'' As pessoas temem o que não entendem. ''
-Superman
_*_
A floresta estava mais escura que o normal. O único som que se ouvia era o rastejar das cobras de duas cabeças. Sorte a deles que era um animal inofensivo. Katherine andava com cuidado e fazia de tudo para não pisar em galhos secos e sem querer acabar causando um som estrondoso.
Mas a distração era uma tentação.
Seus pensamentos sempre a levavam para a mãe desconhecida.
A mulher que fez com que o ódio brotasse no coração de Elizabeth.
A mulher que ela tanto ansiava encontrar.
- Estou exausta. – ela disse.
- Eu mais ainda. – Thomas diz depois de dar um longo bocejo. – Eu poderia comer essas cobras.
- Vamos parar para acampar? – ela pergunta.
- Estamos próximos. Estamos caminhando durante um dia ao todo. Os manipuladores roubaram um pouco do nosso tempo.
Ambos saíram da trilha e foram em meio às árvores mortas. Acharam um pequeno canto plano onde estava um tronco de árvore velho. Kate imediatamente se sentou e fechou os olhos absorvendo o frescor da noite em seu rosto.
- Não durma. –Edward disse seriamente.
Kate franziu o cenho.
- Por que não?
- Em cada árvore há uma alma presa.
Kate se assusta e sente um arrepio.
- Estou brincando. Venha, vamos deixar o Thomas descansar e pegar alguns peixes.
Thomas assentiu cansado e se sentou no tronco, adormecendo logo em seguida.
_*_
- Como conheceu o Thomas? – Katherine perguntou enquanto andavam rumo ao pequeno rio que estava logo à frente.
- Nós competíamos na época da ''escola. '' – ele responde, fazendo aspas com os dedos.
- Por que as aspas?
- Por que o que vocês pensam que é escola, para nós é outra coisa. Não ficamos aprendendo coisas inúteis à vida inteira. Nós aprendemos a lutar e a dar valor as nossas vidas.
Kate ficou completamente sem graça.
- Desculpa pelo modo que pronunciei. Consegue catar um peixe com a mão?
- Claro que não. – diz revirando os olhos.
Os dois colocaram os pés na água fria e caminharam mais um pouco até a água ficar na altura da cintura de ambos. A vista que Katherine tinha era eterizadora. Estrelas de diversas cores brilhavam no céu verde escuro. Ela nunca havia notado a cor do céu à noite.
Era a coisa mais perfeita que ela já viu.
- São lindas não é mesmo? – Edward perguntou esboçando um sorriso preguiçoso no rosto. Kate parou para observar a maneira que seus olhos brilhavam ao olha-la. A maneira presunçosa de sorrir.
- São magnificas.
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, até que ela resolveu fazer uma pergunta.
- Você sabia que Elizabeth era a minha irmã o tempo todo, não é?
Ele respirou pesadamente e respondeu olhando em seus olhos.
- Sim, Kate. Eu sabia.
Ela sentiu os olhos arderem.
- Por que continuou lá com ela? Ela é uma pessoa horrível.
O rosto de Edward perdeu a cor das estrelas. Ele olhou para a água e molhou os dedos.
- Há muito tempo eu estava cego de amor por Elizabeth. Ela fazia suas maldades e eu sempre a repreendia. Sempre achei que ela fosse mudar. – ele faz uma pausa. – Eu sempre via a mesma menina que me apaixonei quando era jovem. Ela me disse o plano dela sobre você e cai como um patinho. Até que eu te vi pela primeira vez. – ele diz olhando em seus olhos. – E vi que você era alguém que valia pena lutar.
Kate desviou o olhar rapidamente e sorriu com o nervosismo.
- Como pega o peixe com as mãos mesmo? – ela pergunta e ele sorri desapontado.
- Vou te ensinar. Eles são escorregadios, então você tem que agarrá-los com força.
- Entendi.
Um peixe saltou para fora e Edward logo o agarrou com as mãos firmes. A coisa mais estranha que Katherine notou foi o rosto do peixe. Ele não possuía olhos e sua boca era uma simples linha fina. Seu estomago revirou.
- Eu não quero pegar nisso.
- Ora, vamos Katherine!
- Esse peixe é horrível! Caramba, ele não tem olhos!
- Katherine, por favor! Vamos morrer de fome! Esse peixe é um dos melhores, você verá.
Ela assentiu derrotada e pegou o peixe nas mãos. Ele não era tão escorregadio como ela pensava. Era de uma cor acinzentada e meio arroxeada. Edward rapidamente capturou mais um, no entanto, esse peixe era ainda maior. Possuía olhos que pareciam saltar para fora a qualquer momento e a sua boca era igual ao outro peixe.
- Vamos. Dois será o suficiente.
Ao sair da água gélida, Katherine sentiu um vulto passar rapidamente pelo seu corpo. Ignorando a sensação de desconforto, pôs-se a andar ao lado de Edward que segurava os dois peixes com ambas as mãos.
- Você está bem? – ele pergunta ao analisar o rosto da menina. Ela assente.
Mais um vulto.
Sente um fino arranhão nas costas.
- Q-quem está ai?- ela pergunta virando-se bruscamente.
Ela não via nada. Apenas névoa.
Até ouvir um rugido.
Uma fera com dentes finos e pontiagudos. Os pelos eriçados e os olhos completamente negros com várias distorções da raiva.
Katherine sabia que sua morte estava próxima. Edward entrou na sua frente e gritou:
- Thomas, pare!
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Do Outro Lado| [ reescrevendo ]
FantasyOs humanos não estão em um só lugar. Katherine vivia uma vida normal como qualquer adolescente de dezoitos anos. Apesar de ter gostos peculiares em relação a sua realidade, Katherine apenas ignorava os fatos. Até um menino aparecer do outro lado do...