Do Outro Lado| [ reescrevendo ]

9. O inesperado

''O mundo humano é uma bagunça.''

- A Pequena Sereia

_*_

Kate não sabia nada sobre ele e nem por que ele estava ali na sua frente, sorrindo como se tivesse acabado de ganhar um prêmio. Os cabelos negros penteados em um topete. Usava uma jaqueta preta de couro e uma blusa preta por dentro. O ar sombrio emanava-se entre ele e parecia dar volta sobre sua áurea.

Katherine logo quis se afastar dele.

Queria que ele sumisse de sua frente e nunca mais aparecesse.

- Quem seria você? – ele pergunta erguendo a sobrancelha. Com certeza, estava sendo um ótimo ator.

- Essa é a minha linda filha, Katherine! Ela não é linda?

- Sim... Muito. – ele diz com um olhar malicioso sobre Kate, que cerrava os punhos. Seus dedos estavam mais brancos que o habitual.

Kate não sabia qual joguinho era aquele, mas ela não queria jogar. Não queria mesmo.

- Algum problema aqui? – Thomas pergunta. Ele estava vestindo uma camiseta folgada. Seus cabelos espetados para cima como se estivesse com camadas de gel. Seus olhos estavam vidrados no homem misterioso.

- Ora, quem seria você? O empregado? – o homem perguntou zombeteiro. Thomas rosnou.

- Sou melhor que você. – ergueu o queixo. Por um segundo, Kate pensou que iria presenciar uma briga.

- Meu nome é Dean. – o rapaz se apresentou. Ele não mudou nada desde aquele dia da faculdade, com aquele sorriso irreverente. Dean arregaçou as mangas e fixou seu olhar em Thomas.

- Thomas, você não deveria estar de guarda? – Elizabeth pergunta, olhando para Thomas com desprezo. O garoto apenas dá de ombros e diz:

- Não. Não está no meu turno.

- Então vá procurar algo para fazer. Não se intrometa com o Lord Varp.

- Então está fazendo negócios com o lado sombrio? – Thomas falou e Katherine estreitou os olhos para a mãe.

- Claro que não, seu tolo! Estamos fazendo as pazes com o Reino.

Kate percebeu que a sua mãe não estava lhe dizendo a verdade. Estranhou o modo que sua mãe estava agindo na frente de Thomas. Sempre a viu como uma mulher alegre e cativante.

Algo estava muito errado.

Muito.

Katherine saiu da sala correndo. Só precisava do espelho. De sua vida antiga. Nada estava como no planejado.

- Aonde vai Katherine? – Thomas gritou correndo atrás da menina perdida.

- Eu só quero sair daqui, Thomas! Deixe-me sozinha por um tempo.

- Você não está bem.

- E você se importa? – Kate grita. As lágrimas azuladas já estavam visíveis e brilharam como nunca. Thomas ficou quieto, atônito, sem saber o que dizer. – Foi o que eu pensei.

As lágrimas iluminavam o caminho pelos corredores estreitos. Ela só precisava de uma visita. O castelo parecia ter se tornado sombrio para ela tornou-se sufocante.

- Preciso sair...

Katherine sabia que não estava em seu melhor estado psicológico. Parecia estar sentindo claustrofobia ou coisa parecida. Suas mãos, de repente, começaram a tremer sem parar. O choro era o único barulho que ressoava pelo Castelo.