17. Mini-fadas

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''Nunca soube amar poderia doer tanto

Isso me deixa louco.''

-Wild( Troye Sivan)

_*_

Thomas ficou encarando Katherine por longos minutos. O olhar decidido da garota atravessava o dele. Com certeza ela aspirava liderança. Ele respirou fundo e parou para pensar que era a melhor ideia que eles tinham, apesar de que ele não queria que Katherine não fosse para uma guerra ou coisa do tipo. Ele queria protege-la.

Mas ela não era mais aquela garotinha que ele observava. Ela havia crescido e se tornado uma mulher maravilhosa que ele amava de todo o coração desde criança. Ele olhava para a mulher que ele viu crescer e dar chá das cinco aos seus ursinhos; a mulher que chorava todas as noites por conta do bulling que sofria na escola, mas nunca machucou alguém verbalmente ou fisicamente.

Ela está bem na sua frente segurando as suas mãos.

- Thomas, eu preciso de sua resposta – ela disse firmemente.

Thomas sacudiu a cabeça, livrando-se de seus devaneios.

- Desculpe-me, Kate. Eu ajudo você se é isso o que você mesmo quer.

- Eu tenho certeza de que é isso que eu quero.

Thomas balançou a cabeça afirmando. Levando-se pesadamente e passou por Katherine sem lhe falar nada. Ela mordeu o lábio.

Melhor assim. – pensou.

Thomas se virou e viu que Katherine estava usando as mesmas roupas, franzindo o cenho, ele disse:

- Kate, pode usar as minhas roupas se quiser. Amanhã, nós vamos à cidade comprar algumas coisas.

Katherine ruborizou, mas logo depois voltou ao normal. Respirando fundo, ela agradeceu e foi para o seu quarto.

Deitada sobre a cama, Katherine começou a pensar no que tanto Thomas escondia dela. Uma hora ele era um amor, outrora ficava seco e rabugento. Agora que eles iriam passar mais tempos juntos, Katherine deveria repensar sobre seus atos e ver se podia ou não confiar em Thomas, mesmo que isso significasse ficar vigiando o menino.

Ela ficava cada vez mais apreensiva com o futuro. Não queria ter que enfrentar a sua própria irmã.

- Trouxe algumas roupas – Thomas entra no quarto sem bater na porta. Katherine leva um susto e quase cai da cama.

- Meu Deus, Thomas! Bata na porta! – ela diz furiosamente, enquanto Thomas gargalhava da situação.

- Katherine, por favor! – Thomas pôs as mãos na barriga de tanto rir.

- Sai do quarto para que eu possa me trocar! – Kate o empurrou e bateu a porta com força. Que menino mais importuno!

E tudo o que Thomas lhe trouxe foi uma enorme camiseta preta. Revirando os olhos, ela pôs a camiseta que ficou quase como um vestido e ela comemorou por isso. Seria constrangedor demais andar com as roupas intimas aparecendo na casa de um rapaz que tem um relacionamento muito estranho com a namorada.

Kate, como estava sem nada para fazer, decidiu vasculhar o quarto. Andou silenciosamente carregando uma vela em mãos. Foi até a penteadeira, colocou a vela em cima e abriu uma das gavetas. Achou tintas e pinceis, apenas. Na outra gaveta tinham papeis rabiscados. Pegou-os cuidadosamente e colocou sobre o seu colo. A primeira folha não era nada mais nada menos que alguns rabiscos pretos e coloridos na falha tentativa de formar um rosto. Ela foi passando cada papel de mãos em mãos e seu rosto foi criando um ar de espanto e todo o ar que havia ali parecia ter sumido.

Era ela.

Seu rosto estava perfeitamente alinhado no desenho, até mais perfeito que o verdadeiro. O cabelo alaranjado solto e o sorriso amarelo de sempre. Ela tinha mais ou menos quinze anos naquela pintura. Sorrindo e distraída, Katherine nem ao menos percebeu que uma figura estava atrás dela a observando.

- Katherine, por que você está mexendo nestas coisas? – a voz de Thomas soou rude e curta.

Kate deixou as folhas caírem no chão. Suas mãos tremiam com medo do que Thomas poderia fazer. Ela não confiava nele. Não confiava em ninguém. Seu coração batia aceleradamente que até ela mesma podia ouvir. Piscou várias vezes e disse:

- Eu... Eu não tinha nada para fazer e resolvi...

- Resolveu se intrometer aonde não foi chamada? É isso? – ele pôs as mãos sobre a cintura e a olhou da cabeça aos pés.

- Por que me pintou?

Thomas a encarou, surpreso. Não sabia como formular frases naquela hora. Ele apenas se aproximou de Katherine, levado pelo momento, e agarrou sua cintura tascando-lhe um beijo apaixonado. Ela não sabia se tinha que deixar aquilo leva-los, mas queria aproveitar o momento. Ela estava sendo idiota, sabia disso. Ele estava sendo insano, sabia disso. Uma garota como ela não ia querer um animal.

Os dois ficaram ali, parados no meio do quarto como um só. Thomas aproximava Kate cada vez mais de seu corpo e queria ficar naquele momento para sempre. Queria que fosse eterno, pois Kate curava cada pedacinho quebrado dele. Ela tinha esse poder.

Assim que o momento cessou, Kate ficou encarando o mar que eram seus olhos, ainda hipnotizada pelo momento apaixonante que teve anteriormente. Sentia fogos de artifícios sobre o seu corpo.

Thomas abaixou os olhos e sentiu Katherine tocar a sua face. Aquele momento, para ele, seria um ótimo momento para chorar. Ele se sentia verdadeiramente amado com todo o coração.

- Desculpe – ele disse e ela apenas ficou quieta. – Eu sei que sempre peço desculpas, mas...

- Vamos ter apenas uma relação profissional daqui para frente, tudo bem? – ela perguntou e ele hesitou em responder. Queria dizer que não, que os dois nasceram para ficar juntos, mas ele precisava protegê-la dele mesmo.

- Tudo bem.

Kate fez o máximo que pode para fingir que não estava abalada com a resposta dele. Coçou a cabeça e sorriu assentindo.

- Tem algumas mini-fadas do lado de fora – ele disse tentando quebrar o silêncio constrangedor.

Kate novamente se esforçou para sorrir.

- Adoraria vê-las.

Thomas abriu a janela velha de madeira que estava completamente empoeirada. Kate sabia que no dia seguinte, ela teria que limpar tudo e ir à cidade com Thomas. Ela realmente estava interessada em conhecer aquele lugar mágico.

As mini-fadas apareceram e Kate se encantou quando uma pousou no seu nariz.

- Parecem vagalumes – ela disse rindo.

- Sim.

A fada que havia pousado em seu nariz acenou com as pequenas mãos para Kate que acenou de volta.

- Vou chamá-la de Tinker Bell.

- O quê é isso? – Thomas perguntou.

- Deixe para lá, treinador.

A fadinha saiu do nariz de Kate e foi ao encontro do outro grupo de fadinhas que cantavam uma canção bem baixinha para os ouvidos humanos.

- O que elas estão fazendo? – Katherine pergunta.

- Estão cantando. Mas ao tom delas.

A campainha toca e Thomas diz que vai atender. Andando preguiçosamente até a sala, assim que abre a porta, seu rosto empalidece.

- O que eu te fiz, Thomas?

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Do Outro Lado| [ reescrevendo ]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora