25. O rugido

1.9K 212 60
                                    

 '' As pessoas temem o que não entendem.  ''

-Superman

_*_

A floresta estava mais escura que o normal. O único som que se ouvia era o rastejar das cobras de duas cabeças. Sorte a deles que era um animal inofensivo. Katherine andava com cuidado e fazia de tudo para não pisar em galhos secos e sem querer acabar causando um som estrondoso.

Mas a distração era uma tentação.

Seus pensamentos sempre a levavam para a mãe desconhecida.

A mulher que fez com que o ódio brotasse no coração de Elizabeth.

A mulher que ela tanto ansiava encontrar.

- Estou exausta. – ela disse.

- Eu mais ainda. – Thomas diz depois de dar um longo bocejo. – Eu poderia comer essas cobras.

- Vamos parar para acampar? – ela pergunta.

- Estamos próximos. Estamos caminhando durante um dia ao todo. Os manipuladores roubaram um pouco do nosso tempo.

Ambos saíram da trilha e foram em meio às árvores mortas. Acharam um pequeno canto plano onde estava um tronco de árvore velho. Kate imediatamente se sentou e fechou os olhos absorvendo o frescor da noite em seu rosto.

- Não durma. –Edward disse seriamente.

Kate franziu o cenho.

- Por que não?

- Em cada árvore há uma alma presa.

Kate se assusta e sente um arrepio.

- Estou brincando. Venha, vamos deixar o Thomas descansar e pegar alguns peixes.

Thomas assentiu cansado e se sentou no tronco, adormecendo logo em seguida.

_*_

- Como conheceu o Thomas? – Katherine perguntou enquanto andavam rumo ao pequeno rio que estava logo à frente.

- Nós competíamos na época da ''escola. '' – ele responde, fazendo aspas com os dedos.

- Por que as aspas?

- Por que o que vocês pensam que é escola, para nós é outra coisa. Não ficamos aprendendo coisas inúteis à vida inteira. Nós aprendemos a lutar e a dar valor as nossas vidas.

Kate ficou completamente sem graça.

- Desculpa pelo modo que pronunciei. Consegue catar um peixe com a mão?

- Claro que não. – diz revirando os olhos.

Os dois colocaram os pés na água fria e caminharam mais um pouco até a água ficar na altura da cintura de ambos. A vista que Katherine tinha era eterizadora. Estrelas de diversas cores brilhavam no céu verde escuro. Ela nunca havia notado a cor do céu à noite.

Era a coisa mais perfeita que ela já viu.

- São lindas não é mesmo? – Edward perguntou esboçando um sorriso preguiçoso no rosto. Kate parou para observar a maneira que seus olhos brilhavam ao olha-la. A maneira presunçosa de sorrir.

- São magnificas.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, até que ela resolveu fazer uma pergunta.

- Você sabia que Elizabeth era a minha irmã o tempo todo, não é?

Ele respirou pesadamente e respondeu olhando em seus olhos.

- Sim, Kate. Eu sabia.

Ela sentiu os olhos arderem.

- Por que continuou lá com ela? Ela é uma pessoa horrível.

O rosto de Edward perdeu a cor das estrelas. Ele olhou para a água e molhou os dedos.

- Há muito tempo eu estava cego de amor por Elizabeth. Ela fazia suas maldades e eu sempre a repreendia. Sempre achei que ela fosse mudar. – ele faz uma pausa. – Eu sempre via a mesma menina que me apaixonei quando era jovem. Ela me disse o plano dela sobre você e cai como um patinho. Até que eu te vi pela primeira vez. – ele diz olhando em seus olhos. – E vi que você era alguém que valia pena lutar.

Kate desviou o olhar rapidamente e sorriu com o nervosismo.

- Como pega o peixe com as mãos mesmo? – ela pergunta e ele sorri desapontado.

- Vou te ensinar. Eles são escorregadios, então você tem que agarrá-los com força.

- Entendi.

Um peixe saltou para fora e Edward logo o agarrou com as mãos firmes. A coisa mais estranha que Katherine notou foi o rosto do peixe. Ele não possuía olhos e sua boca era uma simples linha fina. Seu estomago revirou.

- Eu não quero pegar nisso.

- Ora, vamos Katherine!

- Esse peixe é horrível! Caramba, ele não tem olhos!

- Katherine, por favor! Vamos morrer de fome! Esse peixe é um dos melhores, você verá.

Ela assentiu derrotada e pegou o peixe nas mãos. Ele não era tão escorregadio como ela pensava. Era de uma cor acinzentada e meio arroxeada. Edward rapidamente capturou mais um, no entanto, esse peixe era ainda maior. Possuía olhos que pareciam saltar para fora a qualquer momento e a sua boca era igual ao outro peixe.

- Vamos. Dois será o suficiente.

Ao sair da água gélida, Katherine sentiu um vulto passar rapidamente pelo seu corpo. Ignorando a sensação de desconforto, pôs-se a andar ao lado de Edward que segurava os dois peixes com ambas as mãos.

- Você está bem? – ele pergunta ao analisar o rosto da menina. Ela assente.

Mais um vulto.

Sente um fino arranhão nas costas.

- Q-quem está ai?- ela pergunta virando-se bruscamente.

Ela não via nada. Apenas névoa.

Até ouvir um rugido.

Uma fera com dentes finos e pontiagudos. Os pelos eriçados e os olhos completamente negros com várias distorções da raiva.

Katherine sabia que sua morte estava próxima. Edward entrou na sua frente e gritou:

- Thomas, pare!

---


Do Outro Lado| [ reescrevendo ]Where stories live. Discover now