11. Amaldiçoada

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 '' Às vezes o silêncio guia sua mente
E te move para um lugar tão distante''  

-Sweater Wearther ( The Neighbourhood)

_*_

Katherine estava agarrada a cintura de Thomas, absorvendo todo o calor do corpo dele. Iris voava cada vez mais alto e a menina comemorou por dentro, por não estar com medo de altura. Thomas tinha um cheiro delicioso de doces e ela adorou ficar ali com ele. Era estranho, pois ela praticamente não o conhecia, mas sentia como se conhecesse há anos.

Olhando as nuvens coloridas ao seu lado, Kate decidiu fechar os olhos e como sempre, deixar a sensação livre tomar conta de seu corpo.

_*_

- Chegamos. – a voz calma e grossa de Thomas ecoou no lugar silencioso, fazendo Katherine acordar. Para ela, tudo não passava de um sonho.

- Estou sonhando? – ela perguntou. Não sabia se estava lúcida.

- Não. – Thomas semicerrou os olhos. Estava visivelmente preocupado com a situação de Kate. – Kate o que está havendo?

- Tudo isso não é real. – ela disse e logo em seguida, gargalhou alto. – Eu não conheço você e você não me conhece. Grande merda tudo isso, não acha?

- Katherine, você não está racionalizando direito. Venha comigo.

- Não vou com você a lugar nenhum.

- Katherine, eu falo sério! Vamos. – Thomas disse começando a hiperventilar.

- Não. – Kate disse. Seu rosto suava sem parar e seus olhos tinham um brilho sombrio. Ela começou a rir, mas a fraqueza invadiu seu corpo de uma só vez, fazendo-a desabar no chão.

- Katherine! – Thomas gritou e correu até ela, pegando seu corpo amolecido com facilidade. Temia o pior. Colocou as mãos em seu pulso e viu que ainda batia, mas estava fraco. - Preciso falar com a curandeira... – ele disse para si mesmo.

Thomas pegou Katherine no colo com cuidado e subiu com bastante dificuldade em Iris. Colocou Kate a sua frente, encostada com a cabeça em seu peito. Ele a segurava com cuidado para que não caísse e que não sentisse frio.

Bateu nas costas de Iris que levantou o voou novamente, mas um pouco mais baixo, para que Thomas pudesse encontrar o lugar. Seu coração batia rapidamente com medo do que a curandeira pudesse dizer ou fazer. Temia, temia e se culpava por tudo.

- Não vai te acontecer nada. Eu prometo. – e beija o topo de sua cabeça.

_*_

Depois que passou meia-hora, Thomas estava começando a ficar agoniado e ainda mais preocupado com o estado de Katherine. Ela respirava fracamente, sua cor havia sumido e seus olhos estavam marcados por olheiras profundas. As mãos estavam quase esqueléticas.

Assim que Iris pousou, um alívio sucumbiu ao seu peito e ele praticamente, pode voltar a respirar, pois havia chegado ao tal lugar que tanto ansiava.

Deitou Kate em Iris e pulou do Pégaso, logo em seguida, para facilitar na hora que fosse pegar Kate. Avistou uma cabana velha não tão longe dali e caminhou rapidamente.

Ao chegar à cabana, viu um caldeirão enorme, vários potinhos de poções de diversas cores. As madeiras empilhadas, com certeza serão usadas no inverno que estava próximo. Prevendo que não havia ninguém ali, Thomas ao se virar, ouviu uma vozinha rouca:

- O que queres, meu filho? – disse uma mulher velha. Seu cabelo era grisalho e vários rugas marcavam seu rosto. O nariz era grande e deformado; a postura não era nada ereta.

- Eu preciso de sua ajuda. Tu és curandeira?

- Sou tudo o que quiseres. – a mulher deu um sorriso malicioso o que fez com Thomas quase repelisse tudo o que comeu no dia anterior.

- Preciso que ajude uma amiga. Ela está péssima.

A mulher olha em volta e analisa Thomas cuidadosamente.

- Onde está a jovenzinha? – ela pergunta arregalando os olhos.

- Vou trazê-la.

Thomas corre para pegar Katherine que dormia tranquilamente sobre Iris. Levando-a para a mulher desconhecida, Thomas a coloca em cima da única mesa que a cabana tinha.

A mulher analisa Katherine com cuidado. Põe a mão na testa da menina e começa a sussurrar coisas sem sentido para Thomas; parecia outra língua.

O corpo de Kate começa a se iluminar e a menina levita sobre a mesa. A curandeira observava tudo com muito espanto em sua expressão.

- Não é possível! – ela diz, assim que o corpo de Katherine volta ao normal.

- O quê não é possível? – Thomas se desespera.

- Essa menina ... Ela foi...

- Ela foi o quê? – ele praticamente berra.

- Amaldiçoada! – ela passa as mãos pela boca ressaca, ainda não acreditando no que via.

- O que isso quer dizer?

- Que ela vai morrer em breve.

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Do Outro Lado| [ reescrevendo ]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora