo. Puxa o meu braço e praticamente me arrasta até o moreno. Eu não estava entendendo nada.
—A vadia deve ser nova aqui. Qual o nome da vagabunda? –Ele cospe as perguntas.
—Lisy. Lisy Lewis. –respondo ignorando o "vagabunda".
—Bom... bom! Você é nova aqui. Você deveria saber que aqui não brincamos de pegar coisas dos outros escondidos. A não ser que não tenha sido você. Foi você Lisy? Foi você quem pegou o celular de Elizabeth? Responde vadia.
—Não fui eu. –digo. —Não fui eu.
—Quem foi então? –ele diz me encarando.
—Eu não sei, juro que não sei. Aquele casado é da Amy, eu não peguei o celular da Elizabeth. –o encaro também.
—Muito bem. –ele diz. —vem cá. –Ele pega em meu braço, fazendo com que o segurança me solte. Ele me leva até Amy, que está na fila.
—Amy, o casaco é seu? Então foi você quem pegou o telefone, não foi? –o moreno direciona a pergunta para Amy.
—Não, senhor Payne. O casaco não é meu.
—Amy claro que é, voc..
—Que coisa feia Lisy, tentando colocar a culpa em sua colega de serviço. Tsc tcs tcs –ele estala com os lábios. —Acho que você pode fazer alguma coisa com ela Amy, ela tentou te incriminar, você seria seriamente castigada mesmo sendo inocente, por causa da travessura que a senhorita Lisy aprontou.
—Eu não fiz nada. –grito. —Nada, eu juro –tento me soltar do aperto de Payne.
—O que podemos fazer? Alguém tem alguma ideia? –ele olha em volta. —Não? Ótimo, para mim é claro, e para Lisy, que vai aprender a não pegar mais as coisas dos outros sem pedir. –ele aumenta o aperto em meu braço. —Bata nela Amy. Bata nela e mostre que você é inocente e ensine a ela e a todos que estão aqui a dar o troco.
—Não Amy, por favor. –suplico. —Amy.
—Amy, se você é inocente bata na Lisy. Agora. –ele grita.
Amy me dá um tapa no rosto, um soco na minha barriga. Me encolho por causa da dor e Payne me joga no chão.
—Bata mais Amy. Mostre a ela que não se deve mentir. –ele diz
Amy me chuta. Por reflexo seguro em seu tornozelo a fazendo cair. Subo encima dela e tento segura-la, mas um segurança me joga no chão novamente.
—Bata mais Amy. Bata mais. –Payne continua insistindo.
Ela senta na minha barriga e me bate. Me bate muito. O fato de eu estar nua só piorava a situação. O frio estava insuportável. Amy mesmo estando despida também, suava.
Quando consigo sair debaixo dela, um segurança a puxa pelo cabelo. A raiva que eu sentia naquele momento era maior do que qualquer coisa.
—Por isso que a cada dia eu sinto mais nojo de mulheres. –Payne pega o tablet na mão do moreno, o mesmo que havia lhe entregado o aparelho momentos antes. Ele da play em um vídeo que mostra Amy pegando o celular de Elizabeth e colocando em seu casaco. —Lisy, pode levantar agora e devolver tudo que ela te fez. –ele ri. —Vocês são ridículas.
Levanto esquecendo de toda a dor que sentia minutos antes. Pego na nuca de Amy que estava sendo segurada por um segurança e a jogo no chão. Chuto ela. Chuto muito. Ela chora. Chora muito. Me sento encima dela e começo a bater nela. Uso a força que nunca tinha usado antes. Grito. Grito muito. Choro. Tudo escurece e os meus movimentos contra Amy se tornam automáticos. Ela não reage mais. Ela está mole. Estou ofegante. Me sinto fraca. Quando me dou conta do que eu acabei de fazer, saio de cima de Amy que tenta levantar. Eu nunca havia batido em ninguém antes. Tem um pouco de sangue em minhas mãos. Pela primeira vez desde que cheguei aqui esqueci de tudo que está em minha volta. É difícil respirar. Conforme o tempo passa perco cada vez mais minha essência. Eles estão conseguindo. Os olhos de mamãe aparecem na minha frente. E por último, vejo os olhos de Louis.
Estou do lado de Amy. Ela já está sentada. Ela está muito machucada. A dor em meu corpo volta a incomodar.
—Zayn. –Payne chama. —Pode fazer o seu trabalho.
Elizabeth e todos dentro daquele galpão estão de cabeça baixa.
O moreno, Zayn. O mesmo que levou o tablet para Payne e Elizabeth tira uma siringa do bolso. Revira os olhos e caminha até Amy. Aplica o conteúdo em sua nuca.
—Eu achei que por você ser filha do Cásper eles não fariam isso Lisy.. –ela começa a ter convulsões. Ela agora não está mais sentada. Seu corpo caiu no chão. Agora ela está parada. Seus olhos estão abertos. Ela não pisca mais. Choro desesperada. Ouço choros. Tem muitas pessoas soluçando por chorar.
—Se vistam depressa. Vão voltar para a clínica. Que tudo isso sirva de lição. –Payne diz. Zayn está ao seu lado. Eles entrelaçam as mãos.
Alguém me joga minhas roupas. Começo a vesti-las. Todos meus movimentos são automáticos. Ajo como um robô. Me levanto. Termino de vestir minha calça e ando com dificuldades até o segurança que está vendando as meninas.
—Por favor. Coloque uma venda em mim agora. Por favor. Não deixe que eu veja mais nada disso. Por favor. –suplico.
Sou colocada na van.
Não vejo quando chegamos a clínica.

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Oioii!!
Como estão? Desculpem a demora para postar o capítulo ♥.
Espero que tenham gostado.
Não esqueçam de apertar a estrelinha e me deixar feliz haha.
Comentem o que estão achando também. Por ser um estilo diferente de história, tenho receio de ela não estar sendo bem aceita entre vocês, então me mantenham informada.
Se tiverem dúvidas sobre algo, pode me chamar no meu twitter (peynetrado), é mais fácil por ele, já que não tem tantas notificações como no FC, mas se preferirem podem mandar mentions para mim no Niallhbra, vou responder todas.

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/Pal

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