14. Uma breve caminhada

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''É como se você estivesse tentando chegar de pressa ao paraíso.''

- It's har to get around the wind ( Alex Turner)

_*_

- Está escondendo algo de mim, meu rapaz? – Katherine perguntou, enquanto pulava de pedra em pedra para evitar pisar na lamaceira.

- Não vou mentir para você. Estou, por que você ainda não me perguntou nada  – ele disse zombeteiro,

Katherine deu uma gargalhada gostosa aos ouvidos de Thomas e pôs-se a dizer:

- Meu caro, eu tenho um turbilhão. Posso fazer as honras?

- Com toda a certeza.

- Que lugar é esse?

- Mariland.

- Vai ser sempre tão direto assim? – ela perguntou erguendo as sobrancelhas.

- Na maioria, talvez – ele riu.

- Hum... Deixe-me ver... Por que eu estou aqui?

- Como você é curiosa, minha jovem!

- Ora, não ouse não responder essa!

- Tudo bem. Você está aqui por que a sua mãe lhe queria, só que na verdade não era a sua mãe e sim a sua irmã. Ela é sua inimiga.

- Minha irmã é minha inimiga? Quem é minha irmã?

- Elizabeth Vanosky. É uma longa história Kate... Eu estou cansado.

- Tudo bem. Mas quero as respostas amanhã.

Thomas riu do aproveitamento de Katherine. Apesar de sentir falta de seu jeito de ser antigo, ele estava gostando da menina mais ousada. Era como se ela estivesse mais livre, mais solta.

- Está rindo do quê? – ela pôs as mãos sobre a cintura fina e tudo o que veio a mente de Thomas era sentir o seu beijo e poder tocá-la. Claro, ele precisava de tempo e obviamente do espelho.

- De nada... – ele enrubesceu, pois sentira as faces levemente coradas.

- Você está vermelho! – Kate apontou e riu.

- Não estou! – ele disse de volta, tentando com falha, esconder a ruborização.

- Está sim! Não minta para mim, Thommy!

*

- Esse é o meu ursinho.

- Belo urso, Kate!

- Obrigada, Thommy.

*

- Realidade chamando, Thomas! – Kate disse sorrindo e acenando suas mãos agitadas no rosto de Thomas.

- Está com você! – Thomas gritou e Katherine correu.

Ambos pareciam crianças a beira de um infinito, como se seus ombros não pesassem sobre eles mesmos, a liberdade clara e vívida. A liberdade sentida. Kate corria como se quisesse alcançar os algodões doces do céu colorido. Thomas corria atrás de Kate como se ela fosse seu objetivo inalcançável, ou até mesmo alcançável, dependendo do ponto de vista. A vista bela e incansável de corpo da garota tão próximo ao seu, mas ao mesmo tempo distante. Ora, como ele queria beijá-la!

Sem que fosse possível evitar, Thomas cai em cima de Kate e para que a mesma não se machucasse, ele rodopiou e ela acabou em seus braços. Como ele tanto desejara.

O tempo parecia ter parado. Era como se um milhão de horas estivesse travado no sorriso que Kate tratou de dar junto com a complacência em seu olhar doce. A poeira baixa por conta da caída dos dois na areia, os rostos sujos, marcados, mas ainda sim quase colados.

Só restava-lhe a coragem.

Embasbacados, Thomas decidiu tomar a coragem e fez algo que se arrependeria ao anoitecer, mas era o certo. Levantou Katherine de uma maneira delicada, como se ela fosse quebrável. Ele sempre obteve essa maneira cuidadosa de ser, claro, ele cuidou de sua mãe quando estava com a saúde precária.

Para ele, Katherine era um poema não lido.

Um poema não lido, mas que valesse a pena ler. Um poema intocável, belo e singelo. Um poema, talvez, indecifrável.

- Por que me olhas tanto? – ela perguntou inocentemente.

- Estou apenas admirando-a.

Katherine soltou um riso abafado. Logo, pingos azuis de chuva estavam caindo sobre eles. Ela sorriu e seus cabelos loiros já estavam adotando um aspecto azulado. O corpo de Thomas cobertos por gotas azuis, como as lágrimas de Kate. Claramente como as dela.

- Parecem suas lagrimas.

- De tristeza? – ela perguntou.

- Não. Alegria.

Kate reparou nos olhos de Thomas. Aquele imenso oceano azul clamando por ela. Kate não era idiota, podia sentir o peso do sentimento do seu novo amigo. Ela queria muito poder se lembrar dele. Havia sim, uma pitada de tristeza em seu oceano, era como se uma espécie de vazio.

- Vamos para casa? – ele perguntou, reconsiderando os minutos de timidez de Katherine.

- Claro. – Katherine respondeu sem olhar em seus olhos.

Thomas enlaçou seu braço no pescoço de Kate e assim seguiram até a casa.

- Obrigada Thomas. Mesmo eu não sabendo quem é você e tu mesmo sabendo sobre a minha memória falhada, estás aqui comigo.

- Eu disse que sempre estarei com você.

- Eu queria tanto, mas tanto lembrar.

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Hoje estou sendo boazinha <3 postei dois capítulos em um dia só haha <3 Só para ter um momento Thomas e Kate :3 no próximo capítulo vai ter muitas emoções hahaha

Do Outro Lado| [ reescrevendo ]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora