Capítulo 59

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Minha mão escorregou de seu rosto para o colchão.
Sentei meu peso sobre ele pelo simples fato de meu corpo estático não conseguir se manter distante de seu quadril ou de qualquer coisa que estivesse embaixo de mim.

Minha boca provavelmente formava um prefeito "O" pelo jeito em que meu queixo caiu.

Meus olhos ardiam, piscar também não era possível.

Eu tinha certeza de que eu segurava a minha respiração.

Respire, Lisy.
Respire.

Tirei os olhos dos azuis de Niall quando abaixei o rosto e fitei desfocadamente qualquer parte do seu peito ainda coberto pela camisa.

— Tá tudo bem.

A voz veio dele e eu me permiti ceder a frase apenas para ter o alívio de voltar a respirar.

O som saiu audível e meus ombros tensos murcharam.

Minha postura caiu e Niall afagou as laterais dos meus braços com suas mãos.

Recuei.

Seu queixo se mexeu em uma provável afirmação.

Ora! Ele sabia quem eu era. Há um ano ele está aqui.

Mas será que ele sabia mesmo quem eu sou verdadeiramente?

E ele afirmaria isso depois de eu revelar coisas tão graves para ele?

Ele não pode estar me achando uma louca.

Mas se ele for um deles...

—Lisy?

Ele chama.

Levanto meu quadril e me inclino para o lado para me sentar na cama.

Fugir dele seria o mesmo que me entregar para eles.

— Não se afaste. Não saia de cima de mim. Vamos falar sobre isso, tudo bem?

Suas mãos saíram dos meus braços e apalparam minha cintura com leveza, me colocando sobre ele mais uma vez.

— Eu preciso que você confie em mim agora. – seu tom é firme. — Ou nós dois estaremos mortos quando sairmos desse quarto. Eu preciso que você fale comigo também.

Agarro a seda da coberta com minhas mãos. Elas estão suando e trêmulas.

—Eu só posso confiar em você se eu tiver motivos para isso.  – Falo e ergo a cabeça, o encarando.

Sua expressão é séria e ele assente.

Niall retira a mão da minha cintura que estava pousada de uma forma tão leve que eu nem lembrava da sua permanecia ali até o momento, a coloca em meu ombro e desliza as pontas de seus dedos até a curva do meu pescoço, colocando o cabelo que caia em meu busto para trás e encaixando sua mão em minha nuca.

Seu dedão acariciava o lóbulo da minha orelha e meu estômago embrulhava.

O dilema entre ser punida aqui ou lá fora teimava em passar pela minha cabeça.

Niall levou minha cabeça até próxima da sua, depois de uma breve resistência minha perante a proximidade com o desconhecido que estava a minha frente.

— Eu trabalho com investigações. Ninguém pode saber sobre isso. Estou procurando por essa organização há três anos, Lisy.

Viro meu rosto para que sua voz calma, firme e suave soe diretamente em meu ouvido.

— Eu sei sobre sua mãe. Sua irmã nunca foi estuprada por um namorado seu, foi? Seu pai também não foi apenas assassinado, Lisy.

Ouvir afirmações de outra pessoa, ouvir "sua irmã foi estuprada" de outra boca fez meu coração doer. Minha cabeça rodou e talvez Niall tenha percebido quando trocou de lugar comigo e deitou por cima de mim.

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